Mais uma vez, estamos batendo o tambor na esperança de que o Estado ouça nossas queixas. Mas sabemos que os governos, independentemente de sua ideologia, precisam inevitavelmente encontrar fundos para administrar suas estruturas impostas por esse sistema estatal capitalista. Esses Estados precisam de exércitos, gendarmes, forças policiais, serviços secretos, prisões…, para que a injustiça social reine e continue, pois nesse sistema, baseado na acumulação, é preciso haver pobres para que haja ricos.
Talvez sejam necessárias algumas explicações sobre o funcionamento desse sistema político-econômico.
Os Estados, os principais pilares do capitalismo, uma vez que vivem dos impostos sobre a mais-valia que compõe os lucros das empresas e dos salários (seus próprios salários e os salários sociais falsamente chamados de “encargos”) têm apenas essas duas fontes de financiamento como solução.
Mas estamos em uma era de globalização e racionalização da tecnologia. A primeira é a concorrência entre as empresas, forçando a produção a um custo menor, e a segunda é a redução do número de funcionários, a única fonte de valor, permitindo a produção de cada vez mais bens.
Pois o valor é uma função do número de horas prestadas pela força de trabalho e do número de produtos gerados. Ao reduzir o número de funcionários e aumentar a produção, o valor diminui, o preço de venda pode e deve sempre cair para se adequar à concorrência internacional, há menos lucros e, portanto, menos mais-valia também.
Por um lado, os estados, portanto, cobram menos impostos das empresas e, ao fornecer a elas, por lei, os meios de isenção, para permitir que invistam a fim de permanecerem competitivas internacionalmente, eles garantem um mínimo de receita. Por outro lado, para evitar a inflação, os salários foram congelados e o acesso ao crédito foi facilitado. As fontes de receita dos estados estão encolhendo a cada ano!
Então, onde eles encontrarão o dinheiro? Os estados só precisam ganhar dinheiro, você dirá! E o que dizer do ISF (NdT: imposto sobre a fortuna)?
No entanto, isso é um mal-entendido sobre o funcionamento interestadual dos bancos nacionais. A contabilidade de dupla entrada exige um equilíbrio entre créditos e débitos. Se o Banco da França tomar emprestado euros do Banco da Europa (BCE), ou se o Banco de Madagascar tomar emprestado do Banco Mundial (BM), por exemplo, as somas emprestadas serão registradas na coluna de débito do credor. Cria-se uma dívida e o dinheiro, uma vez devolvido, será anotado na coluna de crédito, depois será queimado, restando apenas os ágios. Quanto ao ISF, transformado em 2017 no imposto sobre o patrimônio imobiliário (IFI), a solidariedade de classe obriga, serve principalmente para impulsionar o investimento em empresas (Les Echos, 30 de setembro de 2019).
Os Estados, por causa da contradição sistêmica (diminuição do valor pela racionalização tecnológica), são obrigados a encontrar fundos para evitar a falência a longo prazo e são sempre, em nossa classe social, os menos organizados que serão o objeto da drenagem!
Não estamos mais na década de 1970, a distribuição equitativa da mais-valia (ideologia marxista) não é mais possível devido à evolução do sistema de estado capitalista que, lembremos, é dinâmico e não implica em um possível retorno ao passado!
É hora de mudar a sociedade!
Vamos passar de um estado-nação competitivo e belicoso para um federalismo anarquista baseado em um pacto pacífico e de ajuda mútua! Vamos passar de uma economia capitalista baseada na acumulação destrutiva sem fim para uma atividade distributiva baseada em “de cada um de acordo com suas possibilidades, para cada um de acordo com suas necessidades!”
Então, vamos partir para a anarquia! Primeira parada: a greve!
E “alegremente, de braços dados” (como diz a música), e se ocupássemos nossos locais de trabalho? É por meio da ação direta e do federalismo intercorporativo que conseguiremos salvaguardar nossas conquistas sociais! Vamos estabelecer a igualdade salarial em cada um de nossos locais de trabalho! E quem sabe, se os trabalhadores de outros países fizerem o mesmo, poderemos tentar a gestão direta em ajuda mútua e acabar com as classes sociais, os empregadores, os assalariados, o valor, o dinheiro, a mercadoria, o Estado e suas fronteiras.
Fonte: http://www.cnt-ait.fr/les-etats-seront-toujours-nos-ennemisquelle-que-soit-lideologie-qui-les-anime/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Tangerina cai
e a casca ferida exala
gemidos de dor.
José N. Reis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!