Lucy Eldine Gonzalez Parsons (1853-1942) nascida como escravizada em 1853 no sul dos EUA, filha de uma negra mexicana e pai indígena do povo Creek, foi uma destacada sindicalista revolucionária, tendo participado da revolta de Haymarket de 1886 em Chicago, que deu origem ao 1º de Maio, e da fundação da IWW (Industrial Workers of the World). Casada com o anarquista Albert Parsons, um dos mártires de Chicago. Militante incansável, oradora habilidosa e escritora apaixonada, Lucy Parsons dedicou mais de sessenta anos da sua vida à organização da classe trabalhadora, dos oprimidos e à luta revolucionária contra a exploração capitalista e a supremacia branca. Texto publicado originalmente em The Kansas City Journal, 21 de dezembro, 1886, com o título “Eu sou uma anarquista”.
Eu sou uma anarquista. Suponho que vocês tenham vindo aqui, a maioria de vocês, para ver como é uma anarquista de verdade ao vivo. Suponho que alguns de vocês esperavam me ver com uma bomba em uma das mãos e uma tocha em chamas na outra, mas estão desapontados por não ver nem uma coisa nem outra. Se tais têm sido suas ideias sobre anarquistas, vocês mereceram estar desapontados. Anarquistas são pessoas pacíficas, cumpridoras da lei. O que anarquistas querem dizer quando falam em anarquia? Webster [1] dá ao termo duas definições: caos e o estado de existir sem norma política. Nós nos atemos à última definição. Nossos inimigos sustentam que acreditamos apenas na primeira.
Você se pergunta por que existem anarquistas neste país, nesta grande terra da liberdade, como vocês amam chamá-la? Vá a Nova York. Ande pelas vielas e becos dessa grande cidade. Conte as miríades [2] famintas; conte os ainda mais numerosos milhares que estão sem teto; numere aqueles que trabalham mais duro do que escravos e vivem com menos e têm menos conforto que o escravo mais humilde. Você ficará perplexo com suas descobertas, você que não prestou nenhuma atenção a esses pobres, salvo como objetos de caridade e comiseração. Eles não são objetos de caridade, eles são vítimas da injustiça de classe que permeia o sistema de governo, e da política econômica que domina do Atlântico ao Pacífico. Sua opressão, a miséria que ela causa, a desgraça a qual dá origem, são encontradas em maior extensão em Nova York do que em qualquer outro lugar. Em Nova York, onde não muitos dias atrás dois governos se uniram para desvelar uma estátua da liberdade, onde uma centena de bandas tocou aquele hino de liberdade, ‘A Marselhesa’ [3]. Mas praticamente a mesma situação é encontrada entre os mineiros do Oeste, que vivem na miséria e vestem trapos, para que os capitalistas, que controlam a terra que deveria ser livre para todos, possam adicionar ainda mais aos seus milhões! Ah, existem muitas razões para a existência de anarquistas.
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agência de notícias anarquistas-ana
Noite de silêncio
Uma moça na janela
Contempla a neblina
Tânia Souza
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!