[Chile] A Batata Quente Muda de Mãos

Mas o Que a Vitória Eleitoral da Esquerda Significa Para os Movimentos Autônomos?

No fim de semana de 15 a 16 de maio de 2021, eleitores de todo o Chile escolheram delegados para participar da convenção que redigirá uma nova constituição para o país. A direita foi derrotada nessas eleições, mas nenhum partido institucional de esquerda obteve a maioria. A mídia corporativa está anunciando isso como uma vitória para a política “independente” – mas o que isso significará para os movimentos autônomos que deram impulso aos políticos de esquerda em primeiro lugar? Na análise a seguir, nosso correspondente no Chile explora a tensão irreconciliável entre a política de representação e a política de ação direta.

A vitória eleitoral da esquerda não institucional no Chile é o mais recente desdobramento de uma história que se arrasta há anos, desde a “Maré Rosa” que levou políticos de esquerda como Luiz Inácio Lula da Silva ao poder no Brasil até a vitória do Syriza na Grécia seguindo os movimentos de 2011. Em cada um desses casos, os fracassos da política de direita e de centro abriram caminho para essas vitórias eleitorais. Mas os partidos de esquerda têm tido dificuldade em cumprir suas promessas e ainda mais políticos de extrema direita os sucederam – Bolsonaro no Brasil, Nova Democracia na Grécia. Como os movimentos sociais horizontais podem navegar a situação decorrente das vitórias eleitorais de esquerda, de forma a garantir que suas perspectivas não estejam vinculadas ao destino dos partidos políticos e dos governos?

O Chile tem um histórico de ação direta antigovernamental de direita, o que complica ainda mais as coisas. Em uma época em que o poder do Estado é como uma batata quente que pode queimar quem o detém, mesmo nos momentos em que parece que a ordem governante foi derrotada, devemos olhar para o futuro e nos preparar para a próxima rodada.

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Ao longo da estrada:
“A próxima descida trará
Mais quaresmeiras em flor!”

Paulo Franchetti