O selo de Barcelona celebra três décadas fiéis a sua linha editorial que promove a crítica ativa.
Por Lídia Penelo
Um livro do historiador e militante anarquista Antonio Téllez Solà sobre o maquis foi o primeiro título da editora Virus em 1991, criada por um coletivo heterogêneo ligado ao Lokal, no bairro Raval de Barcelona. Concebida como um projeto editorial e de distribuição autogerido e assembleário, a editora Virus cresceu e continua a publicar ensaios, ficção e literatura infantil, em catalão e espanhol, com um compromisso com os movimentos sociais e a esquerda antiautoritária.
Desde a aventura dos primeiros títulos, 30 anos se passaram e a marca se consolidou como um alto-falante para diferentes movimentos sociais e políticos. Mas também se tornou uma editora de referência nos campos da memória histórica, anarquismo, marxismo, ecologia social, urbanismo, feminismo, crítica prisional, controle social, pedagogia crítica, antipsiquiatria e reflexão sobre movimentos sociais.
Para a equipe da Virus, o livro é “uma ferramenta para pensar a realidade de forma radicalmente crítica e para que esta crítica se torne uma ação eficaz nas relações de poder e nas práticas libertadoras”.
O caminho não tem sido fácil, porque a Virus foi construída seguindo lógicas bem diferentes das comercialmente aceitas e muito diferentes das impostas pela indústria editorial. “A persistência e o contágio das lutas são a chave para empurrar a realidade para além das margens impostas pela normalidade socialmente estabelecida”, assegura Virus.
Microfísica sexista del poder, de Nerea Barjola; Masculinidades y feminismo, de Jokin Azpiazu; ou o ensaio Caliban y la bruja, da filósofa ítalo-americana Silvia Federici, são alguns dos títulos com temas feministas que Virus publicou em seus primórdios e que foram uma declaração de intenções. Mas olhando para trás em seu catálogo, a luta da Virus é ampla e ela também publicou livros críticos dos efeitos dos Jogos Olímpicos de 1992, ou da economia neoliberal.
Quatro títulos especiais para celebrar o evento
Agora, para celebrar o aniversário, a editora está publicando quatro títulos que condensam seu trabalho social e político: Realisme Capitalista, de Mark Fisher, que aborda e aprofunda a impotência que reina não apenas na cultura oficial, mas também nas resistências que se lhe opõem; Margenes y umbrales, de Núria Benach e Manuel Delgado, uma reflexão sobre o espaço público sobre a qual eles falaram recentemente em uma entrevista no Público; Trabajo sexual con derechos, de Gillian Abel e Lynzi Armstrong, uma tentativa de fortalecer a legitimidade, os direitos e a capacidade organizacional dos trabalhadores do sexo; e a republicação de Matar al chino, de Miquel Fernández González. Um livro sobre o bairro Raval que mostra como todos os poderes políticos que têm governado a cidade têm mantido políticas de controle e perseguição social visando sitiar aquelas realidades sociais que não se encaixam nas novas diretrizes de planejamento urbano.
agência de notícias anarquistas-ana
Traçando os baralhos
confundo na noite o mundo
de alhos com bugalhos.
Luciano Maia
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!