Face a uma presença crescente das tropas italianas na África não basta tomar uma posição, é necessário relançar a iniciativa antimilitarista, lutando pela retirada de todas as missões de guerra.
O governo decidiu recentemente lançar duas novas missões, uma na Somália e outra no Estreito de Hormuz, onde as tensões com o Irã e a China são muito altas. Outras 38 missões foram confirmadas, incluindo 17 no continente africano. Estas missões visam principalmente manter o controle de áreas para a extração e passagem de recursos estratégicos, bem como de áreas-chave dos movimentos migratórios. Tropas de ocupação na Líbia, bem como navios no Golfo da Guiné, defendem os locais de extração e a infraestrutura da ENI. No Sahel, onde a França está lutando em uma situação de guerra real, o estado italiano envia tanques, helicópteros e soldados com a Operação Takuba, enquanto no Níger uma base militar italiana está entrando em operação.
A dimensão do militarismo italiano, embora dependente do poder dos EUA e da estrutura da União Europeia, não deve ser subestimada. Tanto porque o esquema de alianças não é mais rigidamente estável como era há vinte anos, quanto porque o setor militar-industrial é o único setor que o governo italiano continua a apoiar. Este setor foi, de fato, transformado em um dos principais motores da economia nacional. É necessário, portanto, reativar a iniciativa contra as políticas militaristas e imperialistas do Estado italiano.
Enquanto anunciava durante anos a retirada do Iraque e do Afeganistão, o Estado italiano direciona sua projeção militar também para a África, despertando uma velha nostalgia colonial nunca erradicada. Novas missões de guerra para a “defesa dos interesses nacionais”, como agora é dito até mesmo na propaganda oficial e em atos institucionais. As missões militares não se justificam mais sequer com a fórmula hipócrita de “guerra humanitária” ou “pela democracia”, mesmo manto do direito internacional que permitiu chamar uma guerra de “intervenção de paz” caiu. O caráter neocolonial e imperialista dessas missões está diante dos olhos de todos.
Há vinte anos começou a invasão do Afeganistão, começou a “guerra ao terror”. Vinte anos de massacres, destruição e opressão para as populações locais. Mesmo diante do fracasso militar, os bolsos de uns poucos poderosos continuaram a se encher de bilhões, enquanto na Itália, como nos outros países da coalizão, para pagar o custo da guerra em termos de empobrecimento, repressão, militarização, restrição de liberdade e direitos era a classe trabalhadora, a população explorada e marginalizada.
Porque a guerra também está em casa, com a operação “estradas seguras” e com os militares que intervêm contra os grevistas, ou para reprimir os tumultos nas prisões, ou em Val di Susa contra o movimento No Tav. A guerra está aqui, com a militarização, as servidões militares e os polígonos. Com a produção da guerra, o tráfico de material militar perigoso nos portos, as grandes feiras de armas onde são vendidos os mais avançados instrumentos de morte. A guerra nos toca de perto com radares, aeroportos, bases militares, que destroem os territórios em que estão localizados, envenenando as pessoas que ali vivem. É aqui que começam as guerras. Nossas vidas são tocadas pela guerra, porque para alimentar o exército e a indústria de armas, os serviços essenciais são cortados, milhões de pessoas são excluídas do acesso à assistência médica, do acesso à educação, da possibilidade de viver em moradias adequadas. Nas ruas das cidades, a guerra é contra a população migrante e contra todos os explorados. A guerra pode ser vista na propaganda nacionalista e racista, no militarismo, na estrutura patriarcal, hierárquica e classista que governa nossa sociedade.
É hora de retomar uma ampla e abrangente intervenção antimilitarista. Contra toda guerra. Para a retirada das tropas italianas da África e de todas as missões militares no exterior. Contra a militarização de territórios, polígonos e bases. Contra a produção e o mercado de armamentos.
Propomos uma assembleia a ser realizada no segundo fim de semana de setembro para lançar uma campanha antimilitarista articulada, que pode reunir momentos de mobilização nacional com as lutas e movimentos ativos nos territórios, as iniciativas locais de 4 de novembro e a oposição à reunião Aeroespacial e de Defesa em Turim no final de novembro.
4 de julho de 2021
Grupo de trabalho de Antimilitaristas da F.A.I. (Federação Anarquista Italiana)
Fonte: https://umanitanova.org/?p=14501
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
O grito do grilo
serra ao meio
a manhã.
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!