[Porto Alegre-RS] 8M Anarquista Anticarcerário

Acreditamos que através da autonomia e de práticas autogestivas, e também da luta revolucionária, que é possível que exista uma real modificação dentro da sociedade. Não buscamos apoio de partidos políticos, não queremos palanques, não atuamos em torno de políticas públicas. Nossa ação é direta e concreta em contra do sistema, não fazemos acordos e não estamos dispostes a compactuar com a cooptação de um movimento tão potente que foi criado em torno de muita luta. Nós ocupamos os espaços porque é necessário que sejam ocupados, e nos movimentamos porque acreditamos que é possível através de nossas práticas a mudança que queremos realizar.

Por isso, sentimos a necessidade de fazer esse chamado, a ocupar a rua em frente ao Presídio Estadual Madre Pelletier, a lembrar de tantas e tantas que são encarceradas pelo Estado genocida, e a reivindicar que faltam muitas dentro da luta feminista e dentro do 8M.

O 8M na cidade de Porto Alegre é um movimento antigo, que surgiu de uma necessidade de reparação por todas as mortes, sexismo, machismo, misoginia, lesbofobia e transfobia que são sustentados por um Estado patriarcal, genocida, racista e colonialista. Nós respeitamos a força que foi empenhada na construção desse espaço, e também entendemos que ele surgiu de muitas mobilizações, organizações e pessoas independentes que enxergam uma necessidade de ocupar as ruas nesse dia para reivindicar melhorias e mudanças sociais palpáveis na vida das mulheres e das pessoas trans. Contudo, há alguns anos, enxergamos uma cooptação do movimento por parte de partidos políticos e institucionalizações, muitas vezes retirando o caráter independente e revolucionário do mesmo. Há anos observamos o 8M ser palanque para futuras candidaturas políticas e com um discurso de massificação, que compromete as revoluções que almejamos e a potência revolucionária da luta feminista.

Além disso, também visualizamos recortes sociais distintos, para quem está direcionada essa luta, e para que finalidade, visto que se não nos involucramos em outros espaços e causas, esquecemos de quem está às margens.

As cárceres são um projeto cruel e um depósito de rejeitades do sistema. É um meio de punir as pessoas que tiveram práticas em contra dessas leis forjadas pela institucionalidade. Toda pessoa presa, é política, até que todos os muros caiam, não descansaremos. No Brasil, as cárceres possuem classe social e cor. Depois de sequestradas e encarceradas, passam a ser estigmatizadas e esquecidas dentro de um ciclo infinito de punição e rechaço, e muitas não conseguem se desvencilhar ou passam sua vida inteira fechada em um espaço específico e controlado. Nós nos posicionamos contra esse espaço, acreditamos em outras maneiras de fazer reparação social.

Convidamos a todas as pessoas a estar presentes conosco, no dia 8 de março de 2024 a partir das 10h em frente ao Presídio Estadual Madre Pelletier, a ocupar o espaço, a demonstrar nossa solidariedade às companheiras e companheires sequestrades pelo Estado, e a denunciar que enquanto não estamos todes livres, não podemos descansar até que essa realidade seja possível.

Convidamos também às mulheres e pessoas trans a trazer sua arte, seu manifesto, sua poesia, sua música, sua performance para manifestar seu inconformismo com o sistema patriarcal e sua solidariedade com as mulheres e pessoas trans sequestradas pelo Estado.

POR UM 8M ANARQUISTA E ANTICARCERÁRIO!

ABAIXO OS MUROS DAS PRISÕES!

NÃO ESTAMOS TODAS, FALTAM AS PRESA

agência de notícias anarquistas-ana

o vôo dos pombos
interrompe
o jogo das crianças

Ion Codrescu