O Sindicato de Ofícios Vários da CNT-AIT Puerto Real participou no ato de homenagem aos assassinados da Guerra Civil, celebrado hoje (18/06) no cemitério de Puerto Real.
O dia de hoje foi marcado pela participação do Sindicato de Ofícios Vários da CNT-AIT Puerto Real na XII Concentração de Homenagem aos assassinados na Guerra Civil. O ato foi organizado pela Associação pela Recuperação da Memória Histórica Social e Política de Puerto Real.
Como estava previsto deu-se início à cerimônia às 11 da manhã, onde estavam reunidas mais de 200 pessoas. A homenagem começou com o porta-voz Paco Aragón da Associação e da CNT-AIT anunciando que, devido às condições de calor que estamos sentido desde 2005 no mês de junho, o mês de inauguração do monolito em memória e homenagem às pessoas que foram assassinadas pelo regime franquista passará a ser realizado a partir de 2018 na primeira semana de setembro, que coincide co m o mês em que o povo mais sofreu nas mãos dos criminosos fascistas.
Na continuação do discurso explicou a composição do ato, que consistia em três partes: comunicado da associação, a canção Desaparecidos e o depósito de flores no monolito.
Leu o documento que elaborou a equipe técnica sobre os resultados arqueológicos e antropológicos, quantidade de corpos desenterrados, idades, episódios violentos, etc… Também chamou à atenção a todas as pessoas que tenham familiares assassinados, que não foram registrados na nossa Associação, que por favor passem no local da CNT (c/San Francisco 18) para preencher a documentação necessária e recolher a amostra.
Informou também que a fossa de Puerto Real foi declarada Lugar de Memória e que em breve será instalado o marco por parte da Junta de Andaluzia, para que assim fique registrado.
Antes de terminar a informação deu a conhecer o resultado final econômico de todo o processo da exumação da fossa, que teve um custo real de 53.000 euros, financiados pela Direção Geral de Memória Democrática da Junta de Andaluzia e Autarquia de Cádiz.
O comunicado aludia a esses homens e mulheres que ao defenderem a liberdade foram assassinados e abandonados durante décadas num recanto esquecido da história. Queremos recuperar as suas vidas, seus nomes, que Puerto Real e o mundo inteiro saibam que existiram, que tinham família, que tinham sonhos e que as suas esperanças foram removidas de golpe e que morreram injustamente nas mãos de um bando de criminosos fascistas, apoiados pela Igreja conspiradora e delatora. Tiraram-lhe as suas vidas, mas não puderam eliminar as suas ideias.
A exumação foi importante por vários motivos, já que além de pagar a dívida que temos com a Associação e os familiares, o direito e a obrigação de voltar a enterrá-los dignamente, que como pessoas merecem, no seu columbário e junto ao monolito.
A exumação não compete somente aos familiares e à Associação, mas também às gerações vivas de hoje. Enquanto estiveram abertas as fossas, passaram no local 14 colégios e escolas, onde foi explicado o equipamento técnico, os voluntários de todo o processo histórico, além dos trabalhos realizados. Temos que recuperar para sempre todas as pessoas que diretamente sofreram as injustiças e danos causados por qualquer motivo político e ideológico naqueles dolorosos períodos da nossa história.
Certamente, também a quem perdeu a sua liberdade, ao padecer na prisão, em trabalhos forçados ou em internamentos em campos de concentração dentro ou fora das nossas fronteiras. Também a quem perdeu a sua terra de nascimento ao ser empurrado para um longo, doloroso e irreversível exílio. E todos os outros que sofreram repressão durante a Ditadura Franquista.
Para os que não se encontram conosco, que a terra lhes tenha sido leve e que sempre estarão em nossos corações. Não esquecer também os que faleceram sem conseguir saber onde estavam os seus familiares.
Para todos eles é dedicada esta simples homenagem de hoje, para que não caiam no esquecimento. Aqueles que lutaram e morreram por um mundo melhor, onde impera a solidariedade e o apoio mútuo e a liberdade.
O depósito de flores, este ano, foi numeroso e com muita participação.
No final, deslocaram-se ao local onde se encontra a fossa e todos juntos criaram um corrente para registrar uma foto histórica de recordação que no ano de 2017, por fim, os recuperamos do esquecimento.
Que a terra lhes tenha sido leve
Nem esquecimento Nem perdão
Puerto Real, 18 de junho de 2017
Sindicato de Ofícios Vários da CNT-AIT Puerto Real
Tradução > Rosa e Canela
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