[EUA] Duas semanas desde a minha segunda dose…

Recebi minha segunda dose da vacina contra a covid-19 há duas semanas. Moderna.

Depois da primeira dose, me senti um pouco letárgico e dormi um dia inteiro. Depois da segunda dose, só senti o braço dolorido por um tempo. A agulha tinha uns 500 centímetros de comprimento, eu acho. Quando a enfermeira me espetou, a ponta da agulha saiu pra fora pela minha axila. Mas além de ser empalado, não tive nenhum problema.

Peguei covid duas vezes. A primeira foi em fevereiro, antes que o covid chegasse oficialmente aqui. A equipe médica me falou que eu tinha uma intoxicação alimentar.

Intoxicação alimentar… Nos meus pulmões… Suponho que num ambiente penitenciário jogam um monte de coisa na pilha de diagnóstico de intoxicação alimentar.

Peguei covid de novo em janeiro passado. Tive que mudar para o que chamam de “área vermelha”. Eu chamei de “bloco do apocalipse zumbi”. Não era tão ruim. Da primeira vez que peguei o covid, fiquei encalhado na cama por uns quatro dias, só levantava para vomitar. Da segunda vez, tive uma tosse persistente por umas duas semanas. Perdi o paladar e o olfato. Cada semana todos nós no bloco do apocalipse zumbi devíamos fazer o teste nasal. Esses são divertidos. É como se colocassem um cotonete raspando teu cérebro. Eu perdi partes do meu córtex cerebral. Cada vez que fazia o teste, perdia a capacidade de fazer cálculos matemáticos simples por alguns dias.

Recuperei meu paladar e olfato. Isso não é necessariamente algo bom. Imagina, comida de prisão tal como ela é e o sistema de ventilação reciclando peidos envelhecidos.

Aqui, as vacinações começaram no começo de fevereiro, porém eu tive que esperar até a terceira onda de vacinações, pois eu acabava de me recuperar da covid quando as primeiras doses foram disponibilizadas. Mas agora, fecharam o ciclo completo. Eu fui um dos últimos aqui a receber a segunda dose.

Eu sei que tem muita controvérsia ao redor da vacina porque elas foram produzidas de forma acelerada. Provavelmente há preocupações razoáveis e legítimas pelos possíveis efeitos em longo prazo que no momento são impossíveis de conhecer. Mas meu pensamento sobre isso é o seguinte:

Uma vacina é uma vacina. Só tem uma quantidade limitada de maneiras de desenvolver uma vacina. Existe um processo. E no transcurso da vida moderna, nossos cientistas com grandes, grandes cérebros têm desenvolvido centenas, milhares, ou até mesmo milhões de vacinas para coisas tipo Pólio, Varíola e até mesmo a gripe normal que enfrentamos comumente. Nós temos recebido estas vacinas, algumas delas, por mais de meio século. Nenhuma dessas vacinas tem causado esterilização massiva, ou contido chips com computadores nanobot ou enviado rastreadores satânicos que funcionam como um código de barras para os tempos de revelações. Não tenho razões para acreditar que esta vacina será de alguma forma diferente nos seus impactos sanitários em longo prazo das outras vacinas para as outras doenças. Pessoas vacinadas têm ficado grávidas, tecnologia de nanobot é realmente cara e pouco prática, e se Satã fosse realmente assim de ambicioso, Trump teria ganhado um segundo mandato.

Têm uns caras aqui na prisão, uns poucos, que escolheram por não se vacinar. É uma questão de opção pessoal, suponho. Eu duvido da sensatez nessa escolha.

Alguns desses caras me dizem que eles acreditam que esta vacinação massiva de presidiários é para fazer experimentos biológicos em nós. Do que é que se trata esses experimentos, varia de acordo com cada preso. Alguns dizem que os que detêm o poder querem ver como a vacina funciona ou não em nós, obtendo dados de quantos de nós caem mortos. Por enquanto, esse número nesta prisão tem sido de zero, caso que tenha algum cientista secreto rastreando os números.

Outros afirmam que isto é uma extensão de uma longa história de experimentações em corpos negros e de pessoas morenas datando a partir dos experimentos de Tuskegee, quando cientistas do governo isolaram homens negros e infectaram eles com doenças sexualmente transmissíveis só para ver como essas doenças progrediam. Isto incluía infectar esses homens com sífilis, a qual causa danos neurológicos incluindo demência e até mesmo a morte. Os EUA fizeram isso, algo análogo ao que os nazistas fizeram.

E para falar a verdade, isto não é só um passado distante. Eu estive preso junto com um rapaz chamado Dan Starkes em Mansfield, Ohio, nos anos 90. Ele tinha cumprido pena em Michigan, onde ele era pago razoavelmente bem dentro dos padrões presidiários para que fizessem testes farmacêuticos nele. Da última vez que o vi ele estava esquelético e com um olhar vazio, assolado pelo câncer e se questionando se os anos de provas farmacêuticas tinham valido a pena.

Sem dúvidas, somos dispensáveis como prisioneiros e a maioria de nós é preto ou de pele escura e há uma longa história de experimentos desumanizantes em pessoas de cor. Mas mesmo reconhecendo tais práticas, eu devo desconfiar que, se aqueles no poder quisessem experimentar conosco, eles simplesmente colocariam coisas na nossa comida, nos produtos de limpeza ou infiltrando pelo sistema de ventilação.

Quando alguém me fala que não sabe realmente o que é que tem na vacina, eu lhes lembro que não podem identificar o que foi que acabaram de comer no almoço. Nem sabemos se não fomos alimentados de isótopos radioativos no prato principal, com um acompanhamento de Zyklon B. Se tu vai me dizer que não sabe o que tem na vacina, me explica o que é que contém o pacote de salgadinho que estás comendo.

Não estou dizendo que eu confio nos governos ou nas empresas farmacêuticas, eu só creio que eles têm formas mais fáceis e mais práticas de nos matar que não são tão óbvias e não tem o risco extraordinário de se expor e de ter uma repercussão negativa massiva.

E para a pergunta de porque é que estão vacinando os prisioneiros tão cedo na fila. Eu suspeito que não seja porque nos adoram tanto, é porque eles não querem que esta doença fique se espalhando repetidamente dentro deste caldo de cultura que é um complexo correcional para depois vazar de volta para fora. E eles conseguem grandes quantidades de vacinados em pouco tempo, o que fica bom para os políticos. Enfim, isso é o que eu penso.

Depois eu vejo os principais defensores do movimento anti vacina. A maioria deles são conservadores, homens brancos flutuando na órbita da conspiração do Q-anon, acreditando que uns grupos nefastos de pedófilos satânicos estão levando a cabo uma trama secreta para arruinar a América. Quando ouço isso, me convenço de que o sistema de educação público americano é o que arruinou a América, falhando em ensinar estes brancos conservadores a como pensar.

O que quero dizer é, parece que a maioria das teorias anti vacinas está se originando de pessoas que têm um objetivo particular. Para ser intelectualmente honesto, eu devo descartar essas afirmações por serem um monte de insensatez negligente para distrair.

Enfim, se passaram duas semanas desde que recebi minha segunda dose, meu cérebro ainda está funcionando tão ruim como sempre, sem disfunção erétil (caso alguém queira saber). Não tenho sentido uma necessidade de espancar ou morder alguém e o sangue extraído semana passada não mostra mudanças significativas no meu estado de saúde. Sinto-me bastante livre de nanobots, não me arrependo de ter decidido me vacinar.

Este é o prisioneiro anarquista Sean Swain de exílio em Ohio no correcional Buckingham, em Dillwyn, Virginia. Se você está ouvindo, você É a resistência.

Fonte: https://seanswain.noblogs.org/2021/03/two-weeks-since-my-second-dose/

Tradução > Diego Severo

agência de notícias anarquistas-ana

Sem nenhum barulho
Comendo o caule de arroz:
Uma lagarta.

Ransetsu