O comunicado a seguir foi emitido por um grupo de anarquistas que realizou há poucos dias um ataque contra um cartório devido a este ter participado em leilões, eletrônicos ou não, de imóveis embargados por vários bancos.
O direito à habitação é um bem social
Cada vez mais o discurso público tem como tema o dos leilões de imóveis, eletrônicos ou não, em respeito as lutas travadas nos tribunais, ou a luta atual, que apresenta novas ações contra os leilões de imóveis eletrônicos. No entanto, para nós o importante são as confiscações das primeiras habitações, que já é um feito, apesar do Estado e os demais confiscadores tentarem nos convencer que apenas são confiscados iates e mansões.
Nos Estados Unidos e na Europa são poucas as pessoas que têm casa própria. Os proprietários de casas são os ricos ou os grandes grupos empresariais, que são os grandes responsáveis pela disparada do preço dos aluguéis. Por outro lado, na Grécia muitos dos “de baixo” têm casa própria. Mas claro, o fato de hoje em dia muita gente procurar um imóvel não é casual. Querem mudar a situação que prevalece na Grécia, mas esta mudança tem que passar por cima de nós. A pilhagem da primeira casa faz parte da pilhagem (roubo) que estamos experimentando, e é mais uma forma de disciplina. O nosso trabalho (sempre que tenhamos trabalho) está associado com a casa onde vivemos. Se a perdermos, temporariamente ou por muito tempo, depois ficaremos sem casa. A constante flexibilidade das relações laborais funcionará também como mais um meio de pressão e imposição, querendo que digamos sim a tudo sem questionar.
A gestão de uma questão tão crucial pela coalizão governamental, demonstra mais uma vez que o Estado tem continuidade. Ocorreu o mesmo com a abolição do domingo como dia festivo: Dos dois domingos laborais do ano, passamos para os oito e, já chegamos aos trinta e dois domingos laborais ao ano, sem contar o que se passa nas zonas turísticas. A mesma receita é aplicada agora. Os meios de desinformação massivos dizem constantemente que apenas são colocados nos leilões iates e mansões, etc, intencionalmente “esquecendo” de mencionar as confiscações dos primeiros imóveis. Além disso, tais medidas vieram para ficar e afetam só os de baixo. Com a propaganda e a difusão de falsas noticias e de inexatidões, tratam de legalizar os leilões de imóveis na consciência das pessoas, e de difamar os que se opõem a eles.
Para nós o tema não é a proteção da propriedade privada. Acreditamos que devemos proteger a nossa necessidade de ter uma casa. Com esta conjuntura é necessário contra-atacar o Estado e a patronal por todos os meios: Bloqueando (anulando) os leilões de imóveis, eletrônicos ou não, e ocupando cada vez mais casas vazias, para poder satisfazer a nossa necessidade de ter uma habitação. Bloqueando tais medidas, as quais vem para ficar, ocupando casas e espaços em todos os bairros, e nos conectando na base da solidariedade, vamos poder satisfazer as nossas necessidades, nos opondo ao Estado, aos bancos e à patronal.
Em 2 de novembro de 2017 atacamos o cartório de Ioanna Zaganá, situada no primeiro andar da rua Bótasi, 12, em Exarchia. Este cartório participou de vários leilões de imóveis e vai participar em sua versão eletrônica. A Sra Zaganá, com a consciência do seu papel antissocial e se sentindo assustada devido a outros ataques contra cartórios no passado, quando batemos na porta do seu escritório não abriu. Por isso, a quebramos, entramos e destruímos vários mobiliários. Por muito que reforcem seus escritórios, nada pode deter a justa raiva social.
Vamos enfrentar quem faça negócios com as nossas necessidades. Contra as confiscações das primeiras habitações embargadas pelos bancos, resistência, auto-organização e solidariedade.
Anarquistas
O texto em grego:
https://athens.indymedia.org/post/1579540/
O texto em castelhano:
Tradução > Rosa e Canela
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