O conflito na Palestina é um exemplo trágico dos efeitos devastadores da opressão estatal e das lutas pelo poder numa região que há muito é o epicentro de tensões geopolíticas. De uma perspectiva anarquista, é importante ver este conflito à luz da luta pela liberdade, justiça e solidariedade entre todas as pessoas.
Em primeiro lugar, deve reconhecer-se que tanto o Estado de Israel como as facções palestinas utilizaram táticas e estratégias repressivas que resultaram em violência, opressão e sofrimento entre as populações civis. Os anarquistas defendem a abolição de todos os estados e o autogoverno das comunidades locais, onde as pessoas têm o direito de tomar decisões que afetam diretamente as suas vidas, independentemente dos líderes políticos ou militares. No conflito Israel-Palestina, vemos como os estados e os líderes políticos perpetuam um ciclo interminável de violência e repressão.
A solução não reside na criação de um novo Estado ou na expansão das fronteiras de uma já existente, mas na construção de comunidades baseadas na cooperação e na solidariedade entre todas as pessoas, independentemente da sua origem étnica ou nacionalidade. Em vez de olhar para líderes ou políticos que prometem soluções, os anarquistas defendem a organização de baixo para cima, onde as decisões são tomadas em assembleias populares e onde a justiça é alcançada através do diálogo e da reconciliação, em vez da imposição estatal.
Além disso, é importante reconhecer a importância da solidariedade internacional na luta contra qualquer opressão na Palestina. Os anarquistas acreditam na unidade da classe trabalhadora e na solidariedade entre os povos oprimidos em todo o mundo. O que é claro para nós no conflito Israel-Palestina é a necessidade de as pessoas de todo o mundo se unirem em apoio à justiça e à dignidade para todas as pessoas na região. Isto envolve pressionar os governos e as empresas que apoiam a opressão na Palestina, bem como trabalhar em redes de apoio mútuo e solidariedade com as comunidades afetadas.
O conflito na Palestina é uma lembrança dolorosa dos horrores da opressão estatal e das lutas pelo poder. A verdadeira solução é abolir os Estados e criar comunidades autónomas baseadas na cooperação e na solidariedade. Chegou a hora de agir conscientemente contra o militarismo na Palestina e em todo o mundo – um militarismo que justifica a guerra fratricida entre os povos e legitima a exploração capitalista apoiada por governos e estados. A solidariedade internacional é fundamental nesta luta pela justiça e pela dignidade na Palestina e em todo o mundo.
Este não é um caminho curto ou fácil. A resolução da situação de guerra requer medidas concretas de um ponto de vista antimilitarista. Das nossas comunidades para o mundo. Cada um de nós é um agente de mudança, participando em campanhas antimilitaristas que conduzam à redução das despesas militares, à redução e abolição dos exércitos e à resolução pacífica de conflitos entre nações. A verdadeira luta não é entre povos irmãos, mas contra o império do capital, que todos os dias causa sofrimento a milhões de pessoas através da opressão, da exploração e da guerra.
Pedro Peumo
Fonte: https://revistalibertaria.cl/guerra-en-palestina-una-mirada-desde-el-anarquismo/
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