Por Jeff Schuhrke | 24/12/2021
Termina um Ano de Ação Trabalhista na Amazon
Pela primeira vez, a Amazon está enfrentando uma paralisação trabalhista em várias unidades pelos Estados Unidos. Vem em um ano marcado pela organização de sindicatos e militância trabalhista na gigante comercial.
Na manhã de quarta-feira, várias dezenas de trabalhadores e trabalhadoras da Amazon em duas estações de entrega da área de Chicago orquestraram uma marcha para fora dos seus postos, demandando aumentos salariais e condições mais seguras de trabalho, tornando-se a primeira vez que a gigante da tecnologia vê uma paralisação trabalhista em múltiplas unidades nos Estados Unidos.
Vinda apenas três dias antes do Natal para assegurar o máximo impacto, a ação encerra um ano de organização intensa e protesto dos trabalhadores dos depósitos da Amazon, que estiveram na linha de frente de ambos a pandemia do Covid-19 e eventos de extremas condições climáticas.
Organizadas pela rede trabalhista Amazonians United, as marchas ocorreram durante os turnos matutinos na filial DIL3 da empresa, no bairro Gage Park de Chicago e no depósito DLN2 na cidade próxima Cicero.
“Fomos mal pagos, sobrecarregados de trabalho e também distribuídos sem segurança por meses,” declarou Ted Miin, associado de separação e membro da Amazonians United na estação de entregas DIL3. “Tentamos levantar essas questões com a gerência, mas efetivamente rejeitaram nossas preocupações.”
Miin contou ao In These Times que, no depósito do Gage Park, 65 de aproximadamente 100 trabalhadores assinaram uma petição demandando um aumento salarial de $3‑por hora e a distribuição segura de pessoal. A petição foi enviada à gerência há um mês, mas os trabalhadores não receberam uma resposta. “Eles não estão nos levando a sério, então estamos indo embora,” afirmou.
Na estação de entregas DLN2, em Cicero, Miin explicou que a gerência explicitamente prometeu pagar em dobro aqueles trabalhando no Dia de Ação de Graças, mas pagou a quantia normal e mais a metade. Também afirmou que novas contratações na unidade não receberam o bônus prometido de $1,000 de entrada.
“Não recebemos os bônus que fomos prometidos. Há pessoas aqui que foram contratadas como trabalhadores permanentes, e então tiraram suas identificações e as fizeram trabalhadores temporários,” um trabalhador de Cicero contou aos jornalistas na quarta-feira. “Eles estão distribuindo a equipe sem segurança, fazendo as pessoas trabalharem rápido demais.”
Os trabalhadores de Cicero disseram ter a demanda de um aumento salarial de $5 por hora e o retorno das pausas de 20 minutos, alegando que os gerentes recentemente reduziram as pausas para cinco minutos.
“Estamos dispostos a voltar ao trabalho. Trabalharemos arduamente para assegurar que todos recebam seus presentes de Natal, todos recebam seus pacotes. Queremos apenas ser tratados de forma justa,” explica outro trabalhador de Cicero. “Este é o mês mais movimentado do ano. Se a Amazon ceder às nossas demandas, tratar-nos decentemente como seres humanos, faremos o Natal de todos muito bonito.”
A gerente de relações públicas da Amazon Barbara Agrait comentou as alegações dos trabalhadores para o In These Times: “Respeitamos os direitos dos funcionários de protestar e reconhecemos seus direitos legais de fazê-lo. Somos orgulhosos por oferecer aos funcionários pagamento acima da média do mercado, benefícios competitivos e a oportunidade de crescer dentro da empresa.”
As marchas chegam em um momento em que as políticas de segurança da Amazon estão sob escrutínio após seis trabalhadores serem mortos quando um tornado passou por uma estação de entregas em Edwardsville, no Illinois, no dia 10 de dezembro. Seguindo essa tragédia, ao menos 500 funcionários da Amazon na Costa Leste assinaram petições pedindo pelo fim do banimento da empresa em trabalhadores trazerem seus celulares para os depósitos, o que limita suas habilidades para se manterem atualizados sobre eventos climáticos severos ou outras emergências.
A Amazonians United é uma rede solidária de trabalhadores da Amazon distribuídos pelo país, funcionando como um sindicato, mas sem buscar o reconhecimento legal pelo National Labor Relations Board (NLRB) [Conselho Nacional de Relações de Trabalho]. Desde 2019, seus membros organizaram petições, campanhas e paralisações para ter sucesso em ganhar folgas pagas em caso de doença, aumentos salariais e medidas de segurança.
Por não buscar reconhecimento legal, a estratégia da Amazonians United é definitivamente diferente dos sindicatos estabelecidos como o Retail, Wholesale and Department Store Union (RWDSU), que perdeu uma votação sindical de larga escala no depósito da Amazon em Bessemer, no Alabama, na última primavera, porém refará a votação após o NLRB descobrir que a empresa intimidou ilegalmente os trabalhadores durante as votações.
“Somos um sindicato. Somos uma rede solidária. Cuidamos uns dos outros,” Miin afirmou sobre a Amazonians United, argumentando que, no reino legal dos votos certificados do NLRB, a empresa tem mais poder porque pode contratar advogados mais caros e destruidores de sindicatos. “Estamos focados em construir nosso poder onde temos poder, o que é no chão da loja. Nossa união vem da nossa relação mútua como colegas de trabalho. Construímos nossa rede ao nos engajarmos na luta.”
As marchas da área de Chicago são apoiadas pelo Warehouse Workers for Justice (WWJ) — um centro de trabalhadores baseado em Joliet, no Illinois, que também organiza e advoga por funcionários da Amazon.
“Há apenas uma semana vimos o alto custo da perseguição incansável de lucros da Amazon na tragédia de Edwardsville, no Illinois,” declarou Marcos Ceniceros, diretor executivo interino da WWJ. “Desde então, a Amazon não diminuiu o ritmo e está colocando a saúde dos trabalhadores em risco diariamente, sem consideração por suas vidas ou subsistência. Nós nos solidarizamos com a Amazonians United em sua luta pelas condições de trabalho justas e seguras que todos merecemos.”
Rep. Jesús “Chuy” García (D‑Il.), cujo distrito inclui o Gage Park, também expressou seu apoio pelas marchas pelo Twitter: “Vamos apoiar os trabalhadores corajosos da Amazonians United em Chicagoland, lutando por melhores salários e condições de trabalho! É hora do Jeff Bezos e da Amazon pagarem sua parte!”
A paralisação de quarta-feira tinha a expectativa de durar ao menos até o final do turno matutino e Miin afirmou que ele e seus colegas esperariam a resposta da gerência antes de definir os próximos passos. Funcionários da unidade de Cicero alegam que supervisores fizeram ameaças ilegais de lhes impedirem de voltar ao trabalho, mas que planejam retornar de qualquer forma.
“Sabemos que estamos sendo tratados de forma injusta, e estamos fazendo algo sobre isso,” explicou Miin, com a esperança de que outros trabalhadores seguirão o exemplo da Amazonian United. “Se podemos, de alguma forma, servir de encorajamento ou inspiração para os outros, queremos que os nossos e todos os outros trabalhadores vejam que podemos nos organizar, podemos lutar — e que, quando lutamos, ganhamos.”
Fonte: https://popularresistance.org/amazon-warehouse-workers-walk-off-the-job-in-illinois/
Tradução > Sky
agência de notícias anarquistas-ana
O ar tremeluz –
A areia sobre o rochedo
Vai caindo aos poucos.
Hattori Tohô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!