Reinserimos na loja 20 unidades da edição fac-símile de A mulher é uma degenerada, de Maria Lacerda de Moura. Ao comprar, você leva um trabalho exclusivo e de muita dedicação e contribui na manutenção da Tenda de Livros, que é um projeto de produção, edição, circulação e pesquisa em livros e publicações anarquistas. Junto ao livro será enviada uma carta cujo conteúdo traz o processo de construção da edição, seus lançamentos e outros detalhes.
Sobre o livro:
Uma das grandes novidades do pensamento de Maria Lacerda é a crítica à moral sexual de sua época e ao regime de verdades hegemônico com a imposição da identidade mulher, asséptica e higienizada, a afirmação é da professora titular da Unicamp Margareth Rago. “As bandeiras da luta da anarcofeminista Maria Lacerda de Moura só serão retomadas pelo movimento feminista na década de 1970, sem necessariamente alguma referência inicial a ela, já que, apenas nos anos de 1980, passamos a tomar contato com sua história e escritos, ainda hoje de difícil acesso”, explica Rago.
A edição de 2018 de A mulher é uma degenerada possui 320 páginas, que incluem o livro original em fac-símile, textos inéditos de pessoas convidadas, estudo gráfico e intervenção artística. A organização e edição são de Fernanda Grigolin, capa e projeto gráfico de Laura Daviña e comentários de pessoas que estudam e possuem uma relação com a obra de Maria Lacerda, como a já citada Margareth Rago; a pesquisadora especializada na história das mulheres anarquistas na Primeira República e sua relação com o anarcossindicalismo Samanta Colhado Mendes; a anarcofeminista e pesquisadora do Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri, Juliana Santos Alves de Vasconcelos, a historiadora e pesquisadora independente de sexualidade e anarcofeminista Carolina O. Ressurreição e as anarcofeministas Eloisa Torrão e Marina Mayumi.
O conselho editorial é composto por Antonio Carlos Oliveira e Maria de Moraes, e a pesquisa de fontes primárias foi feita no Arquivo Edgard Leuenroth (AEL- IFCH/Unicamp), na Biblioteca Terra Livre, no Centro de Cultura Social e no Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri.
A mulher é uma degenerada é um entre tantos livros e é, seguramente, o mais conhecido de Maria Lacerda de Moura. Desde 1932 não havia notícia de uma nova edição. A última edição em vida da autora foi por ela revisada e inclui cartas enviadas por pessoas que leram o livro. Há impressões de Roquette Pinto e trechos do texto da poeta Gilka Machado, por exemplo. O trecho da carta de Gilka a Maria Lacerda de Moura é particularmente interessante: “quando a miséria nos acirra, é inútil recorrer a uma patrícia: ela não tem noção da caridade (que eu diria, solidariedade), do dever humano e só protege em dias determinados, por meio de chás concertos e requebros de tango; para elas a desgraça sempre é motivo de divertimento”.
Mais alguns trechos do livro:
Quantas grandes almas femininas por este mundo afora, desejam ardentemente o filho não desejando absolutamente o marido!… E essas, justamente, são as chamadas “emancipadas”, as inteligentes, as de caráter, as que se não sujeitam ao jugo do senhor medíocre e presunçoso, muito abaixo delas, entretanto, sujeitar seriam gostosamente ao jugo da maternidade absorvente.
É ao caráter feminino que atacam, é o combate à rebeldia e à superioridade moral, à insubmissão, ao anseio de liberdade e Amor – na mais ampla significação da palavra.
Os homens têm tido por objetivo conservar a irresponsabilidade feminina, a eterna futilidade do sexo, porquanto assim é mais fácil comprá-la com bombons e rendas e leques e pérolas…
As exceções femininas provam que a mulher se faz por si mesma e, para isso, precisa acotovelar os preconceitos e voar o pensamento para além das pequeninas minudências da vida e das futilidades sociais.
Eu não discuto com um homem apenas, com o sr. Bombarda, com Lombroso, ou com Ferri: protesto contra a opinião anti-feminista de que – a mulher nasceu exclusivamente para ser mãe, para o lar, para brincar com o homem, para diverti-lo. O sr. Bombarda foi o pretexto.
A mulher é fisiologicamente diferente do homem – não inferior. Sua inferioridade é apenas econômico-social, inferioridade de preconceito.
A criança e a mulher proletárias são os entes mais prejudicados pelo capitalismo, pelo industrialismo moderno…
Lançado no Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçú e Campinas) e na Argentina (Buenos Aires), o livro foi vendido para pessoas do mundo todo. Muito Obrigada a todas as pessoas que estiveram conosco. Reinserimos 20 unidades na loja como forma de contribuir na manutenção da Tenda de Livros na pandemia.
Distribuição gratuita e anarquismo: 30% da cota foi distribuída gratuitamente para coletivos anarquistas, bibliotecas e grupos anarcofeministas. Apenas para o Centro de Cultura Social foram disponibilizadas 65 unidades na época.
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agência de notícias anarquistas-ana
Noite escura,
chuva fina esconde
a lua cheia.
Fabiano Vidal
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!