No domingo, 23 de agosto, às 10h30 da manhã, vários esquadrões de policiais invadiram a ocupação Libertatia, em Tessalônica. Mais precisamente, durante o reparo do telhado do prédio que havia sido queimado por fascistas, os policiais quebraram o cadeado da porta e invadiram o squat, prendendo 12 pessoas que lá estavam. Depois disso, por mais uma vez, eles roubaram diversas ferramentas de construção e outros materiais necessários para a reconstrução do telhado, como fizeram no mês passado, quando deram uma batida junto aos assistentes do Eforato de Monumentos Modernos e levaram parte do equipamento do projeto de reconstrução da ocupa. Logo após a batida, camaradas que estavam se reunindo fora do prédio entraram e reocuparam o local. Além das 12 pessoas presas, os policiais detiveram mais dois camaradas que estavam do lado de fora e os libertaram algumas horas depois. Os companheiros presos perderam o dia todo tanto no Departamento de Polícia de Toumba quanto na Polícia Geral de Tessalônica, onde foram liberados tarde da noite. As acusações aos camaradas foram as seguintes: trabalho ilegal, dano a monumento de significado cultural e desobediência. É também importante mencionar a repugnante tentativa da polícia e de alguns meios de comunicação de conectar a prisão acidental de uma mulher por posse de drogas com os 12 companheiros presos.
Esta foi a terceira operação em menos de um ano, que tem como objetivo interromper o projeto de reconstrução da ocupa Libertatia. Todos estes ataques mostram que o Estado continua a mirar as estruturas do movimento, assim como a cooperação de sempre entre o Estado e os grupos paramilitares fascistas contra o movimento libertário. Ao mesmo tempo em que o mecanismo estatal apóia aqueles que queimaram Libertatia, ele libera seus fantoches para prender os camaradas que escolheram, desde o início, defender politicamente o squat e reconstruir o prédio queimado. Quanto às acusações por “danificar um monumento histórico” – contra pessoas que se comprometeram com sua conservação e reparo (antes e depois do incêndio criminoso) – só podem consistir numa tentativa surreal e malsucedida de inverter a realidade sobre quem é o real destruidor. Além disso, o papel do Eforato de Monumentos Modernos como representante legal das acusações acima, com seu repentino interesse, só pode ser caracterizado como ridículo. Está mais do que óbvio quem está realmente interessado em salvar o prédio. Para os que ainda estão se perguntando, deixe-nos perguntar retoricamente onde estava o Eforato quando a assim chamada “joia da rua Stratou” foi completamente abandonada e arruinada por anos. Onde eles estavam quando grupos fascistas tocaram fogo no prédio todo? Para concluir, é óbvio para quais interesses serve o Eforato, quem eles protegem e contra quem estão. No caso de Libertatia, as coisas são bem simples e claras. Todos estes fatos – que a vizinhança da Libertatia testemunhou nos últimos dois anos e meio – estão agora claros por todos os cantos da Grécia. Mais uma vez os vizinhos nos mostraram sua solidariedade de diversas formas, vaiando as forças policiais durante a batida, nos informando sobre a presença da polícia e nos apoiando moralmente.
Este ataque particular contra a ocupação Libertatia não pode ser dissociado de ações repressivas anteriores e despejos de squats, cujo exemplo mais recente é o da ocupa Terra Incognita.
Durante uma condição social tensa, em que as vidas das pessoas estão cada vez mais desvalorizadas e empobrecidas, e a gestão da pandemia de Covid-19 põe em risco milhares de pessoas, o Estado decide golpear e intensificar a repressão visando enfraquecer o movimento revolucionário. Temendo o levante social e a indignação generalizada do povo, o Estado tenta destruir toda resistência, alvejando novamente o movimento anarquista e suas estruturas como espaços de resistência contra o Estado e o Capitalismo. Sob tal condição que o movimento revolucionário deve responder ativamente, defendendo suas estruturas, sua presença política e sua história de luta social. O projeto de reconstrução de Libertatia é um objetivo para todo o movimento de ocupações. A vitória nessa luta será nossa resposta contra os ataques estatais e fascistas às nossas estruturas.
A reconstrução do squat Libertatia não é somente uma questão que diz respeito a si mesma. Pelo contrário, ela tem a ver com todo o movimento antifascista, anarquista e revolucionário. Isso é sobre a defesa abrangente das ocupas, pois todo o projeto de reconstrução envia uma poderosa mensagem contra a repressão do Estado e a violência fascista, além de estabelecer um poderoso simbolismo durante uma condição repressiva generalizada. Nossa presença política na ocupação já foi assegurada algumas semanas após o ataque incendiário. Libertatia sobreviverá e continuará a existir como já o faz, organizando muitas manifestações, discussões políticas, projeções de filmes etc. O ponto central é a conclusão do projeto de reconstrução por meios revolucionários, a fim de destacar tanto a responsabilidade política da repressão do Estado quanto a defesa política dos espaços revolucionários ocupados. O Estado vai explorar cada recuo que fizermos. Por isso que temos de nos levantar, resistir, defender nossas estruturas e lutas, nos organizar melhor e ampliar a guerra de classes em curso.
Libertatia
26/08/20
libertatiasquat.blogspot.com
Tradução > Erico Liberatti
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