[Portugal] Cada um sabe de si, deus de ninguém…

Não é compatível com qualquer posição libertária a defesa de grupos religiosos fundamentalistas em nome de qualquer nacionalismo ou anti-imperialismo.

Por M. Ricardo de Sousa | 15/10/2023 

1 – Como libertário sou radicalmente crítico do uso do terrorismo seja por Estados seja por grupos e fracções armadas, definindo-se o terrorismo como o uso de violência indiscriminada contra pessoas comuns visando obter a intimidação ou submissão dessas pessoas num dado conflito político. O uso da violência revolucionária e da acção directa é um problema distinto que deve, no entanto, levar em conta os objectivos e alvos, na luta social, que devem ser necessariamente membros das classes dominantes e estruturas armadas que as servem.

2 – No conflito Israel / Palestina deve ser levado em conta a existência de duas comunidades, divididas elas também em classes e grupos com interesses conflitivos, não se podendo negar o direito das comunidades palestinianas às suas terras e organizar livremente as suas instituições mesmo defendendo, como libertários, que as instituições Israelistas e Palestinianas não devem ser submetidas às determinações religiosas e devem consagrar todos os direitos e liberdades conquistadas pelos povos. A coexistência desses dois povos e culturas semitas não é compatível com a ocupação e expansionismo terrorista sionista, nem com uma política de expulsão de cada uma dessas comunidades desses territórios como defendem sectores muçulmanos em relação aos judeus e sectores fundamentalistas judaicos em relação aos palestinianos. Só podendo ser levado em conta, neste momento e a curto prazo, as decisões históricas da ONU, dos dois Estados, mesmo sendo nós contra a existência de Estados como solução definitiva para o auto-governo dos povos.

3 – Não é compatível com qualquer posição libertária a defesa de grupos religiosos fundamentalistas em nome de qualquer nacionalismo ou anti-imperialismo, temos de considerar esses grupos armados fundamentalistas como inimigos de todos os povos, mesmo daqueles em nome do que dizem combater. Grupos como o Hamas, Daesh e Al-Qaida, e similares, são assumidamente fundamentalistas religiosos, reacionários e fanáticos milenaristas que não podem merecer qualquer solidariedade das correntes libertárias que se situam nas antípodas do seu pensamento e prática e partilham uma tradição da luta social e operária anti-clerical, anti-capitalista e anti-estatista.

Fonte: https://passapalavra.info/2023/10/150300/

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