[Chile] Revolta cotidiana, até romper com tudo

A 3 anos da revolta de 18 de outubro, quando a raiva e a tristeza explodiu em gritos, barricadas, recuperações, saques, panelaços e assembleias territoriais, ações que temporariamente desestabilizaram a ordem do capital e nos mostraram possibilidades antagônicas a ele, e às quais o estado respondeu – como sempre – mediante a repressão exercida por ratis, pacos e milicos a serviço dos ricos, comemoramos a nossos compas assassinados, mutilados e sequestrados nas mãos das forças repressivas do estado chileno, os que lutaram e seguem lutando pela vida em liberdade.

Rememoramos e procuramos o desejo vivo que motivou a saída de milhares de pessoas às ruas, que longe de buscar respostas na deslegitimada institucionalidade – tal como querem nos fazer crer hoje na televisão e nas escolas – deram rédea solta a sua ira contra os símbolos do poder. No entanto e apesar da promessa de que o $hile seria a tumba do neoliberalismo, não foi sepultado o modelo mas que pelo contrário, com o pacto pela paz e o processo constituinte a social democracia fez sua jugada e nos introduziu no show eleitoral que finalmente só apaziguou os ânimos de revolta e nos deixou com um estado policial atualizado e uma ordem neoliberal ainda mais precarizada. Onde seguem havendo perseguições policiais em plena luz do dia, a super exploração das pessoas, seres vivos e da terra, sem vergonha continua. Onde cada dia sobe o preço do azeite, do pão, das coisas. Onde a saúde mental e pobreza seguem sendo um tema preocupante e que os culpados de nos mantermos enfermos e abatidos gozam de encher os bolsos. Seguimos dizendo já basta, já não ficamos calados e atuamos forte e claro.

A 3 anos da revolta apostamos por seguir tecendo comunidades de luta, onde o apoio mútuo, a desobediência e a ação insurreta nos abra o caminho a uma vida livre. A resposta segue estando nas ruas, nossos territórios e coletividades de modo a forjar outros modos de habitar e conviver.

A levantar a organização territorial!
Liberdade aos presos!
Esta vida urge desobedecê-la!
À rua até mudar nossa realidade!
Nos vemos no calor das ruas!

Chuchunko, 18 de outubro de 2022

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

A bola baila
o gato nem olha
salta e agarra 

Eugénia Tabosa