[EUA] Tutores anarquistas de gatos não estão mais sozinhos

Por Arin Greenwood

Dos lugares mais recônditos da internet vem um grupo de Facebook chamado “Catarchy” (“Gatarquia”, em tradução livre), em que anarquistas postam fotos de seus gatos – junto com mensagens sobre a devoção de seus gatos à destruição da hegemonia do estado.

E por que não? “O gato é o melhor anarquista”, escreveu Ernest Hemingway. E enquanto alguns gatos querem se eleger, outros querem destruir todos os cargos políticos.

“Meus queridinhos gostam de dormir e de lutar contra a natureza opressiva da sociedade”, gaba-se um membro. Outro apresenta sua gata, chamada Emma. “Acabei de adotá-la ontem”, lê-se: “seus hobbies incluem subverter o capitalismo, lutar contra o patriarcado e brincar com novelos”.

Alguns membros do grupo pedem conselhos sobre como misturar preocupações idealistas com as realidades diárias de viver com um felino sem lei:

“Anarquistas, quão autoritários vocês são com seus gatos? Vocês os castram ou esterilizam? Vocês os deixam sair na rua?”

Essas questões provocam respostas surpreendentemente práticas, ainda que estranhamente reflexivas, que acabam revelando os limites da liberdade, tais como “esterilizei minha Lola porque ela mijava na casa inteira quando estava no cio aos dois anos de idade. Não, ela não pode sair na rua, a não ser que aprenda a sair voando do meu apartamento no nono andar”.

Catarchy é um grupo aberto com quase 1200 membros e muitas mais postagens como esta acima – e embora um gato preto furioso seja um símbolo anarquista, os gatos no site, alguns amavelmente descritos como “pequenos tiranos”, tendem ao adorável (há um porco fofo vestindo casaco, também).

O que você não encontra na página do grupo? Fotos de cachorros. O que faz sentido, já que todo mundo sabe que cachorros, tão ávidos por apoiar a autoridade, são estatistas. Exceto este aqui.

Falamos com o administrador do grupo Catarchy, uma pessoa cujo pseudônimo é Constable Homeaux, anarquista em sua concepção “há mais ou menos oito anos”.

O grupo Catarchy começou, explica Homeaux, para fornecer um “ambiente de apoio para que pessoas falem sobre seus gatos e vejam fotos dos gatos de outros anarquistas”. O que eles fazem. Voluntariamente e com consentimento livre e esclarecido, aos montes (há quase 1600 camaradas no Catarchy nesta quinta-feira à noite).

O que levanta a questão: por que anarquistas se interessam tanto por gatos?

“Acho que gatos são pets / companheiros animais que chamam a atenção de anarquistas porque é mais ou menos impossível coagir um gato a fazer algo que ele não queira fazer. Eles têm um forte veio individualista”, diz Homeaux, “mas também praticam ajuda mútua”, ou cooperação.

E é claro, Homeaux também tem um gato preto, apropriadamente chamado Bakunin.

“Eu diria que ele faz mais o tipo solidariedade de classe”, diz Homeaux. “Sempre que eu saio pro trabalho ele me leva até a porta, e me recebe na volta. Ele também foi a um Occupy uma vez dentro de uma mochila”.

Tradução > anarcademia

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agência de notícias anarquistas-ana

Entre arranhões e lambidas
para cuidar de tanto gato
precisarei de sete vidas

Alvaro Posselt

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