Secretaria Internacional da CNT – 10 de outubro, 2023
Desde sábado, 7 de outubro de 2023, temos testemunhado com total consternação uma escalada brutal da guerra na Palestina. Milhares de mortos e feridos entre as operações “Tormenta de Al Aqsa” e “Espadas de Ferro”.Isso é tão previsível quanto inevitável.
Diante dessa situação, a CNT quer denunciar a maneira como os Estados, reconhecidos ou não, lidam com a população, como peças em um tabuleiro de jogo internacional, onde as pessoas comuns perdem suas vidas, casas, entes queridos, escolas, hospitais e… futuro. Nossa visão como internacionalistas e antiestatistas se opõe ao reconhecimento do direito do poder militar e político – de qualquer Estado – de sacrificar a vida de trabalhadores, operários, crianças, pessoas de qualquer crença ou origem.
Hoje, uma população encurralada em uma prisão a céu aberto, condenada a sufocar seus meios básicos de subsistência devido ao intolerável apartheid praticado pelo Estado de Israel, tem de sofrer, além disso, a hipocrisia repugnante de sua própria classe política e de outras classes políticas: o terrorismo é isso, mas não aquilo. E, embora não sejamos atingidos por mísseis aqui, somos atingidos pela manipulação da mídia, por meio de slogans vergonhosos que são infinitamente replicados uns pelos outros, sem qualquer pudor.
Justamente quando o apoio tradicional das poderosas ditaduras árabes já havia diminuído o suficiente a ponto de aceitar explicitamente a situação de fato, um levante de outras peças do tabuleiro de xadrez – coincidindo com o 50º aniversário dos eventos do Yom Kippur – coloca a Palestina (ou o que restou dela) de volta no mapa.
E temos muitas perguntas sem resposta: é crível que o MOSAD não soubesse disso ou não o tenha apreciado? Talvez isso tenha sido permitido para dar o golpe final de uma extrema-direita mais instalada do que nunca no poder? Existe realmente uma diferença útil entre a direita sionista e a esquerda sionista? Estamos falando de conflito ou colonialismo? E, acima de tudo, existe algum lugar para onde os habitantes de Gaza possam fugir a fim de se salvar?
Muitas perguntas e poucas respostas, por isso nós, trabalhadores, trabalhadoras e povo do Oriente Médio, queremos dizer isso a vocês:
– Rejeitamos profundamente a política de apartheid exercida pelo Estado de Israel, porque é uma violação grosseira dos direitos humanos e um crime contra a humanidade.
– Abominamos a hipocrisia com que esses sistemas e práticas são condenados ou justificados, dependendo de onde são aplicados.
– Incentivamos, como trabalhadores de comunicação, a denunciar a evasão da mídia em reconhecer atos cruéis ou desumanos no contexto de um regime institucionalizado de dominação sistemática com a intenção de se manter.
– Identificamos esse apartheid pelo que ele é: um sistema de tratamento discriminatório prolongado e cruel de membros de um grupo por membros de outro, com a intenção de controlá-los.
– Somos solidários com as pessoas que estão tentando levar sua existência nessa parte do mundo, independentemente de sua origem, porque todos os seres humanos têm direitos iguais.
– Condenamos qualquer ataque a civis, independentemente de seu status, nação ou religião, e defendemos a abolição de fronteiras, muros, cercas e arame farpado, bem como o direito de retorno dos refugiados.
– Excluímos a ideia de mais estatismo como saída: dois Estados não são a solução.
– Repudiamos qualquer forma de racismo, islamofobia ou antissemitismo, mas também o militarismo e o nacionalismo, aspectos instrumentais do capitalismo e distrações genuínas da luta de classes.
– Consideramos a desobediência civil como um direito, pois nenhum ser humano deve ser forçado a pegar em armas, fabricá-las ou traficá-las.
Na CNT, achamos que esse não é um jogo em que podemos tomar uma posição e tudo está resolvido. Estamos cientes de que estamos diante de uma questão tão simples de entender quanto terrível: se a impunidade generalizada for mantida ao longo do tempo, por não ser mais suportável – eventualmente – ela terá de explodir.
Porque mais Estado não é a solução. Como mais exército não é a solução, porque a luta contra o capitalismo não tem fronteiras, o antimilitarismo é possível.
Fonte: https://www.cnt.es/noticias/cnt-ante-el-agravamiento-de-la-guerra-en-oriente-proximo/
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https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/10/12/franca-parem-com-a-barbarie/
agência de notícias anarquistas-ana
Noite fria.
Mundo em silêncio.
Tosse ao longe…
Gustavo Alberto Corrêa Pinto
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!