Por Juliana Sayuri | 10/04/2021
Em 1739, João José registrou um requerimento ao Rei Dom João 5º, de Portugal, reivindicando sua liberdade.
Foi a culminação de uma saga: João José, um homem negro, nascido livre, feito prisioneiro e depois escravizado, àquela altura teria cruzado o Atlântico duas vezes, de Havana (capital da atual Cuba) a São Tomé (maior ilha de São Tomé e Príncipe, na África), do Rio de Janeiro a Londres, até protocolar seu pedido de liberdade em Lisboa.
“Diz João José, homem preto que nascendo livre de pais ingênuos na cidade de Sam Christovão de La Habana Indiaz de Espanha, e servindo nas naus de S. Majestade católica foi aprisionado por hum navio inglês, com os quais navegou alguns tempos, até que indo em outra embarcação arribado a Ilha de S. Tomé conquista deste Reino, fugiu o suplicante […]”, diz um trecho da ação judicial, que está no Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal.
“Ingênuos” era a expressão da época para se referir a filhos de escravos que nasceram livres. João José era filhos de pais livres, mas pobres em Havana, principal porto dos colonizadores espanhóis no século 18. Trabalhava como subalterno nas naus do porto, até que foi aprisionado por um navio inglês em alto mar, segundo o documento. Teria trabalhado na nova embarcação por um tempo até aportar na ilha de São Tomé, colônia portuguesa na costa africana.
Lá, José conseguiu fugir, mas, quando foi encontrado pelos portugueses não portava nenhum documento que atestasse sua liberdade (o que era exigido a pessoas negras na época), o que o levou a ser preso novamente. Após passar meses na prisão, ele foi vendido como escravo ao vigário-geral Manoel Luiz Coelho, um posto que é indicado pelo bispo.
Tempos depois, Coelho alforriou José (o que não era incomum de religiosos católicos portugueses) e o levou consigo para o Rio de Janeiro.
José era um homem livre de novo.
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-56205439
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sobre os vidros
traços de nariz e dedos
olham ainda a chuva
André Duhaime
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!