
Por Nerea González | 13/01/2023
Uma padaria nos arredores de Paris combina a clássica culinária francesa com a teoria política anticapitalista.
La Conquête du Pain (A Conquista do Pão) leva o nome de um texto escrito por um dos mais renomados analistas políticos anarcocomunistas, o russo Peter Kropotkin.
“Somos donos do nosso trabalho, não há intermediários nem patrões que se aproveitem dele”, disse à Efe o mexicano Ricardo Alvarado, um dos seis trabalhadores que atualmente operam a padaria.
Localizada em uma esquina da cidade de Montreuil, a pouco mais de meia hora de transporte público do centro de Paris, a padaria foi inaugurada em 2010 inspirada na filosofia de Kropotkin.
Thomas Anestoy e Pierre Pawin, fundadores do projeto, queriam demonstrar como os trabalhadores podem se autogerenciar e dominar a mais básica das necessidades humanas – o pão.
“O importante é mostrar que o modelo funciona, que se pode trabalhar sem patrão e que se pode vender pão a preços acessíveis a todos (…)”, diz Bertrand Boulmé, outro dos trabalhadores.
Anestoy e Pawin não trabalham mais no La Conquête du Pain, mas outras equipes cuidam do projeto.
“Para nós, o importante não é ganhar dinheiro, não é ficar rico. O objetivo é pagar o aluguel, pagar os fornecedores e pagar a nós mesmos. Não há objetivo capitalista, apenas custo-benefício”, diz Boulmé.
Montreuil é uma área tradicionalmente da classe trabalhadora e imigrante, embora os trabalhadores digam que ela foi gentrificada nos últimos anos.
A padaria oferece uma tabela de preços “normal” e “crise” para os mesmos produtos, tornando-a adequada para quem tem orçamento limitado
O produto principal da padaria francesa, a baguete artesanal — recentemente classificada pela UNESCO como patrimônio cultural imaterial — tem um preço reduzido de 0,75 euros e um euro para todos os outros clientes.
Outras empresas vendem baguetes por mais de 1,20 euros, ou mesmo por 1,60 euros, nos locais mais caros de Paris, mas face à inflação, La Conquête du Pain decidiu manter a baguete a um euro.
“Pela eletricidade, pagávamos uma fatura de 700-800 euros e a fatura de novembro era de 1.600 euros”, diz Alvarado.
Neste Natal, padeiros na França lideraram protestos contra o governo do presidente Emmanuel Macron por causa dos preços excessivos de energia.
Em resposta, em 6 de janeiro, o presidente francês anunciou medidas de alívio para as pequenas empresas, para evitar, entre outras coisas, uma nova alta no preço do pão.
Manter este “negócio anarquista” funcionando em 2023 é “difícil”, admitem os próprios padeiros, mas para eles é uma opção preferível a prestar contas a um patrão.
Fonte: https://efe.com/en/other-news/france-culture/
Tradução > Contrafatual
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de verão
figueiras enfarinhadas
Rogério Martins
Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!