Petróleo na Margem Equatorial? Exploração da ‘Foz do Amazonas’ some de sites do governo, da imprensa e até do Google

Levantamento do Intercept revela estratégia para suavizar percepção pública sobre riscos e impactos socioambientais da exploração petrolífera na região amazônica

Paulo Motoryn e Mariana Della Barba | 14/02/2025

A BATALHA PELO FUTURO DA AMAZÔNIA está sendo travada não apenas em gabinetes e tribunais, mas também na linguagem. Em discursos políticos, relatórios técnicos e manchetes de jornais, um novo termo tem dominado as conversas sobre a exploração de petróleo na costa norte do Brasil: “Margem Equatorial”.

Um levantamento do Intercept Brasil, realizado a partir de informações extraídas de sites governamentais, dados do Google Trends e reportagens de veículos de imprensa, expõe uma estratégia sutil — porém impactante — de suavizar o polêmico projeto para explorar petróleo em plena Amazônia.

Os números indicam que o termo “Margem Equatorial” vem substituindo progressivamente “Foz do Amazonas” para definir o projeto de exploração petrolífera na Amazônia que está em análise pela Petrobras e pelo Ibama – e virou alvo de indignação do presidente Lula, que disse nesta semana que não quer mais “lenga lenga” do órgão ambiental.

Mas por que essa mudança de expressões? Para ambientalistas e especialistas, essa alteração não é mero detalhe semântico — ela tenta redefinir a percepção do público e pode influenciar decisões cruciais sobre um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta.

Enquanto “Foz do Amazonas” remete à região específica onde o Rio Amazonas encontra o Atlântico — área rica em biodiversidade, recifes de corais únicos e comunidades tradicionais —, “Margem Equatorial” é um conceito geológico amplo, que abrange cinco bacias sedimentares desde o Amapá até o Rio Grande do Norte.

É verdade que a Petrobras tem interesse em explorar petróleo em múltiplas áreas da Margem Equatorial, não apenas na região da Foz do Amazonas. Mas ela é um dos principais alvos, especialmente o bloco FZA-M-59, próximo à Guiana, onde há estimativas de reservas significativas (até 10 bilhões de barris).

A estratégia, segundo ambientalistas e líderes indígenas ouvidos pelo Intercept, busca diluir a associação imediata com a Amazônia, bioma sensível e símbolo global de conservação, e ampliar a percepção de que a exploração ocorreria em uma região “genérica”.

Foz do Amazonas ‘some’ do site de ministério

O Intercept realizou uma análise da linguagem utilizada por três órgãos governamentais diretamente envolvidos no projeto de exploração petrolífera na Amazônia. Para isso, foram consultados os sites oficiais do Ministério de Minas e Energia, do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, todos com o domínio oficial “.gov.br”.

>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:

https://www.intercept.com.br/2025/02/14/petroleo-foz-amazonas/

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