[Itália] É lançado o número 6 da “Folha Anarquista Aperiódica Dardi”

EDITORIAL

O que torna viável o projeto de uma sociedade verde digital?

Energia e extrativismo. Nada tão diferente daquilo que sempre dependeu toda a “revolução industrial” até hoje. A principal diferença está na lista dos materiais extraídos, que incluem os preciosos metais raros, indispensáveis para produzir baterias e circuitos eletrônicos. Nesse contexto, a Europa se encontra quase totalmente dependente do mercado internacional, o que poderia pôr em perigo a tão cobiçada transição ecológica, assim como a estabilidade das economias nacionais. Os contratempos do período da epidemia do Covid, ou pelos danos causados pela mudança climática, esgotaram a confiança de muitos setores, principalmente por conta da lentidão no fornecimento de materiais como semicondutores. Isso implica em tomadas de decisões estratégicas inadiáveis já que a espada de Damocles da obsolescência programada não garante muito tempo de manobra.

É necessário voltar a extrair esses materiais em solo europeu depois de anos de deslocamento do trabalho sujo a outros países, sobretudo a China. Como consequência, as minas serão reabertas na Europa, junto com suas respectivas plantas de processamento e enriquecimento dos materiais.

Nesse contexto, a Itália não fica para trás. Justo na península se encontram os maiores depósitos europeus de titânio, em Liguria e de antimônio em Toscana. Se para o primeiro é evidente o interesse demonstrado pela União Europeia pelo titânio, que em pouco tempo enviará seus técnicos para uma zona próxima ao monte Beigua, o segundo até então não parece tão cobiçado desde a recusa de extração por parte da canadense Adroit Resources. Quanto tempo até que mais alguém tente botar suas mãos nele? Provavelmente, pouco.

A Itália tem um recorde europeu quanto a certas atividades extrativistas, do mármore ao cimento, do saibro a areia. Pouco importa uma mina de gás a mais ou a menos, desde já, uma vez que o valor das apostas é espantoso (para quem as ganha, obviamente).

Mas, o que será desses lugares e dos que neles vivem, depois que os gigantes mecânicos começarem a triturar o solo? Montanhas estripadas, paisagens devastadas, água e solo contaminado, câncer e doenças provocadas pela contaminação.

Tudo isso é o suficiente para fazer de um determinado território o grande exemplo da sustentabilidade ambiental, mas e pra quem não faz nada com essa querida sustentabilidade? O que poderia fazer quem não encontra essa perspectiva?

Poderia revirar aqueles territórios hostis até que as raízes do tecno-mundo nos tenham colonizado por completo. Poderia entras nas obras em territórios isolados, usando as sombras como abrigo, como já aconteceu duas vezes nos últimos seis meses em que várias saibreiras perto de Munique (Baviera), onde o incêndio das máquinas, se estipula, tenha provocado, nos dois casos, mais de um milhão de euros em danos.

Poderia ser ocupada, junto com os transformadores que alimentam os processos de extração e processamento. Em resumo, pode haver muitas possibilidades de engasgar as engrenagens verdes da indústria de alta tecnologia – basta encontrar a imaginação e a convicção para colocá-las em prática.

>> Clique aqui para ler/baixar a publicação em italiano:

//infernourbano.altervista.org/e-uscito-dardi-n6-foglio-anarchico-aperiodico/

Tradução > 1984

agência de notícias anarquistas-ana

o crisântemo amarelo
sob a luz da lanterna de mão
perde sua cor

Buson