Pedro A. Moreno apresentou neste fim de semana seu novo livro em Malatesta Kultur Lubakia, em Bilbao, “nuevas Institucionalidades”. A aposta organizativa do ecologismo integral, na qual combina anarquismo, ecologismo, feminismo, confederalismo democrático e outros conceitos, com uma proposta concreta de transformação de nosso território.
Nos últimos anos a necessidade de organização é cada vez mais evidente. Está ocorrendo em torno das ideias marxistas, mas também em torno do anarquismo. A longa crise econômica, a expansão do capitalismo a todos os aspectos da vida, a radicalização da direita, a confirmação das piores perspectivas a respeito da mudança climática, o auge do militarismo, os limites do Estado-Nação para gestionar a situação, a tentativa de solução parlamentar e municipalista e seu fracasso, mas também experiências contemporâneas em outros territórios, debates e propostas no Sul Global, a expansão do feminismo, entre outros, são elementos que estão acelerando o debate organizativo e propositivo.
A proposta de Pedro A. Moreno se baseia na ecologia social, denominando-a ecologismo integral (que já havia trabalhado em seu anterior livro, Ecologismo Integral). Escolher este caminho, o ecologismo, não é uma frivolidade. Quando fala do ecologismo integral diz que, sim o planeta não tem futuro e que, portanto, é uma abordagem que deve influir em nosso entorno sociopolítico e meio ambiental. Por isso, o ecologismo integral que propõe é uma difusão teórica do pensamento libertário, o qual põe no centro do discurso a importância de defender o território e suas espécies, uma tradição libertária que, desde uma perspectiva pragmática, se combina nesta proposta política com outras tradições como as lutas obreiras, a autogestão, o feminismo e a história do movimento ecologista.
No livro se explica a proposta de ecologismo integral. Conhecer em profundidade de que trata o deixo nas mãos da leitora. Eu, em meu caso, fico com um elemento: a necessidade de novas instituições. No anarquismo vulgar costuma confundir-se as instituições com a administração pública ou com o Estado. Uma instituição, ao contrário, é uma prática que alcançou um amplo grau de aceitação social, são as normas de funcionamento da sociedade. Por isso, se queremos buscar e promover a transformação social, é imprescindível construir novas instituições. Isto o tinham claro os anarquistas clássicos, um dos quais é exemplos era Malatesta:
“A revolução é a criação de novas instituições, de novos agrupamentos, de novas relações sociais, a revolução é a destruição dos privilégios e dos monopólios; é um novo espírito de justiça, de fraternidade, de liberdade, que deve renovar toda a vida social, elevar o nível moral e as condições materiais das massas chamando-as a prover com seu trabalho direto e consciente a determinação de seus próprios destinos”. –Errico Malatesta, Pensiero e Volontá, 15/06/1924
Seguindo este caminho, Pedro A. Moreno faz uma proposta valente, enfatizando a importância das novas instituições. A colaboração é precisa, não cai no academicismo, mas que está feita para pô-la em prática na realidade do dia a dia. Toma como base o ecologismo, mas não qualquer tipo de ecologismo: um que o capitalismo não pode assimilar. Os projetos estatistas e reformistas do capitalismo estão neutralizando as propostas para tentar fazer frente à mudança climática, ao desastre ecológico e o decrescimento, em benefício deles mesmos. As propostas para um Green New Deal que fazem alguns partidos políticos mantêm a hegemonia neocolonial sobre o Sul. O Ecologismo Integral luta explicitamente contra isso. Por isso, neste contexto demolidor, propõe que os ecologistas sociais devem aceitar um roteiro pragmático, com a ajuda do decrescimento, como elemento vertebral para criar alternativas plurais e inovadoras. A que busca desprofissionalizar a política, a que vincula a autogestão a um novo tipo de cooperativismo, a que pretende garantir a participação efetiva das pessoas nas decisões que lhes afetam. Uma proposta que se centra em territórios concretos, nas bio regiões. proposta que combate com o nacionalismo estatista mediante o federalismo.
Para finalizar, “Nuevas Institucionalidades” é um ensaio que trata de propor como, onde e com quem trabalhar. Como enfatiza o autor, provavelmente muitas das respostas que se oferecem não sejam de todo satisfatórias e requeiram uma reflexão coletiva. Um processo no qual diferentes agentes sociais e pessoas deverão analisar o trabalho a realizar para aproximar-se ao maior consenso coletivo possível. Um livro escrito longe da ortodoxia ideológica que trata de unir pragmatismo e coerência.
ICEA
Tradução > Sol de Abril
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