Flecheira Libertária n. 759 | A existência libertária é sempre antipolítica, anticapitalista, antimilitarista…

indústria da morte

Segundo o estudo de um instituto internacional, no ano de 2023 foram destinados mais de US$ 2,4 trilhões em orçamentos militares em todo o planeta. Nunca se gastou tanto em armamentos bélicos como agora. Estados com os maiores orçamentos militares, como EUA, China e Rússia, seguem aumentando seus gastos e lucrando cada vez mais no mercado internacional de armas. E seguem ocorrendo guerras e conflitos armados em diversas regiões do planeta: Israel-Palestina, Ucrânia-Rússia, Burkina Faso, Somália, Sudão, Iêmen, Mianmar, Nigéria, Síria… Algumas mais outras menos midiáticas na grande mídia internacional. Enquanto a indústria da morte sustenta governos, exércitos e patriotas que almejam dizimar e exterminar seus adversários em guerras sangrentas, para o resto da população destes lugares restam bombas, mísseis, punições, migrações, campos de concentração, filantropia, hashtags e orações.

contra a guerra

Há um ano, anarquistas combatem a guerra entre a milícia Janjawid e as forças armadas do Sudão. A violência contra os combatentes dos Comitês Revolucionários se agravou. Alvos das armas de ambos os lados, elxs são torturados e mortos pelos milicianos, presos e torturados, e às vezes também mortos pelos militares. A recente execução da libertária Sarah, após ser violentada por homens armados da Janjawid, aumentou o terror contra aqueles que lutam contra a guerra. Anarquistas difundem as notícias desses confrontos sanguinários, muito menos rentáveis às mídias de toda ordem, e solicitam apoio para fugirem de lá.

antimilitaristas

Na Rússia, a jovem Lyubov Lizunova foi transferida da prisão domiciliar para a prisão-prédio de forma “preventiva”. Ela é acusada de pichar a frase “morte ao regime” e de participar em “incêndios criminosos” contra centros de recrutamento de soldados para a guerra contra a Ucrânia. Com apenas 17 anos, será forçada a terminar a escola na prisão. Alexander Snezhkov, também acusado junto com a libertária, está detido desde janeiro. Formalmente, estão indiciados por “extremismo”, “incitação a atos terroristas” e “vandalismo motivado por ódio político”. Lá, no Sudão e em qualquer lugar, xs anarquistas são a única força a lutar contra a guerra, contra o Estado e a política. Nosso antimilitarismo é insuportável para todos que creem nessas instituições facínoras.

A na bola

Na comuna francesa de Lorient, duas anarquistas foram sequestradas pelas forças da ordem por terem realizado pichações no centro da cidade. Ao redor de várias ruas, frases contra as forças da lei e da ordem e “As na bola” foram estampadas em muros e paredes. Sob custódia da polícia, elas se mantiveram em silêncio. Apesar de terem sido liberadas, permaneceram monitoradas pela polícia. Desde o final da década de 1960, libertárixs se utilizam do “A na bola” para evocar as práticas anarquistas. O símbolo vai além de qualquer princípio de representação, expressando a potência individual sem nunca perder sua capacidade de evocar os anarquismos. Não é à toa que, por diversos cantos do planeta, anarquistas seguem driblando as autoridades e estampando “As na bola” em livros, periódicos, zines, gravuras, sites, muros etc., ecoando e impulsionando as ações anarquistas por todos os cantos.

a vida tá besta?

Sindicatos confinados a arranjos salariais e a certos benefícios gerais, em perfeita conexão com empresários e a burocracia estatal. Isso é capitalismo com intervencionismo e/ou liberalismo, sustentabilidade e/ou vistas grossas, colonialidades ou não, capital humano e racionalidade neoliberal, aquela que ajeita tudo ao seu modo. De tempos em tempos, chegam as eleições e os que perdem acusam os que ganham, fazem protestos, imprecam diante dos muros, avenidas e templos, apresentam-se como os mais democráticos etc. Tudo no diapasão do pluralismo com a presença de fascistas como força política tolerável. Até eles acabarem com a repetição democrática, mais uma vez. Eta vida besta!!!!!!! A existência libertária é sempre antipolítica, anticapitalista, antimilitarista, é anti e, por isso, não se mete com “bacanas”.

Fonte: https://www.nu-sol.org/wp-content/uploads/2024/04/flecheira759.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

Broca no bambu
deixa furos de flauta.
O vento faz música.

Anibal Beça

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