Entre plantas e caminhos livres, vamos continuar…

“em nossos jardins se preparam florestas…” – rené char

Como noticiamos em nossa última verve, Peter Lamborn Wilson, inventor de Hakim Bey, morreu no primeiro semestre de 2022. O escritor e poeta antimilitarista abandonou o norte da América durante a guerra do Vietnã, em 1968. Perambulou por uma década no chamado oriente médio, conhecendo antigos bandos de poetas nômades e auxiliando na organização do Festival de Artes de Shiraz, no deserto do Irã.

Bey (Wilson) ficou conhecido, em especial, na ultrapassagem dos anos 1980 e 1990, com as publicações de Zona Autônoma Temporária (TAZ) Caos. Nesta época, ao retornar aos Estados Unidos, associou-se à Autonomedia, editora responsável pela publicação (sem copyright) de parte dos seus escritos. Menos dedicados a uma possível revolução localizada no futuro e mais preocupados em instigar práticas de ação direta no presente, os diversos ensaios do anarquista mobilizaram interessados na anarquia agora, nos instantes.

Contudo, ainda são pouco conhecidos, ao menos em português, as suas mais recentes reflexões. Uma parte considerável deste material foi publicada ainda em seus últimos anos de existência, quando mudou-se da cidade de Nova York para uma área rural às margens do rio Hudson. Distante da cidade, já exposto como Wilson, dedicou-se a processos artísticos e à produção de textos de combate contemporâneo à política e ao Estado.

Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, afastado da agitação da maior cidade dos Estados Unidos, o anarquista se deparou com a presença ainda mais marcante de uma sintaxe erigida por construções como “desenvolvimento sustentável” e “turismo verde”, os “cadáveres na boca de corretores imobiliários”, segundo ele. “‘Desenvolvimento sustentável’ – isso significa casas muito caras para idiotas de Nova York com vaga consciência ecológica (…). Falam de agricultura, reclamam muito, mas não fazem nada pelos agricultores familiares (…). Eles estão perfeitamente felizes em ver as antigas fazendas fecharem e construírem McMansões, desde que sejam ‘verdes’, é claro, com talvez um pouco de energia solar para que possam se gabar de como estão quase fora do sistema”, concluiu em uma entrevista.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://www.nu-sol.org/blog/hypomnemata-258/

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morro alto
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Ricardo Portugal