A guerra está mais uma vez devorando a região da Palestina/Israel. Desta vez, foi o Hamas que tomou a iniciativa de desencadear a barbárie. Ele não está sozinho nesse ataque, pois os agressores da PFLP também participam das ações armadas. As imagens são insuportáveis: civis assassinados na rua ou em suas casas, feitos reféns. Se o governo israelense está adotando uma política que até mesmo o ex-diretor dos serviços secretos israelenses, Tamir Prado, descreveu como apartheid, isso não pode justificar o assassinato de civis a sangue frio. Isso é tão repreensível quanto quando o exército israelense mata civis palestinos!
A resposta militar do governo israelense será, sem dúvida, igualmente terrível e indiscriminada. Prédios em Gaza já foram bombardeados e a eletricidade foi cortada em todo o território.
Só podemos expressar nossos mais profundos temores pelas populações civis da região, tanto palestinas quanto israelenses, que estão sendo mantidas reféns de seus respectivos governos nesse conflito, especialmente porque essas mesmas populações vêm se manifestando há meses CONTRA seus próprios governos e suas políticas mortais. Nas últimas semanas, e em especial no dia 30 de julho, milhares de palestinos se manifestaram em Gaza contra as políticas do Hamas sob o slogan “Queremos viver”. Ao mesmo tempo, em Israel, dezenas de milhares de israelenses saíram às ruas em diversas ocasiões para protestar contra as políticas do governo de direita, que não conseguia mais controlar as manifestações e caminhava para o colapso.
Portanto, o ataque do Hamas ocorreu em um momento em que – em ambos os lados do muro da vergonha – as pessoas estavam começando a se organizar contra seus líderes. A violência desencadeada por esse ataque, ao contrário, apenas aproximará as pessoas em torno desses líderes corruptos, reforçando os sentimentos nacionalistas, alimentados por desejos mútuos de vingança. Em Gaza, o Hamas está convocando uma união sagrada por trás de sua bandeira. Netanyahu já anunciou um governo de unidade nacional; os milhares de soldados da reserva que estão em greve há semanas para protestar contra as políticas ditatoriais de Netanyahu anunciaram que estão suspendendo a greve!
Esse ataque ocorre em um momento em que o líder do Hamas se encontrou com o aiatolá Ali Khamenei em Teerã, em junho passado, e quando a Arábia Saudita – um regime odiado pelo Irã – está em meio a discussões com Israel sobre o estabelecimento de relações oficiais. O Hezbollah, fantoche terrorista do Irã, já anunciou que “a ofensiva do Hamas contra Israel é uma mensagem para aqueles que buscam normalizar as relações com (Israel), para dizer que a causa palestina não está morrendo“. Depois da população israelense, é o povo de Gaza que vai pagar o preço desses jogos sangrentos entre Estados para afirmar seu poder.
Mais uma vez, aqueles que decidem as guerras não são os que morrem nelas… Mais uma vez, é a população civil que pagará o preço, de Sderoth a Gaza. Todas as ideologias usadas pelos que estão no poder, ou seja, o nacionalismo e a religião, são os pilares dessa lógica assassina que leva as pessoas a se matarem umas às outras para o maior lucro dos governantes deste mundo.
Nem Hamas nem colonização! Enquanto houver Estados, haverá guerras!
ABAIXO TODOS OS EXÉRCITOS, ABAIXO TODOS OS ESTADOS!
Paris, 8 de outubro de 2023.
CNT-AIT Paris Banlieue
cnt-ait.info
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agência de notícias anarquistas-ana
sobre um ramo seco
uma folha se pousa
e trina ao vento
Rogério Martins
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!