A maioria morreu em acidentes de trabalho no Catar relacionados com a construção de infraestruturas. A organização só reconhece 37 mortes.
Mais de 6.500 trabalhadores imigrantes perderam a vida no Catar desde 2010, quando o país foi designado como sede do mundial de futebol de 2022 e pôs em marcha a construção de grandes infraestruturas para o evento, segundo revela nesta terça-feira o diário britânico The Guardian.
Cidadãos do Nepal, Sri Lanka, Índia, Paquistão e Bangladesh viajam ao emirado para trabalhar na construção de estádios para sediar os jogos, mas também de hotéis, aeroportos ou linhas de transporte.
As cifras foram conseguidas através dos registros que estes cinco países realizam, mas fora da equação ficam os últimos meses de 2020 e o que passou de 2021, assim como os trabalhadores de outras nacionalidades que também são muito numerosos, como os quenianos ou filipinos, portanto a cifra é maior.
A Índia é o país que registrou o maior número de falecidos com 2.711, seguida pelo Nepal (1.641), Bangladesh (1.018), Paquistão (824) e Sri Lanka (557).
Os autores esclarecem que é impossível saber quantos destes acidentes de trabalho aconteceram em obras realizadas pela própria organização, que unicamente reconhece 37 falecimentos, dos quais 34 “não estariam relacionados com o trabalho”, uma cifra que os especialistas não consideram que se ajuste à realidade.
“É provável que muitos trabalhadores tenham morrido nestes projetos de infraestrutura para a Copa do Mundo, assinalou no The Guardian o diretor de Fair Square Projects, Nick McGeehan. McGeehan lidera uma organização de advogados especialistas em direitos trabalhistas nos países do Golfo Pérsico e destacou que “uma proporção muito significativa” dos falecidos foram unicamente por causa das obras do Mundial.
Catar conta com mais de dois milhões de imigrantes trabalhando no país. Segundo estes cálculos, 12 deles morreram a cada semana. A maioria é catalogadas como “mortes naturais”, motivadas por deficiências cardíacas ou respiratórios, e sem realizar autópsias no cadáver, ainda que também se registraram suicídios ou mortes por acidente de tráfego.
Uma das causas de uma parte das mortes seriam as elevadas temperaturas do país.
O Governo do Catar se desculpou ante The Guardian em um comunicado no qual asseguram que o número de mortes “é proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante” e que nas cifras se incluem trabalhadores que morrem por causas naturais depois de viver muitos anos no emirado. “No entanto, toda morte é uma tragédia e não há nenhum empenho em tentar prevenir cada morte em nosso país”, diz o texto do Executivo que também defende que nos últimos anos a mortalidade diminuiu entre este coletivo e que tem acesso à saúde gratuita e de “primeira classe”.
Fonte: agências de notícias
Tradução > Sol de Abril
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