Desde alguns dias, nós, o Grupo Anarca Feminista de Amsterdã, estamos residindo no Ringdijk 8. Decidimos expropriar este prédio porque achamos repugnante que as casas estejam sendo mantidas vazias por anos enquanto estamos em uma crise habitacional, muitas pessoas estão vivendo na precariedade e o número de desabrigados dobrou nos últimos 10 anos.
Em ações anteriores visamos grandes especuladores como Blackstone, edifícios ocupados em solidariedade a trabalhadoras do sexo sendo empurradas pra fora de nossa cidade e contra a lavagem verde e propagação colonial e gentrificação feitos pela NV Zeedijk no distrito da luz vermelha.
Hoje, tomamos uma ação autônoma como parte das demonstrações habitacionais em andamento. Apenas marchar e esperar que o governo nos escute não é suficiente, na verdade o governo escutou as exigências feitas pelo movimento habitacional e sua resposta foi bem clara: nenhuma medida foi tomada para resolver o problema, mas ao invés disso eles enviaram policiais para nos silenciar, mutilando nossos corpos, fazendo listas pretas e nos prendendo.
Precisamos enfrentar as injustiças diretamente, quando e onde quer que as vejamos. Hoje visamos a cooperação habitacional Eigen Haard. Este edifício, de propriedade da Eigen Haard, já foi ocupado antes e agora está vazio e foi deixado apodrecendo novamente por um longo tempo.
Embora essas cooperações habitacionais sejam supostamente para fornecer moradia acessível para a classe trabalhadora, pessoas que necessitam de assistência social e refugiados, elas frequentemente exploram aqueles que necessitam de moradia social, não aderindo às suas responsabilidades como uma corporação habitacional e vendendo moradias sociais para hipsters e yuppies. Os inquilinos que tentam combater a exploração muitas vezes não conseguem encontrar tempo, energia, nem entender a linguagem burocrática que os faz depender de trabalhadores da assistência social que não conseguem fazer o trabalho suficientemente bem. O Estado não fornece cuidados de qualidade, mas apenas com dinheiro suficiente, eles fornecem cuidados em quantidade que deixam as pessoas em condições precárias.
Eigen Haard declarou que eles demolirão o edifício e construirão moradias sociais aqui. Entretanto, este plano já existe há anos e nada foi feito até agora. Embora a construção de moradias sociais possa inicialmente parecer uma coisa boa, a Eigen Haard claramente não se preocupa o suficiente com moradias sociais para realmente fazer algo com estes edifícios. Estamos em meio a uma crise habitacional. As listas de espera para habitação social em Amsterdã são de mais de 10 anos e os preços no chamado mercado liberalizado estão altíssimos. Durante todo esse tempo, Eigen Haard escolhe propositalmente deixar essas casas vazias por anos e anos.
Além disso, a Eigen Haard tem tratado seus inquilinos como merda. Em muitos de seus chamados projetos de renovação, as pessoas são forçadas a residir em condições de vida sem água, eletricidade e gás, como aconteceu recentemente com as pessoas de Amsterdam Noord, cujos apartamentos estavam sendo “renovados”. Além disso, há alguns anos, Eigen Haard também “renovou” edifícios no bairro Wegener Sleeswijk, em Geuzenveld, onde forçaram os inquilinos a morar em suas casas durante a renovação. Neste projeto, a Eigen Haard mostrou sua verdadeira natureza. As reformas implementadas no projeto foram feitas da maneira mais barata possível, deixando os locatários depois com casas piores do que antes. Em alguns casos, ratos saíam das paredes e, em quase todos os casos, as varandas foram reduzidas, já que a Eigen Haard não se preocupou em substituir as paredes antigas, mas apenas em colocar uma nova parede na parede antiga, tirando assim espaço dos inquilinos.
Corporações imobiliárias como a Eigen Haard não se preocupam com seus inquilinos ou em tornar a habitação acessível à classe trabalhadora e às pessoas que dela necessitam. Elas apenas se preocupam em ganhar dinheiro e extorquir seus inquilinos. As corporações habitacionais vendem casas sociais há anos e os locatários são forçados a pagar quantias ridículas dos chamados custos de serviço sem realmente obter qualquer serviço dessas corporações habitacionais.
Continuaremos a tomar medidas diretas contra aqueles que atacam nosso meio de subsistência. A mudança real precisa vir de baixo. A liberdade nunca nos foi dada, temos que lutar por ela.
Somos solidárias com camaradas do Bond Precaire Woonvormen que têm oferecido apoio prático e legal a locatários precários em sua luta contra a lixiviação de proprietários e nossos camaradas de Niet Te Koop que têm lutado contra a venda privada de moradias sociais. Somos solidárias com todos aqueles que não encontram moradia, todos aqueles que lutam por um mundo melhor sem polícia, centros de detenção e propriedade privada.
Refugiados e migrantes dentro, Yuppen e turistas fora!
Grupo Anarca Feminista de Amsterdam
anarchafemsterdam [at] riseup [dot] net
Tradução > solan4s
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Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!