[Grécia] Anarquistas saúdam 2022 com molotovs e bomba de gás butano

A mais nova rede anarquista de guerrilha urbana, a Direct Action Cells (DAC), assumiu autoria de um ataque incendiário aos escritórios de uma empresa de construção em Tessalônica, ocorrido nas primeiras horas de primeiro de Janeiro de 2022. A “Célula Casus Bell” lançou um comunicado no mesmo dia, declarando que o ataque com molotovs contra os escritórios da PRAXIS EE Technical Contractors foi uma retaliação pelo desalojo da manhã anterior, de uma ocupação de 34 anos de idade na Universidade de Biologia Aristóteles. Na mesma data, um ataque separado com explosivos improvisados, teve como alvo a catedral Agios Pavlos em Atenas, o ataque ainda não foi reivindicado, mas carrega todos os indícios dos ataques prévios das operações da DAC.

Como parte das políticas atuais do governo para desalojar okupações de espaços urbanos na Grécia, e reintroduzir as polícias dentro dos campus das universidades, a okupa “Hangout Biological” no campus da Universidade Aristóteles foi desmontado nas primeiras horas da manhã de primeiro de Janeiro. A polícia fez a escolta de trabalhadores, que demoliram uma parede lateral da okupa à marretadas, ganhando acesso a salas de aula e confiscando vários equipamentos, de extintores de incêndio à hastes de madeira com bandeiras anarquistas. O espaço vinha sendo okupado desde 1988. Em resposta ao despejo, uma recém formada célula da DAC, a Casus Bell, atacou os escritórios da PRAXIS, empresa que recebeu milhões para realizar um contrato de revitalização urbana. A nota divulgada acusa o reitor da universidade de colaboração com a administração das políticas de lei-e-ordem da administração Mitsokanis, e vai além.

Trecho da declaração

A comunidade acadêmica oficialmente abre os braços para o militarismo e a repressão, com a reitoria podre emocionadamente agradecendo pessoalmente ao próprio Mitsoutakis. Essa é a Universidade de Tessalônica: uma matriz de colaboradores da repressão onde nascem os oficiais uniformizados da República […] Nós assumimos a responsabilidade pelo ataque incendiário no prédio da empresa de construção Praxis, na Rua Kromnis em Kalamaria, logo após a virada do ano. Praxis é a empresa contratada que demoliu a okupação. Nós atacaremos individualmente, cada um dos que apoiam a repressão contra os territórios libertados.

Nosso ataque é o primeiro reflexo de um movimento de solidariedade prática, com os esforços ao redor do mundo, que defendem até o fim as áreas de resistência, solidariedade e ataque. Uma mensagem de força, apoio e cumplicidade com cada camarada que individualmente insiste na negação, no questionamento, na guerra. Você nos encontrará ao seu lado a todo momento do conflito, em cada barricada, por que nós não terminados por aqui. Nós estamos preparando um novo ciclo de ataques na guerra de atrito, organizando novas células de ação direta. E nessa guerra nós chamamos cada iniciativa insurgente para a ação, afiando os confrontos, quantitativa, qualitativa e operacionalmente. Nós respondemos guerra com guerra. […] – Direct Action Cells – Célula Casus Belli

Anteriormente, a maioria dos ataques da DAC em Tessalônica foram reivindicados pela célula local, Organization of Anarchist Action, que vinha mirando especificamente em membros do alto escalão da polícia.

Em outra notícia. Uma explosão estremeceu a vizinhança de Omonia em Atenas, nas primeiras horas de 1° de Janeiro, quando um dispositivo explosivo improvisado (IED) detonou do lado de fora da catedral Agios Pavlos. Supostamente o dispositivo foi confeccionado com um “botijão de gás”, o que sugeriria, mas não confirma, mais um ataque da DAC, já que tanto células em Atenas quanto em Tessalônica tem frequentemente usado IEDs construídos à partir de botijões de gás butano. Apesar dos métodos semelhantes aos da DAC, é importante perceber que a Igreja Ortodoxa Grega é um alvo popular por uma variedade de grupos que operam na Grécia. Além disso, as células de Atenas da DAC parecem preferir executar múltiplos ataques antes de lançarem um comunicado assumindo a responsabilidade por múltiplos ataques similares, usando IEDs construídos com botijões de butano, ou coquetéis molotovs e geralmente são fotografados e filmados pela célula. Até agora, não há conexão entre o ataque de Agios Pavlos e a célula local da DAC.

2021 foi o ano de estreia das operações da DAC, e seus ataques vêm sendo consistentes em métodos, alvos e retórica dos comunicados. As aspirações estratégicas primárias do grupo é desenvolver uma rede de “violência revolucionária” não apenas na Grécia, mas também ao redor do mundo, encorajando ideologicamente membros alinhados à esquerda radical e
movimentos anarquistas a executarem ataques em alvos do “Estado e capital”. Até agora eles vem sendo bem sucedidos em estabelecer uma rede através da Grécia continental, de Atenas até Volos e Tessalônica. Se essa rede vai se espalhar através da Grécia para incluir, por exemplo, comunidades [na ilha de] Creta, ou mesmo avançar para dentro da Europa onde esses grupos têm simpatizantes, como na Itália ou Alemanha, é algo a ser observado, mas até então, não aconteceu.

Fonte: https://www.militantwire.com/p/greece-anarchists-greet-2022-molotovs

Tradução > 1984

agência de notícias anarquistas-ana

Relvas de verão
sob as quais os guerreiros
sonham.

Matsuo Bashô