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[Espanha] Esporte popular, uma ferramenta contra a mercantilização do esporte

By A.N.A. on 15 de Dezembro de 2017

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Entre os dias 15 e 17 de dezembro, será celebrada a I Jornada de Esporte Popular no CSO “La Ingobernable” organizadas por Esporte de Rua e a Liga Cooperativa de Basquete de Madrid. Teremos a possibilidade de participar de palestras sobre o esporte como negócio, mas também das possibilidades de autogestionar a prática esportiva e torná-la acessível, sobre o feminismo e a infância no esporte e para terminar, desfrutar de um torneio de basquete no parque de Manoteras. Deixamos a seguir uma apresentação das jornadas e sua programação.

O esporte é na sociedade um espaço completamente mercantilizado e do qual, cada vez mais, somos espectadores em lugar de participantes. Isto fez com que muitas pessoas abandonassem a prática do esporte, porém seguem consumindo esporte a cada dia. Portanto, a caracterização deste esporte, que é o que domina atualmente na nossa sociedade, pode realizar-se através de três aspectos principais: sua influência na infância, seu caráter mercantil e privativo e a opressão que exerce sobre a mulher.

A infância é a fase vital na qual se desenvolve o processo de socialização, quer dizer, quando os meninos e meninas adquirem, tanto consciente como inconscientemente, uma forma de comportar-se, de pensar e de entender seu entorno. No que se refere ao esporte, a infância só recebe estímulos, na minha opinião, negativos: as vitórias são o único que se valoriza em lugar do próprio desenvolvimento de uma atividade física e lúdica; os enfrentamentos e insultos são muito habituais; as referências, só masculinas, estão muito alheias à população comum; e a ilusão de que o esporte é uma atividade social simplesmente meritocrática, ou seja, na qual triunfam os que mais se esforçam, está completamente estendida.

Por outro lado, as atividades esportivas, tanto por instituições públicas como privadas são privativas, ou seja, nem todas as pessoas podem participar, seja por idade, por capacidade aquisitiva ou por sexo. Da mesma forma a completa mercantilização do esporte supõe novos e crescentes espaços de rentabilidade para o capital, o que contribui para a degradação dos espaços públicos desportivos e, inclusive, ao encarecimento das competições organizadas por entidades públicas. O esporte é, pois, uma atividade que fica controlada e dirigida pelas grandes empresas, pelo que se rege completamente pela lógica do lucro. Se alguém duvida disto, que se pergunte o que aconteceria com o F.C. Barcelona ainda que a Catalunha se separasse da Espanha. Precisamente, o futebol, ao ser central na sociedade espanhola, é um dos esportes que mais tem experimentado esta mercantilização desmedida.

Por outro lado, uma característica muito clara do esporte dominante na sociedade é o deslocamento da mulher aos espaços menos relevantes dos meios de comunicação. De fato é muito comum que as mulheres sejam valorizadas unicamente por suas qualidades físicas, em lugar de pôr suas conquistas desportivas. A única prática do esporte promovida para as mulheres é o que está relacionado com o cuidado do corpo, ou seja, como uma ferramenta para alcançar os cânones de beleza impostos na sociedade. Isto se deriva de que historicamente parte do controle que a sociedade tem exercido sobre as mulheres tem sido canalizado através da limitação de suas capacidades motoras. Uma clara manifestação disso é a orientação às meninas para com a prática de atividades físicas identificadas majoritariamente com a feminilidade como, por exemplo, a ginastica rítmica, o balé e a patinação artística.

Contra este esporte, o que domina nossa sociedade, está o esporte popular, que conta com uma longa trajetória histórica (por exemplo, as olimpíadas populares de Barcelona em 1936 que não puderam se realizar devido ao golpe de estado executado por Franco um dia antes de seu início previsto) e que se materializa atualmente em experiências vivas ao longo de todo o território do Estado espanhol. O esporte popular prioriza os valores solidários e cooperativos, não entende as competições como enfrentamentos entre rivais, mas entre iguales, não busca benefícios econômicos e não despreza a participação das mulheres, mas a incentiva para gerar espaços não machistas.

P r o g r a m a ç ã o

> Sexta-feira, 15 de dezembro: no CSO “La Ingobernable”, c / Gobernador 39, <M> Atocha.

– Experiências de autogestão no esporte: das 19h às 21h, intervenção:

David Companyon: “Jogos Olímpicos Populares de 1936 em Barcelona”

Liga Cooperativa de Basquete de Madrid

Liga de Futebol Popular De Vallekas

> Sábado, 16 de dezembro: no CSO “La Ingobernable”.

– Esporte e infância: das 12h às 14h, intervenção:

Hortaleza Boxing Crew

Saltando Charcos

Dragones de Lavapiés

Asociación Proyecto San Fermín

– Mercantilização do futebol: das 16h às 17h30, intervenção:

Wanderers, el fútbol del pueblo

Unión Club Ceares

Club de Accionariado Popular Ciudad de Murcia

Atlético Club de Socios

– Mercantilização do esporte: das 18h às 19h, intervenção:

Luis de la Cruz: Autor do livro “Contra el Running, corriendo en la ciudad postindustrial”

– Esportes e feminismo: das 7h30 às 9h, intervenção:

Roller Derby Madrid

Bea Acebes: “Nos empoderando para a autodefesa”

> Domingo, 17 de dezembro: no Parque Manoteras (rua Bacares, rua Veléz Rubio, <M> Manoteras).

– Torneio de Natal da Liga Cooperativa de Basquete: das 11h às 15h. Equipes 3 × 3.

Mais informações em:

https://www.facebook.com/ligabasketcooperativa/

https://www.facebook.com/deportedecalle/

Fonte: https://www.todoporhacer.org/deporte-popular/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

o sapo, num salto,
cresce ao lume do crepúsculo
buscando a manhã

Zemaria Pinto

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