O que está a acontecer no Oriente Médio é mais uma peça do terrível conflito que dura há várias décadas, desde a ocupação israelita da antiga Palestina. Cercados, vítimas dum apartheid violento que dura há gerações, expulsos das suas terras e casas, os palestinos recusam-se a submeter às imposições israelitas e, ao longo, da história têm-no provado.
De um lado e do outro, têm-se também sucedido as maiores atrocidades, conduzindo a uma radicalização de posições. A mera ideia (conservadora) da criação de um estado palestino tem sido sempre recusada por Israel.
O ataque agora desencadeado pelo Hamas, a partir da faixa de Gaza, e a violenta resposta de Israel, integram-se neste contexto, mas os fins não podem justificar todos os meios.
O Hamas é um movimento integrista islâmico para quem todos os métodos de resistência são legítimos e a matança de civis, sem qualquer conexão com o aparelho repressivo do Estado israelita, é um deles, declarando que entre os ocupantes não há inocentes – e o massacre de mais de duas centenas de jovens que participavam num festival de música junto à fronteira é apenas um exemplo.
Mas a resposta desproporcionada de Israel, visando sobretudo a população e alvos civis na Faixa de Gaza, alvo de bombardeamentos constantes, cortando a eletricidade, a água e a entrada de bens alimentares, assume os mesmos contornos de violência indiscriminada.
Enquanto anarquistas defendemos o direito (e até o dever) dos povos subjugados e colonizados à revolta, mas não aceitamos que os meios utilizados se sobreponham aos fins que queremos alcançar: uma sociedade de iguais, sem exploração nem opressão. Daí, embora solidários com a luta do povo palestino, não podemos estar solidários com as ações e as organizações que propugnam a abolição do outro, esquecendo que apenas há uma raça humana e que as fronteiras, as religiões, as pátrias, os identitarismos nunca serviram como alavancas da liberdade.
Mais uma vez, como tantas vezes na história, a revolta dos oprimidos não pode ser sequestrada por organizações similares àquelas que se pretendem combater.
Como todos sabemos, quer o Hamas, quer o governo de Israel não são “flores que se cheirem”, por isso os apelos ao apoio a um ou a outro são apenas formas encapotadas de adiar a construção da paz.
Numa situação como esta todos os esforços devem ser feitos para que as armas se calem e que se impeça a chamada invasão terrestre anunciada por Israel, que culminará num banho de sangue da população palestina.
E, num outro plano, que todos os esforços, em termos populares e da cidadania, de um e outro lado da barricada, sejam para o estreitamento de laços e de redes de solidariedade que levem à derrota quer do Hamas, quer do Estado de Israel, agora representado pela sua ala política e militar mais radical, permitindo uma coexistência igualitária das várias comunidades presentes naquele território, para além dos estados, das fronteiras, das religiões e da origem étnica de cada uma.
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agência de notícias anarquistas-ana
tanto ao lado da chaminé,
como ao lado da porta –
o gato gelado
Jadran Zalokar
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!