Como a extrema-direita se infiltrou na comunidade gamer e por que esse ambiente é terreno fértil para Bolsonaro

Fóruns, comunidades e plataformas de streaming no Brasil viram território para disseminação de ideias alinhadas com a pauta de Bolsonaro

Por Henrique Araújo | 13/05/2021

Reparem no barbudão ao lado do cara com chifres e rosto pintado nas fotos da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro deste ano, nos Estados Unidos. Veste camisa de mangas longas que deixam as mãos e parte dos pulsos à mostra. Tem os dorsos tatuados: no esquerdo, um símbolo se sobressai. A imprensa chegou a confundi-lo com o signo da luta antifascismo ou uma foice e martelo estilizados, remetendo ao comunismo, mas estava enganada.

Era a “marca do Estranho”, carregada pelo personagem Corvo Attano, do jogo “Dishonored”. Lançado em 2012 para PS3 e depois remasterizado para PS4, o game apresenta um enredo de vingança e conspiração. Nele, Attano é auxiliado por uma força obscura chamada de “Estranho” (cujos adeptos carregam seu emblema na mão, tal como o invasor do Congresso nos EUA) na missão de derrotar uma conspirata que o acusou falsamente de uma série de crimes, entre eles o de assassinato.

O jogo foi bem-sucedido por sua narrativa concentrada na ideia de que um homem tem de desmascarar um sistema oficial, desmontando-o peça por peça, numa cruzada pessoal, mas também coletiva – uma espécie de Neo, o protagonista de “Matrix”, só que em outro contexto. Não por acaso, tanto Corvo Attano quanto o hacker do filme de 1999 das irmãs Wachowski caíram no gosto dos conspiracionistas contemporâneos e inspiraram caracterizações, como referências à pílula vermelha.

Naquele dia, 6 de janeiro, o cara barbudo e o chifrudo eram parte do grupo que, encorajado por Donald Trump, vandalizou o Legislativo dos EUA, deixando cinco mortos e interrompendo a sessão parlamentar que formalizaria a eleição de Joe Biden como novo inquilino da Casa Branca.

O ato criminoso foi transmitido ao vivo a partir da plataforma de streaming DLive, voltada principalmente para jogos de videogame e discussões de tópicos sobre o tema, mas muito frequentada pela alt-right àquela altura unicamente por falta de opções – eles já tinham sido banidos do YouTube e da Twitch, a ferramenta da Amazon.

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