Por WannabeWonk | 06/12/2021
Em Tessalônica, Grécia, Direct Action Cells (DAC) atacou a residência de oficiais da polícia após declarar guerra a Polícia Helênica [1]. A Organização de Ação Anarquista (OAA), como é conhecida a célula da DAC de Tessalônica, publicou o nome e endereço de 21 oficiais ativos. Em 21 de Novembro, OAA publicou comunicados assumindo o ataque contra a casa de dois agentes, na manhã de 15 de Novembro, onde se descreve um “ataque explosivo de baixa potência” – os mesmos IID [2] utilizados pela DAC em ações anteriores.
O comunicado cita Nikos Sampanalis, o homem de 20 anos, de etnia romani, assassinado pela polícia em 22 de Outubro, após ser perseguido por supostamente dirigir um carro roubado.
O ataque veio logo após o mais recente escândalo envolvendo policiais locais, com crimes de abuso sexual e tráfico de pessoas. Em Novembro, um policial de 29 anos foi acusado de abusar de sua filha de quatro anos, meses antes outro policial foi acusado de prostituir sua filha adolescente e mante-la em cárcere privado.
O comunicado cita que em Julho, a OOA publicou o nome e endereços de policiais, os quais chama de “cafetões” e “assassinos uniformizados”, linguagem que aparece novamente no comunicado mais recente:
Em Julho, nós efetuamos um ataque expondo ao público 21 policiais gregos […]. Meses atrás, nossos atos encontraram nossas palavras. A História nos mostra, assassinos e torturadores sempre irão sofrer na mão da violência revolucionária, a verdadeira justiça. É por isso que atacamos aos descendentes políticos dos torturadores do golpe, poucas horas após o aniversário do massacre de 73, como um tributo pela memória dos mortos na Politécnica.
Essa última frase se refere ao massacre de dezenas de pessoas durante protestos estudantis contra o Regime dos Coronéis, 17 de Novembro de 1973, que todos os anos é relembrado na Grécia e geralmente termina com conflitos violentos entre a polícia e os revoltosos.
Curiosamente, por ter começado a mirar diretamente a polícia, no comunicado a OAA cita um infame ataque armado contra uma estação da polícia em Nea Iona, realizado pela geração anterior de grupos de guerrilhas urbana anarquista, em 2007.
“…Para todos aqueles que defendem a normalidade social e a paz entre as classes, que, em toda revolta social, grande ou pequena, tenta marginalizar a parcela dos mais dinâmicos e politicamente ousados, que para eles são sempre “uma minoria” e “agem contra uma maioria pacifista”, nós devemos lembrar que a história das lutas sociais e de classe é escrita por pessoas determinadas a combater por seus ideias. Por pessoas que, mesmo que poucas em números, conseguem conectar, inspirar e mobilizar muitos mais, que conseguem ditar os termos da luta e criar legados para novos, maiores e mais decisivos esforços.” – Revolutionary Struggle – Ataque armado na estação de Perissos.
Revolutionary Struggle foi formado em 2003 e quase imediatamente pisou nos calos da infame organização terrorista vermelha, 17 de Novembro, após essa ter se desarticulado em 2002.
O comunicado da OAA conclui por reafirmar o chamado para a criação de uma rede de violência revolucionária, apesar dos riscos cada vez maiores:
…esse conflito será violento, ilegal, militante e radical, sem compaixão por nenhum deles, usando de todos os meios para a punição adequada à tirania.
Camaradas lutadores, nós chamamos pelo seu apoio na prática da guerra revolucionária que travamos. Ergam as ferramentas que desafiam na prática a dominação do inimigo. Crie novos grupos, organizações, células de formação radical e violência revolucionária. Reenergizem o diálogo público unindo nossas resistências militantes e apoio ativo as redes de violência revolucionária que estão travando batalhas com suas forças, grandes e pequenas. Com memória insurgente por cada um dos mortos pelas mãos da polícia e por todo prisioneiro da guerra social e de classe. Nós convidamos você a seguir pelo caminho da guerra. Onde a vida se torna verdadeiramente significativa, encontrando a responsabilidade pelo dever histórico. A tarefa da subversão e da revolução.
O comunicado reitera a indignação dos autores ao assassinato de Sampanis pela polícia, e a morte do imigrante grego que estava sob custódia da polícia Alemã no começo do ano. No que está se tornando uma onda entre os anarquistas gregos, os autores também mencionam a morte de George Floyd sob a custódia da polícia de Minneapolis, no ano passado, uma comoção pública que foi a centelha para meses de protestos violentos por todo os EUA em 2020. No último Outono, o anarquista e até então fugitivo Dimitris Chatzivasileiadis, repetidamente invocou o assassinato de George Floyd em um comunicado onde chamava por uma “semana de vingança” após o antifascista Michael Reinoehl [3] ser assassinado por uma força tarefa da polícia federal dos EUA, em meio os protestos de 2020. Chatzivasileiadis foi preso em Agosto, após meses foragido.
Nós temos o direito à revolta e a sermos determinados. E isso nos basta. Em Pireau seu nome era Nikos Sampanis; em Wuppertal, Gorgos Zantiotis; em Minneapolis, George Floyd. Em tantos outros lugares, ele nem nome tem, é apenas sangue nas mãos dos policias. Em centros de detenção, prisões e hospitais psiquiátricos, em bordas e cercas em Belarus, no Mar Egeu… Por essa sangrenta lista de vítimas da República, que cresce dia após dia de abusos, torturas e execução, uma só palavra ecoa: VINGANÇA!
Ataque sem misericórdia as forças de seguranças
Fogo as casas, estações de polícia e ministérios
No que já é um elemento bem estabelecido entre anarquistas gregos, o comunicado encerra com uma nota em homenagem ao anarquista chileno Kevin Garrido Fernández, que foi assassinado-esfaqueado enquanto estava sob a custódia da polícia, em 2 de Novembro de 2018.
Fonte: https://thewannabewonk.substack.com/p/the-organization-of-anarchist-action
Tradução > 1984
Notas do Tradutor:
[1] 17 Julho 2021.
[2] Improvised Incendiary Devices
[3] Michael Reinoehl foi um ativista antifascista, assassinado pela polícia de Portland em Agosto de 2020.
agência de notícias anarquistas-ana
A ociosa espada
sonha com suas batalhas.
Outro é meu sonho.
Jorge Luis Borges
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!