Memória | Anarquismo, Raça e Classe!

Por Marcolino Jeremias

Em destaque, foto de uma assembleia organizada pela Federação Operária do Rio de Janeiro, na sede do Centro Cosmopolita, em março de 1917, poucos meses antes da Greve Geral daquele ano. O objetivo daquela reunião era tomar medidas efetivas para conter os constantes ataques aos direitos dos trabalhadores que estavam acontecendo.

Segundo a imprensa oficial, um dos oradores foi o anarquista negro brasileiro, Candido Costa, carpinteiro de profissão, que proferiu um discurso sensacional, pela concisão e rigor da crítica exercida sobre as causas da premente condição em que se encontrava a classe trabalhadora.

Fala-se aqui – diz o orador – da crise, da miséria, da carestia, dos prejuízos gerais, mas nem sequer por mera curiosidade se consulta o operário (…) Nós os pobres, cuja pátria única é o mundo, devemos compreender o quanto somos usurpados em nossos direitos para que saibamos marchar para a sua reivindicação, convictos e enérgicos.

O orador falou na revolta dos negros em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, no tempo do cativeiro no Brasil, citando o heroísmo com que batalhavam e resistiam às próprias armas, a bem de sua liberdade. Transporta-se à revolução na Rússia, de que resulta o baque do déspota, e incita, por esses exemplos dignificantes, a assembleia, a secundá-los.

Neste diapasão, o orador prossegue, ainda por longo tempo, em seu discurso, e termina-o sob grandes aplausos da assembleia, confessando a sua confiança na ação dos trabalhadores. Nessa reunião também falaram os anarquistas: José Romero, Paschoal Gravina, entre outros…

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Sob o caramanchão
o céu,
noturna renda.

Yeda Prates Bernis