Por Filipe Nunes | 12/11/2021
“Viver a Minha Vida”, a autobiografia de Emma Goldman, acaba de sair pela Antígona. O jornal MAPA falou com o tradutor Luís Leitão à volta da cativante vida e obra desta incontornável anarquista, numa conversa conjunta com Pedro Morais, tradutor do “Anarquismo e Outros Ensaios” (Letra Livre e A Batalha, 2020) e Laure Batie a tradutora francesa da autobiografia que agora finalmente se encontra disponível em língua portuguesa.
Emma Goldman é um nome que evoca as extraordinárias convulsões sociais de há cerca de um século, período em que os ideais do anarquismo mais acerrimamente enfrentaram a exploração capitalista. Porém, é um nome que ainda motiva reflexões sobre o feminismo e o papel transformador das mulheres em prol de uma revolução social que vá além de meras questões de gênero.
Emma Goldman (1869-1940) foi uma das mais importantes agitadoras do final do século XIX e princípio do século XX, principalmente nos Estados Unidos, onde, emigrada da sua matushka Rússia, se tornará uma das mais influentes anarquistas de toda a história. A autobiografia da que foi considerada a “mulher mais perigosa da América”, a publicar em 2021 em tradução portuguesa com o título Viver a Minha Vida, pela editora Antígona, é um empolgante testemunho das lutas sociais que ocorreram durante o período de vida de Emma Goldman. Mas, no decorrer deste ano, podemos já contar com o essencial da sua obra ensaística em Anarquismo e Outros Ensaios, pela primeira vez editado em Portugal, oitenta anos após a sua morte, numa recente co-edição da editora e livraria Letra Livre e do jornal e editora A Batalha.
Juntamos para uma troca de ideias Pedro Morais, tradutor de Anarquismo e Outros Ensaios, Luís Leitão, tradutor de Viver a Minha Vida e ainda Laure Batier, que em finais de 2018 traduziu a autobiografia de Emma Goldman para francês, em conjunto com Jacqueline Reuss (Editions L’Echappée).
Da vida e escritos de Emma Goldman, muitos são os pontos de partida para uma conversa. E há um que surge de imediato: Emma Goldman, feminista. O sublinhar desta adjetivação, que emergiu pela década de 1970, coloca-nos perante uma questão prévia: de que feminismo falamos quando falamos de Emma Goldman?
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