Opinião | Ô povo besta

Por V.C.C.O. | 16/09/2022

Na Inglaterra milhares de pessoas estão ficando em pé durante cerca de dez horas seguidas na fila para ver o corpo daquela que viveu praticamente um século parasitando as riquezas produzidas pelas trabalhadoras, enquanto o próprio filho dela ficou em casa e os netos estão passeando. Tem até populares passando mal na fila de tanto desgaste físico.

Como se vê, essa história de que é “só no Brasil” que o povo é besta não se sustenta: as milhares de imbecis que se matam aqui por Lula ou Bolsonaro (os quais gastam milhões do dinheiro público do fundo partidário em cada viagem de campanha que fazem) têm seus equivalentes em imbecilidade e masoquismo em populações de países considerados mais “desenvolvidos”.

O desabafo de Mikhail Bakunin em seu leito de morte, no final do Séc. XIX, infelizmente, continua válido: “como ter esperanças em uma emancipação da humanidade do jugo das dominadoras e exploradoras se os povos parecem não querer se libertar deste jugo.” (aliás, parece até amá-lo)?

A esperança (continuou Bakunin) é que esses grandes Estados e governos vão se entre-devorar em guerras atrozes por poder“, como, aliás, já estão fazendo agora (mais uma vez) na Europa.

Mas, infelizmente, até as ditas “anarcas” de hoje se deixam levar pela “vontade de submissão” (estão na onda da polarização política eleitoreira) e, por isso, provavelmente, essa autodestruição da “civilização” ocidental não ensejará o surgimento de nenhuma força social moralmente capaz de apontar rumos melhores para a reconstrução das sociedades em um sentido antiautoritário.

Chapéu de otária é marreta.

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