Equador recorre ao exército para que empresa canadense possa explorar ouro

Por Ñaní Pinto | 20/07/2023

Comunidades indígenas e camponesas do Equador denunciam o governo pelo uso das forças armadas para executar uma suposta “consulta ambiental”, proposta emitida pelo mandatário deste país, Guillermo Lasso, mediante o decreto 754, para permitir a exploração do projeto de mineração La Plata, nas mãos da empresa canadense Atico Mining.

Os habitantes da freguesia de Palo Quemado na província do Cotopaxi, região central do Equador, junto à Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), denunciaram que o governo de Lasso militarizou a região para levar a cabo esta consulta que permitirá à canadense Atico Mining explorar ouro, cobre, prata e zinco em uma área que compreende 2 mil 222 hectares, entre as comunidades San Pablo de La Plata e Las Minas.

Cabe destacar que nesta região confluem 10 corpos hídricos, estuários e desfiladeiros, e um ecossistema de bosque que faz parte da Cordilheira Ocidental dos Andes, do qual dependem diversas populações.

As ações contra estas comunidades começaram desde 9 de julho na freguesia Palo Quemado e se mantêm até o fechamento desta reportagem. Os inconformados denunciam que o governo “busca impor pela força uma consulta ambiental ilegal, proposta mediante o decreto 754 que permite a imersão de mineradora nos territórios”.

Estas comunidades qualificaram o decreto 754 como “inconstitucional” porque, argumentam, “facilita às empresas mineradoras o despojo dos territórios sem que lhe importem a opinião e decisão das comunidades não consultadas”.

Após esta imposição diversas expressões de resistência se somaram ao rechaço deste projeto, como ativistas, artistas e personalidades reconhecidas no Equador. A organização Acción Ecológica se pronunciou em uníssono “para exigir que se detenha esta consulta ilegal. Assim como a retirada imediata da força Pública que tomou posse da freguesia originando tensão e medo na população e nas comunidades próximas como Las Pampas, Galápagos, La Florida, Las Juntas, Campo Alegre Alto e Bajo”, denunciaram em um comunicado.

La plata

O projeto minerador La Prata é um projeto de sulfetos maciços vulcânicos que tem projetado extrair 12,9 gramas de ouro para cada tonelada extraída de rocha e outros componentes minerais. Com o método da mineração subterrânea, que vai perfurando mediante túneis e vai preenchendo com uma mistura de cimento, a empresa projetou extrair 900 toneladas diariamente.

A empresa canadense por sua parte informou que já investiu mais de 16 milhões de dólares para atividades prévias, realizadas “com altos padrões técnicos e com maquinaria minimamente invasiva”. Não obstante, as comunidades afetadas se mobilizaram para rechaçar este projeto minerador pelos possíveis impactos negativos para toda a região, por isso se declararam em “alerta”.

Só na província do Cotopaxi existem por volta de 250 concessões mineradoras situadas em três cantões.

Portanto, a CONAIE comunica: “exigimos do governo nacional de Guillermo Lasso a revogação do decreto 754 que é inconstitucional, e retirar a força pública do território comunitário e que este contingente saia para enfrentar a insegurança do país e não sirva para amedrontar agricultores, camponeses e famílias que sustentam a soberania alimentar no país”.

Fonte: https://avispa.org/Equador-recurre-al-ejercito-para-que-empresa-canadense-pueda-explorar-ouro/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

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