Uma missão arqueológica realizada em Ciudad Real tem como objetivo não só recuperar o passado, mas também trazer um pouco de dignidade e justiça a quem já tanto sofreu. Ao invés, porém, de escavar rumo à pré-história, a expedição pretende recuperar os restos mortais de 26 pessoas executadas durante parte do sangrento período da Guerra Civil Espanhola, entre 1939 e 1940. O propósito das escavações no cemitério civil de Almagro é encontrar, exumar e identificar os remanescentes dessas vítimas para oferecer às famílias o direito à despedida – e ao sepultamento.
A missão é tocada por antropólogos da Universidade Complutense de Madrid (UCM) junto a arqueólogos ingleses da Universidade de Cranfield, como parte do projeto Mapas da Memória, que nos últimos dez anos identificou 3.457 vítimas do exército nacionalista, liderado pelo general Francisco Franco – cerca de metade das mais de 7 mil vítimas recuperadas na Espanha desde o ano 2000. Segundo a equipe, a escavação Almagro é especialmente complexa, e se dará numa parte do cemitério fechada há décadas – onde 21 ossadas já foram encontrados com marcas de ferimento de bala na cabeça.
As escavações provavelmente seguirão até meados de junho, quando a missão iniciará a fase de análise de DNA, mapeamento das circunstâncias das mortes, comparação com amostras para, enfim, identificar cada vítima. Uma vez confirmada uma identidade, as famílias então são acionadas – caso a identidade não seja confirmada, os restos mortais voltarão ao cemitério. “Como profissionais da antropologia forense, temos a responsabilidade de colocar a nossa ciência ao serviço dos familiares que procuram seus entes queridos por tanto tempo”, afirmou Maria Benito Sanchez, diretora da equipe forense da missão.
Uma das mais violentas batalhas do século XX, a Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre republicanos e nacionalistas em disputa pelo controle do país, e se tornou um dos grandes desastres do período. O conflito se deu entre 1936 e 1939, quando os nacionalistas tomaram o poder – de onde não saíram até a morte de Franco, em 1975, em uma das mais sanguinárias ditaduras da época. Os dados oficiais afirmam que 500 mil pessoas morreram durante a guerra, mas estimativas mais recentes sugerem números muito mais elevados.
Fonte: agências de notícias
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agência de notícias anarquistas-ana
sem um novo dia
nem o cotidiano
existiria
Jandira Mingarelli
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!