Desde o presídio de Marcos Paz…
Saúde e Liberdade, Viva a Anarquia!
Acreditei que não, mas as grades me atravessaram a alma. Fiquei sem gritos, como um morto já não sinto nada. É minha culpa, é minha culpa, me enforco? Penso muito, não faço. O verdugo me vigia, esperando que eu faça o seu trabalho. O ódio acumulado é cego, se esquece até do que tem ao lado, te obriga a disparar, ou te mato ou me mato. Perdi, e agora me cabe aferrar-me a uma pequena chama, no olho de um furacão tentando não ser esmagado. Só me resta resistir e escrever com a tinta da dor para não matar nem matar-me. Não estou ajoelhado, simplesmente angustiado. Estou preso, mas não condenado. É o que o monstro deseja, me ver rendido ante seus domínios. Só estou ferido, não vencido.
Diego Parodi¹
Segunda-feira, 16 de abril de 2018
[1] Preso em 14 de dezembro de 2017, em Buenos Aires, durante os protestos contra a reforma da previdência.
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