Por Roman Broszkowski | 14/10/2020
Anarquistas, admiradores e entes queridos reuniram-se no Zuccotti Park sexta-feira (09/10) à tarde para homenagear o erudito anarquista David Graeber que faleceu no mês passado aos 59 anos de idade.
Às vezes estranho e turbulento, o memorial ficou com um ar de carnaval e produção teatral ao ar livre, com participantes vestindo disfarces e cantando canções anticapitalistas. O evento foi um dos mais de 220 encontros simultâneos realizados em todo o mundo e organizados por aqueles que conheciam Graeber.
Desde o norte da Síria a Nova York, estes eventos tiveram como objetivo celebrar o espírito de Graeber, as suas abordagens teóricas à organização e as suas contribuições para o anarquismo, disseram os e as organizadoras.
“O David nunca gostou de longas procissões tristes”, disse Marisa Holmes, uma das organizadoras do evento. “Ele gostava do carnaval e das interações entre as pessoas.”
Eric Laursen, um amigo de longa data e colaborador de escrita de Graeber, concordou.
“O David adorava a ideia de carnaval e de transformar a ação em alegria”, disse Laursen. “Ele queria encontrar soluções alegres para o capitalismo.”
Esta filosofia de diversão esteve em exibição total durante as duas horas do memorial. Além dos disfarces, houve várias performances musicais — muitas vezes com letras inspiradas no anarquismo. Um casal cantou covers do Pete Seeger enquanto o “pregador cômico” Reverend Billy (enfeitado com um terno rosa neon) and the Stop Shopping Choir liderou umas cantigas em grupo. Outro grupo tentou realizar uma pequena peça promovendo teorias de conspiração relacionadas com vacinas, mas foram vaiados e cortados. No entanto, até esse momento de tensão pareceu alinhado com o legado maior de Graeber, disseram alguns que o conheciam.
“O que é um encontro anarquista sem alguma oposição”, disse Alice Volfson cuja família conhecia Graeber.
Graeber nasceu e cresceu em Nova York e viveu por grande parte de sua vida numa cooperativa de habitação construída por um sindicato em Chelsea. Foi ativo na Rede de Ação Direta de Nova York no início dos anos 2000 até ser expurgado da sua posição em Yale pela sua política radical e assumir um cargo acadêmico na Inglaterra há cerca de uma década.
O seu best-seller Dívida: os Primeiros 5.000 Anos fizeram dele uma estrela intelectual. Submergindo todas as festividades do dia estavam as memórias do próprio Graeber e dos dias de Occupy Wall Street no Zuccotti Park. Para muitos presentes, Graeber foi um organizador fundador do movimento Occupy que criou um acampamento no Zuccotti Park em setembro de 2011. Foi a sua ligação com essa história que os trouxe numa tarde nublada de outono.
“As minhas primeiras lembranças de ir a um protesto são de visitar Occupy Wall Street com a minha mãe”, disse Volfson. “Ele será uma parte influente de qualquer revolução futura e radicalizará as pessoas por muito tempo depois.”
Embora o evento tenha sido organizado por pessoas próximas de Graeber, a multidão era uma mistura eclética de fãs, ex-camaradas e compas do Occupy. Tributos e homenagens eram tão variadas quanto os e as participantes.
Alguns como o Reverendo Billy refletiram sobre como Graeber inspirou as suas próprias ações.
“David era um santo na Church of Stop Shopping”, disse o reverendo enquanto observava as contribuições de Graeber para a filosofia de The Church of Stop Shopping. “Canonizamos-lo no ano passado.”
Outros descreveram Graeber em termos do seu trabalho no Occupy Wall Street.
“O trabalho acadêmico de David acabou com a vergonha da dívida estudantil”, disse Harrison ‘Tesoura’ Shultz. “Foi uma honra conhecê-lo e lutar ao lado dele no Occupy.”
Mas para aqueles que conheciam Graeber melhor, os seus tributos foram profundamente pessoais.
Lisa Fithian, amiga de longa data de Graeber, disse simplesmente.
“Eu era uma garota de rua e o David era um garoto de rua”, disse ela. “Ele mantinha sempre um pé nas ruas.”
Tradução > Ananás
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pinga torneira
tic tac do relógio
luz com poeira
Carlos Seabra
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!