Milícias, racismo e clima de medo na Grécia

Apareceu um vídeo da presença contínua de grupos de Milícias na região de Evros. Mostra um homem com óculos escuros, seu amigo e as quatro pessoas às quais obrigaram a atirar-se ao chão, uma das quais parece ter sido golpeada. Estes grupos caçam pessoas em movimento e pedem, com aparente impunidade, apoio para suas ações nas redes sociais. Incidentes documentados anteriormente registram o uso de rifles de caça.

O discurso público e político racista e anti-imigração está exacerbando o perigo que as pessoas enfrentam e permite circunstâncias que vão desde o absolutamente estranho: um grupo de 49 pessoas, incluídas crianças, se veem obrigados a dormir durante quatro dias em uma parte de escadas em Kastelorizo sem o acesso a alimentos, água ou instalações higiênicas (até o absolutamente ilegal): o sequestro, o encarceramento e o espancamento de 13 pessoas por parte de um grupo de milícias vigilantes.

A milícia levou estas pessoas à polícia e afirmou que haviam cometido uma detenção cidadã de incendiários. Os 13 já foram postos em liberdade porque não havia provas. Este clima também criou um ambiente cada vez mais mortal na Grécia para as pessoas em movimento, com uma pessoa morta e quatro feridas perto de Doriko em Evros no sábado e cinco vidas perdidas no mar frente a Samos e Lesbos na segunda-feira.

As pessoas continuam fazendo a viagem porque não tem mais remédio que fazê-lo. No entanto, a situação significa que suas vidas seguem em perigo inclusive quando chegam a Grécia. As famílias se escondem no bosque da polícia apesar de suas graves condições médicas por medo a serem rechaçadas e golpeadas. Para as pessoas solidárias é difícil rastrear seu destino, já que com muita frequência lhes tiram seus telefones e seus pertences, e a comunicação pode interromper-se repentinamente. Este é o caso de 13 das 43 pessoas que chegaram às ilhas este fim de semana. Recentemente se soube que outro grupo de 13 pessoas se encontrava em Evros, incluída uma mulher com um braço quebrado, mas agora não se pode contatar com eles, enquanto que o número de mortos pelo incêndio na mesma região aumentou de 18 para 20.

Algumas pessoas nunca são encontradas; se o são, muitos corpos nunca são identificados. É demasiado fácil para uma pessoa desaparecer na Grécia e ser enterrada sem nome, longe do que alguma vez foi seu lar e sem o conhecimento de sua família. Este é o verdadeiro rosto da Europa e a realidade da Grécia.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2023/09/01/militias-racism-and-a-climate-of-fear-in-greece/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

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Rodrigo de Almeida Siqueira