
O 12 de outubro de 1492, é para a história ocidental um dos marcos que dá início à modernidade com as viagens de expansão em busca de novas terras para a riqueza europeia. A chegada dos colonos a este continente o qual chamaram “América” não só foi o começo da morte e a exploração de cada um dos rincões da ampla natureza que compõe Abya Yala (América), mas também a destruição dos povos que a habitavam. Este fato para nós não é um encontro de dois mundos, é uma invasão, um etnocídio, é a mostra da prepotência histórica do ocidente.
Em busca de recuperar nossa memória histórica e ancestral nos propomos repensar, ressignificar e indagar as formas de vida que existiam (e que ainda existem em alguns territórios) antes da irrupção colonial, é assim como nossos primeiros habitantes buscavam seu destino sob uma dinâmica própria, com seus códigos, suas linguagens, seus modos individuais e coletivos. Definitivamente desde sua própria percepção e desejo. Sob um imaginário coletivo que era o suficientemente diferente como para entendê-lo desde uma visão ocidental, europeia, de ocupação avassaladora.
Foi assim que através de diversos mecanismos de apropriação cultural, política e social tomaram esta região, estas terras, e não só para dominar aqueles habitantes que aqui viviam, mas para dominar tudo, desde sua maneira de comunicar, de aprender, de saber, de pensar e de fazer, quer dizer, uma destruição que pretendeu o desaparecimento de tudo o que não fosse branco, europeu, católico, heterossexual e patriarcal. Ditos mecanismos de apropriação e destruição cultural tão próprios do ocidente, se impuseram a sangue e fogo tão profundamente que hoje, depois de mais de 500 anos, persistem em nossa geografia, nas formas de fazer e entender o que é cultura e em uma psiquê que segue sustentando a colonização, uma colonização de tudo, do corpo, do território, do político, do social, da economia e inclusive do mais pessoal ou íntimo, do subjetivo, do particular e inclusive da imaginação. A história, os relatos e conversações cotidianas revelam o racismo e a não identificação de nossas origens indígenas. Desenvolvemos um colonialismo interno que, longe de querer eliminar e combater, muitos abraçam como baluarte de vida.
A dominação colonial se vê refletida, respaldada e institucionalizada de maneira tácita em todos os Estados Nação que se levantaram no Abya Yala, desde suas origens racistas até nossos dias, é um modelo que nos têm sujeitados a sua jurisdição e a seus requerimentos que não concebem, nem muito menos respeitam a existência autônoma dos povos indígenas que conseguiram sobreviver ao massacre. Agora, como no princípio, assim como nossos irmãos indígenas devemos recordar esta data, não como o mal chamado “encontro de dois mundos” mas para recordar que outro mundo sim foi possível, e que devemos recuperar, recuperar a comunidade com a terra, a água, o ar, o alimento, uma forma de compreender, sentir e pensar o entorno que habitamos desde o respeito e o amor. Por tudo, insistimos, em que não foi um encontro de dois mundos, foi um massacre capitalista-racista-patriarcal que nos impôs tudo o que somos hoje, pelo qual entendemos a emancipação com a destruição de toda institucionalidade que sustenta esta engrenagem colonial. Outro mundo é possível, sim. Mas feito desde nós, desde nossa própria concepção do mundo, resgatando o que há séculos já nos vem ensinando os povos originários de Abya Yala e que a colonização interrompeu.
Recuperar, viver, fazer e construir.
Grupo Antirracista Santiago
12 de outubro de 2020
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Triste despedida
Que fazer com esta carta?
Outro origami?
Chico Pascoal
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?