[Espanha] Nem Putin, nem OTAN, nem guerras imperialistas

Alguma pessoa pode ser tão estúpida como para pensar que aos altos cargos políticos e aos grandes capitalistas, que são os que criam e decidem sobre as guerras, as sanções econômicas, as restrições nos serviços sociais ou sobre o gasto em armas letais e ações militares, isto vai afetá-los? Tudo ao contrário, aproveitando-se disso e da inflação que produzem especulando com os preços, se tornarão mais ricos e multiplicarão suas fortunas durante a guerra e posteriormente, durante a reconstrução do destruído por suas absurdas decisões. Da qual se beneficiarão políticos, empresários, construtores e potentados burgueses de ambos os bandos.

A alguém pode passar pela cabeça que lhes afetará a subida do preço dos combustíveis aos que utilizam aviões e carros oficiais, cujo importe do gasto sai dos impostos do povo, ou a essas fortunas milionárias a quem sobra o dinheiro acumulado com a exploração e o roubo do produto do trabalho de outras pessoas? Alguém pensa que quando exista escassez de produtos esta burguesia vai carecer deles ao mesmo nível de quem já não tem, nem terão depois para comer?

Com estes simples exemplos deve ficar claro que nas guerras entre capitalistas e imperialistas, a grande prejudicada sempre é a classe trabalhadora. Tanto a nível econômico como militar, pois as pessoas mencionadas nunca estão nas frentes de batalha, nem onde existem os verdadeiros riscos de perder suas vidas. Só lhes interessa a dominação e o controle geoestratégico, econômico e comercial, o que lhes impulsiona a criar estes enfrentamentos em que se ganhe ou se perca a contenda, a população e a classe obreira em seu conjunto é utilizada como carne de canhão. Ainda que pretendam nos vender seus interesses como os nossos, é mentira, isso nunca será assim. Portanto, beneficiados são e serão os capitalistas de ambos os lados e seu sistema, no qual, se ganhe ou se perca, seguirão explorando e dominando aos e as trabalhadoras sobreviventes.

É hora de refletirmos e começarmos a nos dar conta de que tudo isto é para o que também se lhes outorga os votos. Para que tenham a capacidade de envolver-nos em guerras, para que façam o que queiram com o povo e em nome do mesmo sem nem sequer consultá-lo, e sobretudo, quando o que pretendem é que outros defendam com suas vidas e seus sacrifícios os interesses e privilégios contrapostos daquelas pessoas que manejam os estados e as grandes corporações econômicas.

Temos de ter em conta que neste tipo de guerras montadas pelo capitalismo, o que interessa sempre é o interesse e o domínio de um ou outro bando com os usuais matizes nacionalistas. Nunca os interesses da classe trabalhadora que é a que morre e sofre as brutais consequências do desastre. Acaso alguém pode pensar que uma vez acabado este conflito bélico deixaremos de ser utilizados e explorados pelos capitalistas através do trabalho assalariado, que são os que a originaram?

Deve ficar claro que o que tem que defender a classe trabalhadora neste e qualquer outro conflito internacional, é o direito a conservar suas vidas. Nossa classe deve lutar contra a dominação capitalista e seus protagonistas que nos exploram em qualquer território, pois sua classe atua igual em qualquer parte do mundo, com guerras ou sem elas.

A classe trabalhadora deve responder com a desobediência aos mandos político e militar estatais. Se os capitalistas querem guerra que vão eles!

Assim como também com a desobediência fiscal. Se os capitalistas e seus governos são os interessados na guerra, que a paguem com seu dinheiro e não com o de nossos impostos! Se são eles que declaram e criam as guerras que sejam eles e seus políticos que se sacrifiquem e sofram suas consequências.

Nem um só euro dos e das trabalhadoras para a guerra dos capitalistas. Nem uma só vida do povo para defender interesses capitalistas.

CONTRA A GUERRA DO CAPITAL

GUERRA SOCIAL!

Comitê de Solidariedade dos Trabalhadores (Valladolid)

Março 2022

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Árvore curvada
tentando catar folhinhas
caídas no chão.

Lena Jesus Ponte