Por María Torres | 30/09/2020
Antonio Téllez nasceu em 1921 em Tarragona e era um rapaz de treze anos quando viveu em primeira pessoa a revolução asturiana de 1934. A transferência de seu pai, ferroviário de profissão, a Soto del Rey, localidade próxima a Oviedo, o fez entrar em contato com o comunismo libertário e deixou em sua retina uma marca indelével que sem dúvida o animou em julho de 1936 a filiar-se, com tão somente quinze anos, às Juventudes Libertárias.
Naquela ocasião uma nova transferência de seu pai fez com que se encontrasse em Lérida quando ocorreu o golpe de estado contra a República. Trabalha como aprendiz de carpinteiro. Tenta integrar-se na coluna de “Los Aguiluchos” mas é rechaçado por sua idade. Em janeiro de 1939 é convocado e permanece pouco tempo no Exército Popular da República, já que em 10 de fevereiro de 1939 cruza a fronteira francesa junto a milhares de lutadores antifranquistas e é preso em Prats de Molló.
Após um ano internado no campo de concentração de Septfonds, o contratam para trabalhar em uma fábrica de pólvora nos Altos Pirineus. Abandona o trabalho quando a França assina o armistício. Dois meses depois é detido e conduzido ao Campo de Argelès sur Mer. Enrolado em uma companhia militarizada de trabalhadores estrangeiros, os contínuos atritos com o mando da companhia o conduzem a trabalhar em uma mina de antimônio em Le Collet de Dèze, posto no qual só permanece um mês e meio. A direção da mina o denuncia ante os alemães por indisciplina, pelo que acaba construindo fortificações para os nazis na costa.
Durante meses aparece e desaparece em diversos destinos até que se incorpora a um grupo de guerrilheiros espanhóis, combatendo na liberação do sudoeste francês com a IX Brigada das FFI e participando diretamente na liberação de Rodez.
Em 15 de outubro de 1944, cruza a fronteira espanhola junto com oito homens em uma missão de reconhecimento prévio à operação “Reconquista de Espanha”, incursão guerrilheira realizada no Valle de Arán e uma das primeiras ações do maquis contra o regime de Franco. Ante o fracasso da invasão e desavenças com a UNE, abandona a unidade guerrilheira. O Estado-Maior da UNE abre contra ele um conselho de guerra por deserção.
Regressa à França e se instala em Tolousse. Lhe encomendam a missão de recuperar o armamento da II Guerra Mundial que se encontra disperso pela França e que seria utilizado na luta contra o regime franquista. Também tenta iniciar um processo de coordenação e de apoio exterior a todos os grupos guerrilheiros dispersos nos montes de Andaluzia, Galícia, Extremadura e Astúrias, sem êxito.
No final de 1946 abandona Tolousse e se estabelece em Paris, onde começa a trabalhar como jornalista da Agência France-Presse e a partir de 1954 a resgatar do esquecimento os integrantes da guerrilha antifranquista, em especial da guerrilha urbana e da guerrilha galega. Escreve as biografias de resistentes que nunca se deram por vencidos, que lutaram e morreram em defesa de um ideal de liberdade, como Quico Sabaté, Facerías e Francisco Ponzán, aos quais o unia a amizade e a luta.
Escreveu a história de homens ignorados aos quais durante anos se perseguiu para exterminá-los. E quando as forças repressivas conseguiram aniquilar a guerrilha, seguiram desprestigiando-a e esmagando qualquer pequeno ressurgimento que pudesse restar dela. Seus componentes foram tachados de bandoleiros, assassinos, facínoras e terroristas, segundo o jargão franquista.
Antonio Téllez através de seus textos, tentou amenizar o injustificado desprestígio cometido contra uns homens que não quiseram baixar a cabeça, e aos quais posteriormente a Lei da Memória Histórica também lhes deu as costas. Quis contar sua tragédia repleta de incompreensão, abandono, esquecimento e desprezo. Quis contar a história de uns homens que estarão ausentes em muitas das histórias que ainda ficam por escrever.
Seus livros “La guerrilla urbana: Facerías”, “Sabaté. Guerrilla Urbana en España (1945-1960)”, “La red de evasión del grupo Ponzán. Anarquistas en la guerra secreta contra el franquismo y el nazismo (1936-1944)”, “Historia de un atentado aéreo contra el general Franco”, “Apuntes sobre Antonio García Lamolla e otros andares”, “El MIL e Puig Antich”, foram traduzidos e editados na França, Alemanha, Itália, Grã Bretanha e Grécia.
Em 1961 abandona definitivamente a militância ativa no seio do Movimento Libertário.
Antonio Téllez Solá, militante anarquista, historiador, jornalista, um dos últimos sobreviventes da resistência anarquista que lutou para derrubar a ditadura de Franco, foi durante anos um apátrida. Até julho de 1978 não recuperou a nacionalidade espanhola. Faleceu em Perpiñán aos 84 anos de idade, em 26 de março de 2005, pensando, assim como Errico Malasteta que “não é violento o que recorre à arma homicida contra o usurpador armado que atenta contra a sua vida, sua liberdade, o seu pão; o assassino é o que põe a outros na terrível necessidade de matar ou morrer”.
Fonte: https://nuevarevolucion.es/antonio-tellez-sola-memoria-del-anarquismo/
Tradução > Sol de Abril
Balde d’água
subindo pelo poço.
Dentro uma perereca!
Sonia Mori
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!