Em 19 de julho, Adama Traoré, 24 anos, foi preso em Beaumont-sur-Oise por policiais. Ele não resistiu durante o tempo em que permaneceu na delegacia. Nas noites seguintes, a revolta tomou o Val d’Oise. Em 22 de julho, uma marcha em homenagem à vítima reuniu 5000 pessoas, aos gritos de “Sem justiça, sem paz!”
Em Nantes, sábado 23 de julho, dezenas de pessoas se agregam na Place Royale (Casa Real) no fim da tarde contra as violências do Estado, e em solidariedade com pessoas próximas de Adama. Após ter lembrado o caráter estrutural das violências policiais, especialmente em áreas populares e contra os movimentos sociais, o microfone esteve livre. Um representante dos Curdos de Nantes veio declarar seu apoio, e lembrou as políticas racistas e guerras conduzidas pelo governo francês. Vários militantes antirracistas também tomaram a palavra. Em seguida, ocorreu uma manifestação improvisada.
Cerca de 300 pessoas tomaram as ruas do centro da cidade, que tinham sido isoladas pela polícia nos últimos meses, gritando “Rémi, Zyed, Bouna, Adama, não esquecemos, não perdoamos“, “de Nantes à Beaumont propagaremos a rebelião“, de agora em diante “todo mundo detesta a polícia!” A prefeitura sem dúvida não esperava o tal desfile em pleno verão.
A marcha terminou tranquilamente na Place du Bouffay, onde a palavra circulou novamente. Uma habitante do bairro, que tinha visto uma conduta policial violenta embaixo da casa dela veio testemunhar sua indignação. Após ter prometido se reencontrar durante o verão, a multidão se dispersou. As flores e uma bandeirola pairam em cercas em torno do último “trabalho” da viagem à Nantes.
A raiva não secou com o verão. Exceto a duração do período, essa pequena manifestação ressoou como um sopro de liberdade meio ao consumismo turístico.
Solidariedade com as pessoas próximas de Adama! Juntos contra todas as violências do Estado!
Nantes Révoltée
Tradução > Luiz Gustavo Gomes
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