[Rússia] Campanha para anarquistas de Tiumen

Há quase três anos — entre 30 de agosto e 1º de setembro de 2022 — seis anarquistas e antifascistas foram presos em Surgut, Yekaterimburgo e Tiumen, cidades localizadas entre os Urais e a Sibéria Ocidental. Todos foram submetidos a torturas severas, incluindo choques elétricos, afogamento simulado, espancamentos e ameaças de violência sexual. Suas confissões, obtidas sob coação, foram posteriormente usadas para acusá-los de “criar e participar de uma organização terrorista”. As acusações foram posteriormente intensificadas. Nikita, Danil, Roman, Yuri e Deniz não admitiram culpa. O sexto réu, Kirill Brik, já está cumprindo sua pena. Há um ano, ele foi condenado a oito anos de prisão como parte de um acordo pré-julgamento. Ele testemunhou contra si mesmo e seus companheiros, o que o excluiu de campanhas de defesa da solidariedade.

Atualmente, o processo judicial está em andamento no Tribunal Militar Distrital Central de Yekaterimburgo. Há mais de seis meses, o tribunal vem interrogando testemunhas de acusação. Um apelo urgente foi lançado para ajudar a pagar os advogados (ainda faltam € 2.800).

Para apoiar:

Visa/Mastercard: 4714 2400 6071 9631

Titular: Vorozhko Nikita Alexandrovich

Número da conta: 1242080003805236

SWIFT: BAKAKG22

Moeda: USD

agência de notícias anarquistas-ana

Noite de lua –
Subindo numa pedra,
Um grilo canta.

Chiyo-jo

[Espanha] 19 de junho, mesa redonda: Montanhismo e escalada: um olhar libertário

Na próxima quinta-feira, 19 de junho, às 19:00, se celebrará na sede madrilenha da Fundação uma mesa redonda sobre montanhismo, escalada e anarquismo. Este será o primeiro de uma série de eventos organizados por Piedra Papel Libros, projeto editorial cujo catálogo acolhe várias publicações relacionadas com os vínculos entre esporte, história e luta social.

Para isso contaremos com a presença de Juan Cruz, editor de Piedra Papel Libros, que coordenará a mesa, e vários representantes dos quatro coletivos participantes: União de Grupos Excursionistas Libertários de Madrid, Climbing Kamaleo (projeto de escalada e inclusão), Amigos das Milícias Anarquistas e o Grupo Excursionista Isaac Puente.

Na mesa redonda abordaremos diversos assuntos relacionados com o vínculo histórico entre montanhismo e anarquismo, os aspectos mais problemáticos do processo de esportivização do alpinismo e da escalada, as consequências da turistificação e mercantilização da montanha, e, finalmente, as possíveis alternativas e possibilidades de intervenção transformadora do movimento libertário em relação ao tema.

Desde a Fundação Anselmo Lorenzo os animamos a participar do ato. O acesso será livre até completar a capacidade.

Quando? Quinta-feira, 19 de junho
Horário? 19:00
Onde? Sede da FAL en Madrid. C/ Peñuelas, 41. Metro Acacias ou Embajadores

fal.cnt.es

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agência de notícias anarquistas-ana

Venta. Folhas correm.
Fico preocupado e penso
na volta pra casa.

Thiago Souza

[Itália] A vingança do Estado contra Alfredo Cospito, o anarquista enterrado no 41-bis

Por Monica Cillerai | 07/06/2025
 
Vinte e uma horas por dia trancado em uma cela de três por dois metros, escavada quase no subsolo. A luz elétrica precisa ficar sempre acesa nas celas da seção 41-bis do presídio de Bancali, distrito de Sassari, porque a luz natural quase não existe. Alfredo Cospito, o anarquista condenado a 23 anos de prisão por um “massacre” que não teve mortos nem feridos, continua vivendo como se estivesse enterrado vivo.
 
“No último mês, negaram até a compra de livros a Alfredo”, diz seu advogado, Flavio Rossi Albertini, ao L’Indipendente. “Um livro sobre os evangelhos apócrifos, um sobre física quântica e dois de ficção científica. Além de um CD musical.” Tudo indica que se trata de uma vingança do Estado contra Alfredo Cospito. E ela parece estar se manifestando com ainda mais força agora, depois que alguns representantes da classe política foram questionados por suas ações durante o longo protesto de fome do anarquista contra o regime 41-bis e a prisão perpétua sem possibilidade de progressão de pena.
 
Seus pertences pessoais foram reduzidos ao mínimo. Ele tem apenas uma hora de convívio com outros três presos e duas horas de “ar livre” — sempre sozinho, cercado por muros, grades e agentes penitenciários. Uma visita de uma hora por mês com a irmã, separados por um vidro, com a conversa ocorrendo por telefone sob a vigilância dos carcereiros. Quase nenhuma possibilidade de comunicação com o mundo exterior, já que toda sua correspondência é retida e censurada. Até o acesso à biblioteca lhe foi negado, mesmo sendo autorizado. E um pacote enviado pela irmã foi devolvido porque o presídio não o retirou. Por meses, ele também não pôde ter na cela a foto dos pais, já falecidos.
 
Em 20 de fevereiro de 2025, Andrea Delmastro, subsecretário da Justiça, foi condenado a oito meses de prisão por revelação de segredo de justiça, após relatar a seu colega de partido, Donzelli, conversas de Cospito com as únicas pessoas com quem ele tinha permissão para falar (segundo as autoridades prisionais): dois condenados por crimes de máfia. Donzelli usou essas conversas para atacar políticos de outros partidos no Parlamento. Enquanto o ministro da Justiça, Nordio — um dos principais defensores da linha dura contra Cospito — reafirma sua “confiança total e incondicional” no subsecretário condenado, e Giorgia Meloni grita escândalo, recusando-se a pedir a demissão de Delmastro, as condições de Cospito pioram ainda mais. Difícil acreditar que seja coincidência.
 
“Alfredo diz que houve um endurecimento, uma esclerotização, ou seja, maior dificuldade em acessar o que antes, de alguma forma, lhe era permitido”, relata o advogado Rossi Albertini, acrescentando que “todos os seus últimos pedidos foram negados.” Vingança? Ou apenas a “não-vida” normal do 41-bis?
 
No final de dezembro, o chefe do DAP (Departamento de Administração Penitenciária), Giovanni Russo, renunciou ao cargo. Rumores sugerem atritos com Delmastro, que teria forçado sua saída. Os conflitos surgiram após Russo testemunhar contra o subsecretário no processo relacionado ao caso Cospito — o ex-chefe do DAP destacou que aqueles documentos confidenciais nunca deveriam ter vazado da administração. Outra coincidência estranha, que pode ter levado a um endurecimento ainda maior contra Alfredo, foi a volta ao comando da seção 41-bis de Bancali de um agente do grupo operativo móvel que havia sido transferido justamente por seu envolvimento no caso das escutas.
 
O preço da luta
 
Alfredo Cospito cumpre pena de 23 anos por ter colocado duas bombas de baixo poder em uma lixeira perto da escola de formação de carabineiros em Fossano, província de Cuneo. As bombas foram detonadas propositalmente em um horário sem movimento, e ninguém se feriu. No entanto, os juízes o condenaram por “massacre contra o Estado”, o crime mais grave do ordenamento jurídico italiano — para comparação, nem os autores dos atentados de Capaci e Via D’Amelio (que mataram os juízes Falcone e Borsellino) foram acusados disso.
 
Diante das condições desumanas de sua detenção, é legítimo perguntar se ele está pagando apenas pela condenação ou também por ter exposto as falhas do sistema prisional italiano, jogando luz sobre a crueldade do regime 41-bis. Um sistema que hoje abriga 720 detentos e já foi repetidamente condenado pela Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) por violar o Artigo 3 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que proíbe tortura e tratamentos desumanos ou degradantes.
 
Os seis meses de greve de fome de Cospito reacenderam o debate sobre essas seções “especiais”, e muitos começaram a questionar a legitimidade desse modelo. “O 41-bis serve para impedir que uma pessoa mantenha ligações com sua organização criminosa”, explica Rossi Albertini, “desde que se admita que anarquistas formem uma associação.” “Mas, de qualquer forma, esse é o objetivo: cortar essa conexão. Todo o resto é puro sofrimento. Se querem chamar de vingança, de lição, de mensagem ou aviso para outros que pensem em seguir os passos de Cospito, não sei. Mas certamente é gratuito e não tem mais qualquer base legal.”
 
Na prática, o 41-bis tem outra função — que não é impedir a comunicação entre preso e grupo criminoso externo. E é essa função que o Estado não quer perder, mesmo com as sucessivas condenações da CEDH. “Não parece que fazer a ‘hora de ar’ em um cubículo de concreto com grades, sem perspectiva, sem uma flor, sem grama, sem uma árvore, tenha a ver com a necessidade de impedir comunicação com o exterior. Se houvesse um parque, a comunicação ainda seria bloqueada. Então, talvez essas medidas escondam outros objetivos”, diz o advogado. “Há muito se suspeita que o 41-bis tem um propósito oculto: forçar a colaboração.” Afinal, a única saída do 41-bis é geralmente delatar. “As condições são insuportáveis e não se justificam.”
 
Alfredo, como todos os presos submetidos a esse regime, após três anos começa a sofrer física e mentalmente. “A repetitividade, os espaços minúsculos, a falta de perspectiva visual afetam a capacidade cognitiva, incluindo a memória de curto prazo”, explica o advogado. Efeitos que não atingem apenas Cospito, mas todos os detentos nesse regime.
 
Um modelo cada vez mais exportado na UE
 
O “cárcere duro”, após os breves meses de atenção gerados pela greve de fome de Cospito, voltou às sombras. E agora, outros países querem adotá-lo. O ministro do Interior francês, Darmanin, visitou a Itália para aprender sobre o sistema com Nordio, e até o Chile de Boric demonstrou interesse em implementá-lo. “É a tendência do Ocidente, desses sistemas jurídicos supostamente democráticos”, comenta Rossi Albertini. “Uma transformação cada vez mais autoritária das democracias ocidentais. E onde instrumentos considerados ‘eficazes’ pela sua brutalidade são copiados.”
 
O decreto que aplica o 41-bis a Cospito expira em maio de 2026. Se quiserem renová-lo, terão de justificar a decisão. Mas, para Cospito, a questão é mais política que jurídica: há dois anos, a própria Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo afirmou que o 41-bis não era mais necessário para ele. Mesmo assim, o ministro usou argumentos da Procuradoria de Turim para mantê-lo no regime. “Em um ano, o ministro terá de se pronunciar novamente”, diz Rossi Albertini. “E contra qualquer prorrogação, poderemos reativar a mobilização que ganhou atenção durante a greve de fome.”
 
Fonte: https://www.lindipendente.online/2025/06/07/la-vendetta-dello-stato-contro-alfredo-cospito-lanarchico-seppellito-al-41-bis
 
Tradução > Liberto
 
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Supremo Tribunal italiano rejeita pedido de Alfredo Cospito para sair do 41bis

agência de notícias anarquistas-ana
 
somos iguais
menos normais
a cada manhã
 
Goulart Gomes

[EUA] Lançamento: “No Cop City, No Cop World | Lessons From the Movement”

Editores: Kamau Franklin, Micah Herskind, Mariah Parker

O movimento Stop Cop City é um esforço descentralizado para impedir a construção de um centro de treinamento policial de 120 milhões de dólares e a destruição de 170 acres da Floresta Weelaunee, nos arredores de Atlanta, Geórgia. Esta é a primeira coletânea de ensaios que reúne organizadores e ativistas envolvidos na luta de anos para parar o projeto Cop City.

Conectando movimentos por justiça ambiental, abolição da polícia e soberania indígena, esta coletânea abrangente destaca as estratégias, táticas e ideologias que transformaram uma ação coletiva local em um poderoso movimento internacional.

Apresentando as vozes de defensores da floresta, ativistas de justiça ambiental, prisioneiros políticos, ativistas indígenas, abolicionistas, educadores, acadêmicos e especialistas jurídicos, os ensaios exploram a história desse movimento interseccional, as diversas táticas adotadas pelos ativistas, homenagens a Tortuguita, defensora indígena queer da floresta, de 26 anos, assassinade por soldados da Patrulha Estadual da Geórgia, e a intensa repressão policial e legal enfrentada pelos organizadores.

Estabelecendo conexões críticas entre opressão e resistência, tanto local quanto globalmente, o movimento Stop Cop City se expandiu para uma luta contra um Mundo da Polícia.

Editora: Haymarket

Formato: Livro

Encadernação: Brochura (pb)

Páginas: 320

Lançamento: 20 de maio de 2025

ISBN-13: 9798888903742

Preço: $24,95

haymarketbooks.org

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

minhas mãos te olham
estranha fotografia
onde meus olhos te tocam

Lisa Carducci

Petróleo, silêncio e conveniências

Se fosse no governo anterior, as ruas já estariam cheias de cartazes, manifestos, vídeos e músicas em defesa da Amazônia. ONGs, artistas e militantes cobrindo o rosto de tinta verde, clamando pelo fim da destruição. Mas agora, com Lula na presidência, a broca perfura o chão em silêncio. A indignação parece ter partido para um recesso seletivo. A mesma floresta sendo ameaçada, mas com o selo da governabilidade progressista.
 
O que se planeja não é só explorar petróleo em áreas ambientalmente sensíveis. É extrair para exportar, espalhar combustível fóssil pelo mundo enquanto o planeta arde em crise climática. O Brasil se vende como potência verde, mas cava com as mãos sujas de óleo. O extrativismo muda de roupa, mas não de método. E a floresta continua sangrando, com menos alarde.
 
Movimento Anti Exploração do Petróleo • Pela Vida na Amazônia e no Planeta
 
Conteúdo relacionado:
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Um vira-lata
Na madrugada deserta:
Rua de ninguém.
 
Maria Angélica Shiotsuki

[Espanha] Por ocasião do Mês do Orgulho LGBTIQ+

Companheiras, companheiros, companheires:

Hoje, neste mês do orgulho de luta e memória, neste Orgulho que não é marketing nem desfile vazio, desde a Confederação Nacional do Trabalho levantamos a voz com raiva, com dignidade e com um profundo sentido de solidariedade para a comunidade LGBTIQ+.

Não esquecemos que o Orgulho nasceu como um grito contra a repressão, como uma revolta contra a polícia, contra o sistema, contra o ódio institucionalizado. Foi uma chama de dignidade acesa pelos que foram historicamente marginalizados: pessoas trans, racializadas, prostitutas, jovens expulsas de seus lares, pessoas sem teto nem documentos. A eles lhes devemos cada direito conquistado.

Desde a CNT, denunciamos com firmeza a homofobia, a transfobia e toda forma de violência para as identidades e corpos dissidentes. Assinalamos com clareza os responsáveis: os Estados que criminalizam a diversidade, os governos que aprovam leis anti-LGBTIQ+ ou olham para o outro lado enquanto suas ruas se enchem de ódio.

Em mais de 60 países, ser LGBTIQ+ é um delito. Em alguns, se castiga com prisão. Em outros, com a morte. Isto não é só inaceitável: é terrorismo de Estado. É a expressão mais brutal de um sistema que quer uniformizar, reprimir e controlar. E não nos enganemos: estes crimes não ocorrem no vazio. São incentivados e justificados pelo fascismo, pelos fundamentalismos religiosos, pelo patriarcado e o capitalismo.

Frente à intolerância, solidariedade de classe.

Em nossas próprias ruas, o fascismo se reorganiza. Avança com discursos de ódio, nega direitos, ataca pessoas trans, agride casais do mesmo sexo. Ampara-se na liberdade de expressão para espalhar veneno. Mas não há neutralidade possível ante o ódio. Frente ao fascismo, autodefesa. Frente à intolerância, solidariedade de classe.

Porque esta luta não é só do coletivo LGBTIQ+: é uma luta de todes contra a opressão. Não há emancipação possível se não é para todes. Não há revolução se não é também trans, diversa e livre.

Por isso, desde a CNT dizemos alto e claro: a homofobia e a transfobia não tem lugar em nossas fileiras nem em nossas ruas. Nos posicionamos do lado dos que resistem, dos que se organizam, dos que lutam por existir. Nos comprometemos a seguir construindo espaços seguros, livres de machismo, de ódio, de discriminação.

E aos que usam as leis, o cárcere ou a morte para tentar apagar o coletivo LGBTIQ+, lhes dizemos: não passareis. Não os tememos. Estamos em pé. Juntes, unides, organizades.

Este Orgulho não é festa vazia: é barricada.

É memória.

É luta de classes.

É resistência.

Viva a luta do coletivo LGBTIQ+!

Viva a autodefesa contra o ódio!

Fora fascistas de nossos bairros e nossas vidas!

Saúde e rebeldia.

J.A. filiado e militante da CNT Sevilha

Fonte: https://sevilla.cnt.es/2025/06/con-motivo-mes-del-orgullo-lgbtiq/

Tradução > Sol de Abril

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Alegres grilos
Gritam na grama gris:
Música noturna.

Eduardo Otsuka

[EUA] Solidariedade com Los Angeles! Ataque incendiário a vários veículos da polícia de Nova York.

Vários carros da polícia de Nova York foram incendiados na madrugada de quinta-feira, 12 de junho. Os carros estavam lá esperando, praticamente implorando por uma nova reforma! Dicas sobre como reproduzir isso podem ser encontradas na maioria dos sites de contrainformação ou apenas conhecimento comum; isso foi muito fácil. E muito divertido. Peço desculpas à comunidade pelo cheiro e pelo barulho. E foda-se e haha para aquele gambé – sim, você sabe quem você é.

Há muitos motivos para fazer isso, mas, por uma questão de tempo, podemos resumir em quatro: 1) Solidariedade com a revolta que está acontecendo em Los Angeles, onde a comunidade e os rebeldes estão lutando contra as forças dos gambés americanos. De uma cidade policial para outra, morte aos gambés e ao estado de vigilância. 2) Vingança pelo contínuo assédio/agressão física e sexual da polícia de Nova York aos manifestantes, especialmente às mulheres (os incidentes incluem a remoção de hijabs, nudez forçada, comentários degradantes e outras coisas). 3) Algo que mostre que a repressão gera resistência e 4) Demonstrar que a solidariedade com a resistência palestina, com os imigrantes e com os negros não significa manifestações sem sentido em que todos são presos, marchas intermináveis para lugar nenhum e cantos insípidos. Solidariedade significa ATAQUE! ATAQUE! ATAQUE! ATAQUE!

Sinceramente, os anarquistas, os ratos, os pirralhos e os sem lei.

Fonte: https://neversleep.noblogs.org/post/2025/06/12/solidarity-with-los-angeles-arson-attack-on-multiple-nypd-vehicles/

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agência de notícias anarquistas-ana

Fecho a minha porta.
Silencioso vou deitar-me
Prazer de estar só…

Bashô

Carta dos Atingidos pelo Petróleo reafirma rejeição à exploração na Foz do Amazonas e Margem Equatorial

Documento assinado por pescadores e pescadoras artesanais da Campanha Mar de Luta denuncia impactos da indústria petrolífera, cobra justiça pelo crime de 2019 e exige suspensão dos projetos em curso na Amazônia

Por Campanha Mar de Luta

A Campanha Mar de Luta lançou na véspera do Dia do Meio Ambiente, a “Carta dos Pescadores e Pescadoras Atingidos pelo Petróleo”, um posicionamento contundente que denuncia os riscos da exploração de petróleo na Foz do Amazonas e em toda a Margem Equatorial. Assinada por lideranças comunitárias, pescadores(as), agentes pastorais, pesquisadores(as) e defensores(as) dos direitos humanos e da natureza, a carta é um marco de resistência frente ao avanço das políticas de licenciamento e à tentativa de consolidação da fronteira petrolífera na região amazônica.

A carta traz o olhar direto de quem vive nos territórios atingidos: os pescadores e pescadoras artesanais afetados pelo crime do petróleo de 2019, ainda sem reparação, e por vazamentos constantes que continuam impactando suas águas, saúde e modos de vida. O documento denuncia o avanço da exploração sem consulta livre, prévia e informada às comunidades tradicionais e os riscos ambientais ignorados pelas simulações da Petrobras.

Além disso, a carta alerta para a fragmentação dos estudos de impacto ambiental, a violação de direitos constitucionais e os dados alarmantes divulgados pela própria ANP: apenas em 2024, foram 731 acidentes relacionados à exploração de petróleo marítimo. A análise técnica do documento aponta ainda que a promessa de desenvolvimento não se concretiza: o lucro se concentra nas grandes empresas e os danos recaem sobre os povos das águas.

O texto também critica a adesão do Brasil à OPEP+, os efeitos negativos do leilão de blocos previsto para este mês de junho e o avanço do Projeto de Lei 2.159/2021 (conhecido como “PL da Devastação”), que ameaça flexibilizar ainda mais o licenciamento ambiental. Diante desse cenário, a carta apresenta cinco exigências centrais: a suspensão imediata da exploração na Margem Equatorial, garantia de participação efetiva das comunidades nos processos, fortalecimento dos órgãos de fiscalização, investimentos em energia sustentável, justa e popular e reparação às comunidades atingidas pelo crime de 2019.

Para a Campanha Mar de Luta, o recado é: preservar a Amazônia é não perfurar.

A carta completa pode ser acessada aqui:

https://www.cppnacional.org.br/sites/default/files/CARTA%20dos%20Pescadores%20e%20Pescadoras%20Atingidos%20pelo%20Petr%C3%B3leo.pdf

Fonte: ClimaInfo

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haicai é vício
no ábaco dos dedos
versos paridos

Sandra Santos

[República Tcheca] 12ª Festival do Livro Anarquista de Praga

O Festival do Livro Anarquista será um evento de dois dias e acontecerá no fim de semana de 14 e 15 de junho no Centro Comunitário Žižkov Žižkostel.

Sábado, 14 de junho, das 11:00 às 22:00

Domingo, 15 de junho, das 12:00 às 18:00

Tradicionalmente, ele contará com editores e distribuidores de literatura anarquista não apenas da República Tcheca e da Eslováquia, mas também de outros países. O festival não é apenas uma apresentação de vendas de livros e literatura. É principalmente um ponto de encontro onde você pode conhecer pessoalmente não apenas pequenas editoras e autores, mas também várias organizações, coletivos e grupos do círculo mais amplo do movimento antiautoritário. Um lugar onde você pode encontrar pessoas diretamente e conhecer organizações e coletivos de uma forma diferente da que se vê em declarações em um site, um lugar onde você pode fazer novos relacionamentos e amizades, um lugar onde você pode organizar novos projetos e colaborações.

>> Mais infos:

Site: https://anarchistbookfair.cz/

FB: https://www.facebook.com/anarchistbookfair.cz

IG: prague_anarchist_bookfair

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Tiê-sangue vermelho
como o fogo
uma rara beleza

Akemi Yamamoto Amorim

[Austrália] Relato da Feira Anarquista de Livros de Kurilpa

Brisbane tem uma longa história de cultura de zine radical/punk que remonta a décadas. Pode-se dizer que remonta aos anos 1970, com a banda “The Saints”, a rádio 4ZzZfm e toda uma cultura de publicações faça-você-mesmo (DIY).

Foi nesse espírito que a Feira Anarquista de Livros de Kurilpa foi organizada. Sempre houve muitos eventos de zines e publicações independentes na cidade, mas esta é uma das primeiras em muito tempo a se autodefinir como “anarquista”.

Kurilpa é uma palavra aborígine que significa “rato-d’água” e passou a designar a península do rio Brisbane que abrange os bairros centrais de West End e South Brisbane. O evento aconteceu no Kurilpa Hall, dentro do Parque Musgrave. Quando Brisbane foi colonizada pelos ingleses, eles frequentemente transformavam acampamentos/vilas aborígines em parques públicos. O Parque Musgrave era um desses acampamentos, e se tornou um símbolo da resistência aborígine à colonização inglesa, embora hoje seja um parque público oficial.

Havia cerca de uma dúzia de mesas montadas para que diferentes grupos e pessoas compartilhassem seu material. Ninguém vendia ingressos ou contava os visitantes, então é difícil saber exatamente, mas estimamos que pelo menos 120 pessoas passaram por lá ao longo do dia. Consideramos isso um ótimo número.

Queremos agradecer especialmente à equipe da Jura Books, que veio de Sydney. Eles sempre trazem muito conteúdo de qualidade e são pessoas firmes e comprometidas. O grupo SEQLD IWW (Trabalhadores Industriais do Mundo do Sudeste de Queensland) montou sua mesa ao lado deles e de Barbra Hart. Barbra está ativa desde os anos 1970 e participou do Grupo de Autogestão (Self-Management Group). [http://radicaltimes.info/PDF/SMG.pdf](http://radicaltimes.info/PDF/SMG.pdf) Ela é firme, e temos muito respeito pelo seu trabalho.

Nós, da SEQLD IWW, não fizemos um registro formal das “vendas” no dia, então não podemos dizer exatamente quantos zines diferentes levamos ou quantos foram levados… mas foi bastante. Mais de 30 títulos diferentes, com mais de 200 exemplares no total. Alguns novos, outros antigos, alguns apenas para exposição. Nossas caixas estavam cerca de 33% mais leves ao fim do dia. Um dos zines de “exposição apenas” era um exemplar da “Direct Action”, edição 12, número 170, do inverno de 1999. Outro era o “Guide to Water”, publicado em Oakland, EUA, em 18 de abril de 2001.

Sim, somos nerds de zines e quadrinhos mesmo.

Nosso conteúdo favorito na mesa era um monte de patches e bolsas caseiras costuradas por Margret, de Melbourne. Margret é uma velha amiga de Barbra Hart e também ex-participante do Grupo de Autogestão de Brisbane dos anos 1970. Temos que dizer: todo mundo adorou também. Margret, por favor, faz mais pra gente!

Veja isto > https://seqldiww.org/how-good-are-diy-patches/ O clima foi ótimo o dia todo, com muitas conversas boas. A oficina de Elina sobre a História Anarquista (das Mulheres) de Brisbane foi especialmente interessante. Os efeitos de continuidade dessas ideias e ações dos anos 1970 e 1980 ainda influenciam, mesmo que de forma invisível, a cultura da cidade, sendo talvez mais visível na trajetória de formação e sucesso do Partido Verde (“Greens”).

Foi muito bom poder passar um tempo conversando com Jock Palfreeman. Quem diria que o cara também é jardineiro e permacultor? Ele é um homem gentil que defendeu pessoas que estavam sendo espancadas/mortas por neonazistas. Vale a reflexão: Queensland agora teve dois presos políticos internacionais retornando: Julian Assange. E, já que estamos no assunto, vale mencionar que Cieron O’Reilly conseguiu novamente seu Cartão Vermelho sindical (“Red Card”). Uma pena que a Aus-ROC se recuse a reconhecer ou processar filiações vindas de Queensland.

Um grande obrigado às pessoas que organizaram tudo hoje. Vocês mandaram muito bem. O SEQLD IWW vai montar mesa de novo na feira de zines PaperBark, em julho. Esperamos levar pelo menos uma nova publicação local sobre o Qlder Cottage, habitação, classe e colonialismo.

Anarquismo = criar uma sociedade sem dominação nem hierarquia.

As estruturas sociais/políticas/econômicas de dominação e hierarquia geram relações de exploração e alienação.

IWW = organizar o “Um Grande Sindicato” (One Big Union) para possibilitar a Greve Geral que permita à classe trabalhadora assumir democraticamente o controle dos meios de produção.

E abolir o sistema de salários.

Fonte: https://seqldiww.org/kurilpa-anarchist-bookfair/  

Tradução > Contrafatual

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Amanhece em flor
e anoitece pelo chão
— efêmero ipê

Marba Furtado

[Eslovênia] Orgulho pela Palestina livre

O orgulho é inerentemente queer. Nascido como uma revolta, está fundamentado em valores anticapitalistas, antifascistas e antimilitaristas comunitários e solidários. O primeiro orgulho foi uma revolta contra a polícia e conseguiu o que os protestos pacíficos anteriores não conseguiram.

Nós, pessoas queer, marchamos contra a exploração, a culpabilização, a instrumentalização, o colonialismo, o genocídio e a guerra, contra as prisões e as fronteiras, o massacre de nossos corpos e a destruição da terra. marchamos por nossos direitos de autonomia corporal, por justiça transformativa e pela emancipação de gênero.

Ser queer é ser anticapitalista. o orgulho não pertence a nenhuma organização, corporação, instituição ou partido político. não cabe ao governo permitir ou à polícia proteger. o capitalismo arco-íris é uma armadilha que nos domestica, nos torna dóceis, oferecendo uma falsa libertação por meio do marketing e da representação. não podemos depender do dinheiro sujo do capitalismo, enquanto nossa “libertação” é apoiada apenas na medida em que pode ser vendida de volta para nós. não quando somos jogados para debaixo do ônibus, difamados e marginalizados assim que o jogo político muda. o orgulho nunca foi feito para ser uma celebração patrocinada; ele começou com o primeiro tijolo jogado na cara do opressor.

Ser queer é ser contra o sistema e contra o liberalismo. o orgulho não surge da amizade com aqueles que estão no poder: os detentores do poder de decisão, os acionistas, os magnatas imobiliários e os prefeitos. não podemos nos aliar à polícia, ao governo ou ao capital. rejeitamos os políticos que “nos concedem espaço” enquanto destroem zonas autônomas, gentrificam nossas cidades e confraternizam com autocratas que usam armas militares para impedir estudantes e civis de protestar e exigir liberdade para todos. “dar espaço” não é nada quando o próprio espaço está sendo violentamente tirado. o espaço tem que ser recuperado pela comunidade — horizontalmente e de baixo para cima.

Ser queer é ser antimilitarista. não pode haver libertação queer no ocidente enquanto as forças coloniais continuam matando e explorando nossas irmãs em todo o mundo, enquanto nossos irmãos estão morrendo nas fronteiras da fortaleza europeia em busca de segurança e outros são presos por lutar contra esses regimes de opressão. com o ressurgimento do fascismo, nós, queers, estamos na linha de frente — contra as fronteiras que matam pessoas que fogem de terras roubadas, contra as guerras e a devastação ecológica causadas pelo colonialismo e pelo capitalismo. enquanto tentam nos convencer de que tudo isso é feito em nome da “nossa segurança”, respondemos: “a segurança europeia” não se justifica com cercas e guerras. nossa libertação não pode maquiar [pinkkwash] a invasão, a apropriação de terras ou o genocídio. e não há libertação queer em terras roubadas e encharcadas de sangue.

Ser queer é ser antifascista. o orgulho foi forjado na resistência à polícia – em oposição à violência institucional e estatal contra as comunidades queer e não brancas. foi uma revolta para defender a autonomia dos nossos corpos e dos nossos espaços. stonewall não é uma relíquia; stonewall está acontecendo aqui e agora. com o ressurgimento do fascismo – nossas comunidades retratadas como inimigas internas, pessoas trans transformadas em bodes expiatórios, nossas vidas instrumentalizadas para ganhos políticos -, stonewall nos lembra que já lutamos pelo direito de existir antes e que defenderemos esse direito novamente.

Te convidamos a participar da resistência anarco-queer-feminista nas seguintes ações como parte do PRIDE FOR FREE PALESTINE [ORGULHO PELA PALESTINA LIVRE] em Liubliana:

7.6. CONVOCAÇÃO PARA PARTICIPAÇÃO NO MARIBOR PRIDE
15h na trg svobode
vamos mostrar às ruas de Maribor que não temos medo.

13.6. PROTESTO EM MEMÓRIA DE SARA HIGAZY
às 11h em frente à embaixada egípcia
em solidariedade aos ativistas pela Palestina Livre presos no Egito e
contra o regime ditatorial militar que permite o genocídio em Gaza
e os interesses imperialistas dos EUA na região.

14.6. BLOCO DO ORGULHO PELA PALESTINA LIVRE NO ORGULHO DE LJUBLJANA
às 17h em Metelkova
junte-se ao desfile sob as bandeiras palestinas e anarco-queer.
traje: criaturas queer coloridas.

24.6. PROTESTO CONTRA O ARMAR, A GUERRA E A OTAN
às 17h na praça do congresso
não à OTAN, não à guerra, à pobreza e ao imperialismo!

28.6. O PRIMEIRO ORGULHO FOI UM MOTIM
às 21h na ambrožev trg
manifestação anticapitalista, antifascista e antimilitarista pelo orgulho
contra todas as guerras e genocídios.

QUEERS CONTRA O CAPITALISMO, O FASCISMO E A GUERRA

Fonte: https://anarhistka.org/pride-for-free-palestine/

Tradução > acervo trans-anarquista

agência de notícias anarquistas-ana

lua de prata
desejos indecentes
corpos suados de luz

Manu Hawk

[São Paulo-SP] Cineclube Chico Cubero, 14/06: “Um Homem de Ação”

O filme “Um Homem de Ação” será exibido na próxima edição do Cineclube Chico Cubero, no CCS. Nessa história, baseada em fatos reais, seguimos os passos de Lucio Urtubia, um anarquista que coloca em prática uma ambiciosa operação de falsificação que tem como alvo um dos maiores bancos do mundo. Ele foi parte do movimento anarquista europeu, e o longa acompanha desde suas origens humildes como um pedreiro até se tornar a liderança em um dos golpes econômicos mais importantes do século passado. Mas Lúcio terá que escolher entre a causa anarquista e a defesa de sua própria vida.
 
Um Homem de Ação
Origem: Espanha
Direção:  Javier Ruiz Caldera
Duração: 1h51min
 
Cineclube Chico Cubero
Data: Sábado, 14/06/25, 15h30
Teremos pipoca, se puder e quiser, traga algo para beber!
Local: Sede do CCS de SP: Rua Gal. Jardim, 253, sl. 22, Vila Buarque – SP
 
⁠Os encontros são presenciais, gratuitos e abertos para todas as pessoas interessadas.
 
Participe e compartilhe!
 
Lembrando que o CCS-SP se orienta pelos princípios anarquistas, tais como autogestão, apoio mútuo, internacionalismo, anticapacitismo, anticapitalismo e não partidarismo. Não toleramos qualquer tipo de discriminação de raça, gênero ou sexualidade.
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Entre haicais e chuva
Súbita inspiração:
Um trovão.
 
Sílvia Rocha

[Itália] Nápoles rejeita a guerra e seus algozes: perspectivas libertárias

Há mais de 2500 anos nascia Nápoles, uma cidade que, com todas as suas características – caóticas, líquidas ou piroclásticas – tenta representar em sua heterogeneidade o Grupo “Francesco Mastrogiovanni” da FAI (Federação Anarquista Italiana); e é precisamente esse senso coletivo de pertencimento à mesma “cruz”, de viver o mesmo destino, que tornou quase espontânea a necessidade de repudiar a guerra, quem a financia e quem a faz em prol de seus projetos de império e colônia de apartheid.

Nos dias 26 e 27 de maio, a cúpula da OTAN sobre a segurança do Mediterrâneo inaugurou oficialmente as celebrações do vigésimo quinto centenário da fundação de Nápoles, primeiro evento do programa idealizado pelo Comitê Nacional Neapolis 2500, instituído pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério da Cultura. E a cidade deu sua resposta.

No dia 27 de maio, milhares de pessoas de todos os extratos da galáxia socialista e comunista radical reuniram-se e marcharam em apoio aos povos afetados pelo câncer da guerra e contra seus patriarcas. O cortejo partiu da Piazza del Gesù até chegar ao Palácio da Prefeitura na Piazza Plebiscito, onde as pessoas confrontaram-se com as forças coercitivas do estado republicano italiano; enquanto isso, os desempregados do Movimento 7 de Novembro, muito arraigados na área flegreia, ocuparam a sede do conselho municipal na Via Verdi, perto da Piazza Município, e afixaram faixas de solidariedade ao povo palestino.

Mas quem são os algozes contra os quais se manifestava, algozes neste caso ocidentais, mas também mais especificamente mediterrâneos? Em primeiro lugar, a organizadora do evento foi a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), criada em 1949 como núcleo de oposição ao bloco bolchevique. Através dessa oposição, a OTAN trouxe grande desestabilização, e sobretudo morte, ao mundo inteiro, como na América Latina com as chamadas guerras “legais” (como se a legalidade ou não de uma guerra determinasse sua ética e moralidade), em Cuba em 1961 e na Nicarágua em 1981, ou na Eurásia e na Ásia Ocidental, onde, desde 1953 até hoje, a OTAN (mas não só) atacou diretamente ou por procuração o Irã (ataque funcional depois para o estabelecimento da teocracia iraniana e para o Caso Irã-Contras), o Iraque, o Egito, a ex-Iugoslávia (Bósnia), a Líbia, o Afeganistão, a Palestina, a Síria e a Ucrânia; estas três últimas são claramente os lugares onde as ações ou influências desta organização estão agora em pleno andamento.

O encontro foi então aberto a países parceiros do Euromed, entre os quais lembramos que há também componentes da social-democracia autoritária europeia, como o PSOE espanhol, o PSD português e o Partido Trabalhista maltês. Países como Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Israel estão, cada um a seu modo, inseridos em uma dialética imperial (hoje multipolar) de apartheid colonial, fazendo as vezes do Norte global para favorecer suas pretensões supremacistas de controle cultural, ecológico, de gênero e socioeconômico. Tudo isso se traduz naquilo que o Norte global sempre precisou implementar: a constante e plácida pacificação social do proletariado, agora cada vez mais precarizado ou desempregado, e a reprodução social da classe burguesa através de um estilo de vida agora fictício e performativamente cosmopolita, que continue a reforçar os nacionalismos, ou seja, a turistificação do Mediterrâneo, no nosso caso específico.

Nápoles, em particular, é como que permeada por um miasma, que envolve cada lugar e recanto da cidade metropolitana: os Air B&Bs, cujos latifundiáries construíram uma fantasia segundo a qual uma “requalificação urbana” [ou “desenvolvimento urbano”], que brutaliza e higieniza a cidade de toda a miséria (e das pessoas) que decorre justamente da ação do latifúndio urbano, e o lucro subsequente de pouquíssimes empresáries “empreendedores” (ou seja, sem escrúpulos) traria bem-estar e riqueza às nossas ecologias (no sentido de Bookchin: microssociedades).

A riqueza de uma ecologia, porém, é algo completamente diferente e deve ser buscada na fertilidade de suas conexões entre “cada um” e o “todo” e vice-versa, e na vida que daí se obtém, construindo um modo e um mundo diferente; na prática, isso pode ser visto nas hortas comunitárias conectadas através das associações de bairro, no sindicalismo de base e nas lutas contra os despejos. Mas é preciso ir além, é preciso voltar a encontrar a miséria cara a cara nas ruas.

À guerra é preciso responder com a autodefesa internacionalista, apátrida e agênero. Ao lucro, é preciso contrapor a comunhão dos recursos, dos meios para utilizá-los e das competências necessárias. Ao estado e à sua “internacional nazifascista”, é preciso responder com a autodeterminação dos corpos e das ecologias, com a autogestão e as comunas das comunas. Ao patriarcado cada vez mais feroz (a ponto de impor suas dinâmicas até ao movimento queer), é preciso responder com educação sexual, compreensão comunitária dos conceitos familiares e um sentido de amor que seja verdadeiramente holístico e consensual.

O movimento anarquista, ainda mais o italiano, precisa voltar à sua tradição militante, à defesa dos lugares habitáveis, à escuta e ao apoio das pessoas com deficiência, a uma verdadeira troca geracional que funcione como um banco de tempo do anarquismo; a ser um movimento das pessoas e para o mundo inteiro, e não apenas de algumas classes culturais, econômicas e de gênero.

Escrevendo no dia do aniversário de Mikhail Bakunin, o verdadeiro materialista ahistórico, o desejo é que a Utopia se torne nossa bandeira do real, que destrua toda distopia, começando pela guerra.

Grupo Anárquico Francesco Mastrogiovanni – F.A.I. – Nápoles

Fonte: https://umanitanova.org/napoli-rifiuta-la-guerra-e-i-suoi-aguzzini-prospettive-libertarie/

Tradução > Liberto

agência de notícias anarquistas-ana

a mãe esquece
dágua na enluarada
face da filha

Pedalante

[Chile] Santiago: Comemoração a 16 anos da morte do companheiro anárquico Mauricio Morales

Em 22 de maio de 2009 nas ruas Ventura Lavalle com Artemio Gutiérrez a tão somente meia quadra da podre escola de carcereiros, o anarquista de ação Mauricio Morales ajustava a carga explosiva que transportava para atacar aquele nicho de carrascos, mas estoura antecipadamente. Mauri morre de forma instantânea.
 
A 16 anos de sua partida física, diversas individualidades nos reunimos no lugar exato onde partiu deste plano o companheiro. O recordamos com diversos gestos de propaganda anárquica, trazendo seu nome e vida à rua, lugar onde tem que estar presentes nossos companheiros que morreram.
 
Com emoção, ímpeto e convicção anárquica recordamos Mauri, defendendo a tendência insurrecional da qual era parte e fazendo um explícito chamado a dar rédea solta às múltiplas expressões de memória combativa, aquela que rompe com o acomodamento, vitimismo e bom mocismo, que não esconde nem maquia sua posição, essa que busca com diferentes ferramentas a destruição do Poder e seus cúmplices.
 
Durante a comemoração novamente o cheiro policial se fez presente, com mais distância, mas ridiculamente visível. O Poder sabe muito bem que Mauri e o que abraçava é um perigo, que segue vigente e que apesar de tudo continuará estendendo-se, essa é a tarefa auto assumida de muitos.
 
A 16 anos da morte do guerreiro anárquico Punki Mauri…
A Anarquia segue viva!
Nada acabou, tudo continua!
 
22 de Maio (Negro) 2025.
Santiago, Chile.
 
Fonte: https://es-contrainfo.espiv.net/2025/05/23/santiago-chile-conmemoracion-a-16-anos-de-la-muerte-del-companero-anarquico-mauricio-morales/
 
Tradução > Sol de Abril
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Um mundo de orvalho,
E dentro de cada gota de orvalho
Um mundo de luta.
 
Issa

Sangue nos Campos, Ouro nos Bancos: A Guerra como Negócio do Capital

Enquanto a Ucrânia explode pilares submersos da ponte da Crimeia com 1.100 kg de TNT e a Rússia responde com foguetes em Sumy, matando civis, o verdadeiro motor dessa carnificina não está nos discursos de Zelensky ou Putin, mas nos balanços trimestrais das petroleiras e no complexo industrial-militar. Desde o início da guerra, empresas como a BP lucraram US$ 15,8 bilhões — 158 vezes mais do que investiram em mitigação climática. Os Estados, longe de serem meros atores políticos, são sócios dessas corporações: a Rússia exige “cessar-fogo” apenas para consolidar ganhos territoriais, enquanto a OTAN vende “solidariedade” a Kiev em forma de contratos bilionários de armas. Não sejamos tolos: a guerra não é um conflito entre nações, mas um leasing de sangue assinado por elites.

A ponte da Crimeia, atacada pela terceira vez, é um símbolo perfeito dessa engrenagem. Construída por US$ 3,7 bilhões sob ordens de Putin, sua destruição não fere o Kremlin — que já a reconstruiu duas vezes —, mas alimenta a indústria de “reparos de guerra”, controlada por oligarcas russos e empreiteiras europeias. Cada explosão é um estímulo à economia bélica: os mesmos Estados que condenam a invasão lucram com o gás russo vendido a preços inflacionados e com os drones ucranianos de R$ 3 mil que causam prejuízos de US$ 7 bilhões à Rússia. A contradição é óbvia: o capitalismo não tem pátria, só acionistas.

O memorando russo para cessar-fogo, recentemente divulgado, é uma farsa que revela o jogo. Moscou exige a “neutralidade” da Ucrânia — isto é, sua submissão a um status quo que garanta o fluxo de recursos para as multinacionais. Enquanto isso, a BP anuncia “voluntariado climático” após lucrar com a crise energética, como se fossem filantropos, não pirómanos. Os Estados, sejam “agressores” ou “libertadores”, operam como gerentes desses interesses, na medida em que a guerra é terceirizada aos pobres (ucranianos, russos, africanos famintos por trigo bloqueado), enquanto os dividendos são privatizados.

Recordamos que a posição anarquista não está em escolher um lado nesse jogo de xadrez sangrento, mas em sabotar o tabuleiro! Quando o drone ucraniano mina pilares de concreto, mostra mais eficácia que a ONU — mas ainda age como braço de um Estado capitalista. A verdadeira resistência seria a greve geral dos trabalhadores das petroleiras, o bloqueio aos portos que exportam armas, a recusa coletiva em pagar impostos que financiam tanques, entre tantas outras possibilidades que as conjunturas apresentam. Histórias como a Comuna de Paris ou os conselhos operários na Ucrânia de 1917 lembram que só a ação direta desarma os senhores da guerra.

Enquanto a esquerda institucional pede “paz negociada”, nós, anarquistas, advertimos: toda negociação entre Estados é um acerto de contas entre criminosos. A paz real virá quando os de baixo deixarem de ser carne de canhão e virarem o canhão contra os palácios. Que a próxima explosão seja das bolsas de valores.

Liberto Herrera.

agência de notícias anarquistas-ana

chuva pelo bairro —
luzes da rua telegrafam
papo de fantasmas

Se-Gyn

[Indonésia] Nos ajude a construir um espaço cultural autônomo para trabalhadores do SBPS

O Serikat Buruh Progresif Sejahtera (SBPS) ou Sindicato de Trabalhadores por Prosperidade e Progresso é um dos sindicatos de trabalhadores do setor de equipamentos médicos mais influentes em Klaten, Java Central, Indonésia. Sendo um sindicato emergente, o sucesso inspirador da greve radicalizou o movimento trabalhista na Indonésia. Embora pequeno, tornou-se um modelo a seguir e seus militantes se envolveram em várias organizações trabalhistas em expansão nas fábricas têxteis e de vestuário vizinhas (SBBS e SBGS).
 
Ao mesmo tempo, os movimentos trabalhistas e antiautoritários em geral na Indonésia têm sido ameaçados pelo surgimento de uma ditadura civil-militar que chamamos de Neo-Orba, na qual os militares expandem sua autoridade para além do âmbito da defesa e cada vez mais se envolvem em assuntos escolares, universitários, fabris e agrícolas. Militantes do SBPS também têm sofrido uma vigilância muito rigorosa. Na ação do Dia do Trabalhador de 2025, o governo deteve e prendeu 25 manifestantes, incluindo estudantes e trabalhadores não sindicalizados, devido a confrontos em várias cidades, como Bandung, Jacarta e Semarang. Eles foram rotulados como “anarquistas” pela polícia e pela imprensa, e há vários anos que se verificam repressões e batidas policiais em massa contra o movimento anarquista na Indonésia.
 
Mas isso não enfraqueceu nossa luta. Levando em conta as reflexões acima e a necessidade de arcar com os custos de administração do secretariado, demos um passo adiante ao criar nosso centro social, o Sanggar Budaya Merdeka (Oficina Cultural da Liberdade). Além de ser um espaço para organizar trabalhadores de várias fábricas, também queríamos transformá-lo em uma biblioteca, cozinha comunitária, centro de atividades artísticas e culturais e até mesmo um centro de organização antifascista. Assim, nossas atividades alcançariam mais setores da sociedade local, além de trabalhadores fabris.
 
A Oficina Cultural da Liberdade não está sujeita aos interesses de certos poderes — sejam eles estatais, mercadológicos ou da elite —, mas se baseia nos valores da união, da solidariedade e da autonomia individual e coletiva. A natureza antiautoritária desta oficina rejeita hierarquias opressivas e oferece espaço para que todas as vozes/pessoas, especialmente as marginalizadas, possam se manifestar, ser ouvidas e valorizadas. Mais do que apenas um espaço de leitura e arte, espera-se que a Oficina Cultural da Liberdade seja um laboratório social, um lugar onde a arte, o pensamento e a resistência se encontram.
 
Solidariedade!
 
Sindicato de Trabalhadores por Prosperidade e Progresso (SBPS)/ Oficina Cultural da Liberdade
 
Esta campanha de arrecadação de fundos é apoiada e patrocinada por:
 
Perhimpunan Merdeka, uma federação anarquista da Indonésia, com sede em Yogyakarta
AFFC, um coletivo anarco-feminista com sede em Yogyakarta
Pustaka Catut, uma editora anarquista na Indonésia
 
>> Apoie aquihttps://www.firefund.net/sbps
 
Tradução > acervo trans-anarquista
 
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agência de notícias anarquistas-ana
 
Ramo ressecado,
corvo empoleirado
—anoitece o outono.
 
Bashô