Neste primeiro de abril lembramos que há 60 anos os militares, apoiados pelas elites brasileiras, setores reacionários e pelo imperialismo ianque, conseguiram dar um golpe de Estado e estabeleceram uma sanguinária e violenta ditadura militar.
Sabemos o papel que os militares tiveram na República brasileira. Apesar de todo um movimento popular republicano, são os militares que derrubam dom Pedro II e dão inicio a república brasileira em 1889 com o claro objetivo de evitar que o processo republicano contestasse os privilégios de classe da classe dominante agrária da época.
Porém, houveram vários momentos em que setores militares se insurgiram contra seus superiores. A revolta da Chibata, o tenentismo, a Coluna Prestes, são exemplos de que a disciplina militar encontrava resistência nas camadas baixas das forças armadas da época.
Porém, o golpe de 64 realinhou a disciplina interna à direita. Isso significa que após o golpe de 64, militares democratas e socialistas foram perseguidos dentro das Forças armadas. Mais de 6.500 militares foram perseguidos e expulsos da Marinha, Exército e Aeronáutica. Se perseguiram seus “colegas de farda”, o que fizeram com a sociedade foi a mais pura barbárie.
Movimentos como a Liga Camponesa colocados na ilegalidade e suas lideranças perseguidas, centenas de pessoas presas sem processos, cerca de 8.350 indígenas foram assassinados com as ações dos militares, torturas nos galpões, batalhões, nos porões da ditadura. Essas perseguições, em especial no campo, permitiram com que a estrutura agrária, de concentração de terras nas mãos de poucos, permanecesse. Assim, essa estrutura, a ausência de reforma agrária, é um legado da ditadura militar.
Apesar das fortes e heroicas resistências armadas, em vários grupos armados inspirados na experiência cubana, os militares permaneciam ainda mais fortes e desbaratinaram com brutalidade todas as tentativas de resistência, onde grande parte da militância vinha do movimento estudantil, da UNE da época que lutou bravamente pra derrubar a ditadura militar.
Redemocratização e a conciliação de Lula/PT
A redemocratização brasileira foi novamente uma concessão dos militares. Portanto, diferente de outros processos de redemocratização na nossa América Latina, os militares não pagaram pelos seus crimes contra o povo brasileiro, pelo contrário. A lei da anistia permitiu que as forças armadas continuassem concedendo promoções a esses facínoras.
O PT é um partido que nasce durante a ditadura e impulsiona movimentos contra esta. No entanto, após 3 governos deste partido no controle do Estado burguês, a punição aos torturadores da ditadura não avançou, a tutela dos militares permanece, permitindo apenas a “Comissão da Verdade” que conseguiu expor os crimes da ditadura, mas sem punição. Agora, Lula/PT proibiu o ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, de realizar atos que relembrariam os “perseguidos pela ditadura”. Um duro golpe que dificulta o emparedamento das Forças armadas e a responsabilização dos agentes envolvidos nas perseguições e torturas.
A ação de Lula/PT é mais um sintoma de conciliação de classes que acomete seu partido e que aceita sem combater a tutela dos militares sobre o Estado brasileiro e a permissão destes para que o PT continue governando.
Punição já para todos os torturadores do regime!
Ditadura nunca mais!
Socialismo ou barbárie!
uniaoanarquista.wordpress.com
agência de notícias anarquistas-ana
lua mínima
a tarde minguante
abre um sorriso
Alonso Alvarez
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!