[Canadá] 15 de Março: Tomem as Ruas Contra a Polícia Colonial!

Chamado do Committee Opposed to Police Brutality [Comitê de Oposição à Brutalidade Policial] por um dia anual de ação.

É difícil olhar o que está acontecendo agora na Yintah, o território Wet’suwet’en, sem refletir sobre o papel da RCMP (Royal Canadian Mounted Police) na colônia canadense. O que eventualmente se tornou a RCMP foi fundado em 1873, parcialmente em resposta à Rebelião Red River Métis de 1869-1870. O objetivo primário da RCMP, desde seu início, foi então manter a hegemonia imperial sobre o território no intuito de abri-lo à exploração capitalista.

A lista de crimes da RCMP é muito longa para ser completamente enumerada aqui. Desde a repressão à Rebelião Noroeste de 1885, ao banimento de práticas culturais indígenas, ao bloqueio de reservas e do movimento livre de pessoas nativas, ao assassinato de cães de trenó e, é claro, a separação das crianças e suas famílias e seu envio a internatos. Convidamos você para a leitura do artigo “A Condensed History of Canada’s Colonial Cops” do The New Inquiry para um rápido resumo do histórico da RCMP na perspectiva das pessoas indígenas.

Mas o gramado é mais verde no Quebec? O norte do Quebec esteve sob o controle da RCMP até 1960. Os internatos coloniais continuaram pela década de 1970 e abusos continuaram durante esse período, com o apoio total da SQ.

A SQ substituiu a RCMP, e pode-se dizer que cumpriu e continua a cumprir seu papel como representante da autoridade colonial sobre povos indígenas. Seja em Listuguj (Restigouche) em 1981, em Kitiganik (Lago Barriere) em 1988, em Kanehsatà:ke e Kahnawá:ke em 1990, a resposta da SQ para mobilizações indígenas sempre foi a mesma: repressão.

O relatório final da Comissão de Viens, apresentado em 30 de setembro de 2019, ilustra o local que a polícia ocupa no Estado colonial canadense. O relatório escreve explicitamente:

“Estas demonstrações [indígenas] são o produto de um desprezo persistente pelos direitos indígenas dos povos originários e da lentidão dos tribunais para resolver problemas de demarcação de terras. […] Comparado a outras manifestações, […] a polícia está acostumada a interferir para o lado do governo para reprimir ou desmantelar a manifestação, assumindo que os direitos reivindicados são errados, antes que os tribunais determinem a validade inerente das reivindicações.”

No relatório final da comissão de Viens, a polícia local, como a SPVM, é similarmente culpada: “Na literatura, é relatado que as comunidades indígenas têm ambos muito policiamento para crimes pequenos […] e pouco policiamento, no sentido de proteção insuficiente, face à violência que estão sujeitas.”

O papel da polícia, então, não é proteger, mas sempre reprimir qualquer esforço para resistir à exploração do território. Esse desejo pela exploração foi manifestado em 2012 com o projeto de lei C-45 do governo Harper. Essa lei alterou muitas leis canadenses, com o objetivo de facilitar o acesso de empresas extrativistas no assim chamado território canadense. Território que é, é claro, habitado principalmente por pessoas indígenas. A C-45 levou ao nascimento do movimento “Idle No More” [Não Mais Ocioso]. A reação do governo canadense foi reforçar o aparato policial e a coordenação entre os serviços policiais coloniais. O resultado é o que vemos agora no território Wet’suwet’en.

Então, em 150 anos, o papel da polícia no assim chamado Canadá não mudou. Seu papel ainda é abrir a terra para a exploração, o que significa a retirada das pessoas que vivem nela, não importa a que custo.

A polícia como uma força colonial de exploração não é, contudo, [uma situação] singular do Canadá. No Chile, por exemplo, o exército foi implantado para apoiar a repressão policial contra o povo Mapuche que demanda a devolução de seu território ancestral das mãos de donos de terras e de madeireiras multinacionais. A Colômbia todo ano bate novos recordes de assassinatos de ativistas ambientalistas e defensores de terras, muitos deles indígenas, todos sob os olhares da polícia, uma situação denunciada pela Anistia Internacional. No México, são os Zapatistas do EZLN, essencialmente indígenas, que são atacados pelas milícias armadas pelo Estado. E, no Brasil, é o Supremo Tribunal que dá a polícia o direito de perseguir povos indígenas para fora de suas terras para entregá-las às empresas de mineração, uma situação denunciada pelas Nações Unidas.

Frente à violência policial contra povos indígenas, seja aqui ou em qualquer outro lugar, chegamos à mesma conclusão: foda-se a polícia colonial!

Nós nos encontramos às 17:30 na terça-feira, 15 de março, na estação de metrô Lionel-Groulx!

Fonte: https://cobp.resist.ca/fr/node/23101

Tradução > Sky

agência de notícias anarquistas-ana

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Nenpuku Sato