[Espanha] A 40ª graus e trabalhando em pleno sol. Não é uma morte, é um assassinato

Ontem, sábado (16/07), fomos informados da infeliz notícia da morte de um trabalhador de sessenta anos do serviço de limpeza da Prefeitura de Madri, após um golpe de calor que o fez desabar no meio da rua, no início da tarde e a uma temperatura superior a 40ºC, que foi a causa de sua morte.

Quando uma empresa e uma administração permitem que um trabalhador em seus 60 anos trabalhe ao sol, no meio de uma onda de calor, na hora mais quente do dia, e a mais de 40º Cº, não podemos, em nenhuma circunstância, falar de um acidente de trabalho; chamemos as coisas pelos nomes e digamos alto e claro que isto é assassinato, e que este trabalhador é uma nova vítima do terrorismo dos empregadores.

É decepcionante ouvir as declarações de certos políticos que, em vez de serem autocríticos e buscar soluções para garantir que eventos como este não voltem a acontecer, se dedicam a lavar as mãos da situação e a olhar para o outro lado. Como as feitas ontem pela Ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, em que ela culpa a morte deste trabalhador pela mudança climática e pela crise climática que dela deriva. Ela desviou o foco da clara responsabilidade da empresa de limpeza em Madri, que não tomou nenhuma medida prévia em termos de prevenção de riscos laborais, dada a onda de calor que estamos atravessando. E isso consistiria em alterar o horário de coleta de lixo e aumentar o número de funcionários, dadas as condições de trabalho.

Na CGT, estamos muito claros de que a mudança climática está afetando nossas vidas. Mudanças drásticas em nosso modelo de produção e em nosso modo de vida são necessárias para tentar conter as consequências do aumento da temperatura da Terra, o que, mais cedo ou mais tarde, nos levará ao colapso. Mas para a Ministra do Trabalho lavar as mãos do problema e usá-lo como desculpa para não assumir a responsabilidade por um evento tão grave é, no mínimo, escandaloso.

Este trabalhador não morreu por causa da mudança climática, ele morreu porque a empresa onde ele trabalhou (URBASER) permitiu que um homem de sessenta anos trabalhasse a mais de 40 graus Celsius. Ele morreu porque uma administração (Câmara Municipal de Madri) permite que a empresa com a qual privatizou este serviço tenha o pessoal trabalhando nestas condições. Está morto porque os governos locais, regionais e estaduais são incapazes de aprovar medidas para evitar essas situações, e apenas se dedicam a lançar recomendações e guias de boas práticas. Ele está morto porque a Inspetoria do Trabalho, que faz parte do Ministério do Trabalho, ignora as reclamações que são registradas com urgência sobre este assunto. Durante semanas, o inspetor não vai aos locais de trabalho para verificá-los.

A precariedade do trabalho em um setor como o de limpeza, que deveria ser público, desencadeia todos os sinais de alarme. Este serviço essencial é deixado nas mãos de empresas privadas, cujo primeiro e último objetivo é enriquecer, e mais uma vez estas empresas colocam os lucros à frente da vida dos trabalhadores, como no caso da morte deste trabalhador.

Da CGT exigimos a implementação de medidas urgentes para regular as duras condições de trabalho ao ar livre devido ao aumento das temperaturas. Quantas mais pessoas têm que morrer antes que o governo faça algo? Exigimos uma investigação rigorosa por parte do Judiciário sobre este caso. E exigimos da empresa URBASER a prestação de contas. É evidente que os protocolos para a prevenção de riscos ocupacionais devido às altas temperaturas não foram cumpridos.

Vamos chamar as coisas pelos nomes. Vamos lutar para que estes eventos não voltem a acontecer. Porque aqueles que estão morrendo são aqueles de nós que estão nos locais de trabalho, nestas condições subumanas e não aqueles que estão nos ministérios lamentando através de sua conta no twitter.

Fonte: https://rojoynegro.info/articulo/a-40-co-y-trabajando-a-pleno-sol-no-es-una-muerte-es-un-asesinato/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

Bolha de sabão.
Borboleta distraída…
Colisão no ar!

Fanny Dupré