A Ucrânia tem sido um barril de pólvora desde há muitos anos. O conflito tem raízes num quadro histórico muito complexo que vai desde a derrota russa na Guerra da Crimeia no século XIX, à guerra da Ucrânia no século XX, que levou à criação da República Socialista Soviética da Ucrânia, à entrega por Nikita Khrushchev da Crimeia à Ucrânia, ao processo conhecido como Euromaidan, à Guerra de Donbass e à anexação russa da Crimeia.
Nem os acordos de Minsk II, assinados para reduzir a tensão da guerra do Donbass, nem a diplomacia europeia conseguiram mitigar este longo conflito em que estão em jogo demasiados interesses geopolíticos, econômicos, energéticos e étnicos. Interesses que colocam as oligarquias pró-russas contra as nacionalistas pró-europeias e que deixam os trabalhadores ucranianos no meio, os quais têm que aprender a viver numa incerteza constante entre a guerra civil, a ocupação militar, a miséria que a guerra traz e que oligarcas irão lucrar com o seu trabalho.
Uma incerteza que nós, trabalhadores da Europa e do mundo, também somos obrigados a partilhar, visto que as potências beligerantes possuem milhares de ogivas nucleares, tornando esta tensão muito semelhante às que já se viveram durante a Guerra Fria.
A atitude do governo espanhol de enviar tropas para os vários exercícios militares da OTAN¹, assim como em organizar a cúpula de Madrid em 2022, responde à escala militarista que estamos a ver crescer, em que se investe cada vez mais em militares e armamentos, e onde a indústria militar engorda com a venda de armas e com a participação da Espanha em conflitos internacionais.
Perante a escalada da tensão e do possível conflito bélico, solidarizamo-nos com os trabalhadores ucranianos. Rejeitamos a interferência imperialista da OTAN e da Rússia, a ocupação estrangeira e o nacionalismo, e fazemos nossas as palavras de Nestor Makhno:
“Um poder estatal “intruso” e um poder de Estado “independente” dão no mesmo, e os trabalhadores não ganham nada com nenhum deles: eles devem orientar os seus esforços, onde quer que estejam, para destruir o aparelho de Estado e substituí-lo por organismos operários e camponeses vocacionados para a autogestão social e econômica“.
Nem guerra nem negócio de morte
Nem guerra entre povos nem paz entre classes
Federação Anarquista Ibérica – FAI
[1] Também Portugal já anunciou o envio de militares para integrar os contingentes da OTAN nos países que integram a organização no leste europeu.
federacionanarquistaiberica.wordpress.com
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