Neste domingo (06/10), nosso querido companheiro e amigo, Waka, se tornou o segundo ativista da Floresta de Hambach [na Alemanha] a dar a vida na linha de frente contra a dominação e a destruição social e ecológica, resistindo ao patriarcado e ao capitalismo.
Com tristeza e ainda com um sentimento de celebração da vida e energia de Waka, os defensores de Hambach receberam a notícia de que neste domingo em Rojava ele se juntou a uma longa lista daqueles que fizeram o sacrifício final para proteger comunidades, biorregiões e a Terra. A nossa solidariedade e apoio vão para todos aqueles que perderam seus entes queridos na luta global contra a destruição social e ecológica!
RIP (Descanse em Paz) Waka!
Şehîd Şahîn Qereçox [o nome curdo adotado por Waka com o último nome escolhido para homenagear a anarquista Anna Campbell], conhecido como Waka por seus muitos amigos, infelizmente foi morto na luta contra o Daesh em Hajin em 6 de outubro. Ele estava servindo na YPG, lutando pela revolução em Rojava por 4 meses. Desde que o conheci, era um companheiro amoroso e um verdadeiro revolucionário. Eu ainda estou lutando para encontrar as palavras para descrevê-lo, foi tão considerado e criativo que desafiou a simples generalização. Tudo o que eu escreva, vai apenas arranhar a superfície do que ele significou para mim e para tantas pessoas.
Nunca vou esquecer suas ações e esforços corajosos lutando por um mundo que ele sabia ser possível. Um mundo livre da opressão, do patriarcado e do ecocídio, onde as pessoas podem viver cooperativamente em um espírito de apoio mútuo, em vez de serem atomizadas e temidas pelo capitalismo. Ele estava sempre disposto a correr o risco da repressão ou da violência policial para defender o que ele acreditava. Na Floresta Hambach, na Alemanha, nunca hesitou em se colocar em perigo para impedir a exploração e a destruição da terra. Em Pont Valley, Inglaterra, sua criatividade e trabalho duro geraram uma campanha para defender as comunidades e a vida selvagem da mineração de carvão a céu aberto.
A desenvoltura de Şahîn fez dele um membro valioso em todas as comunidades em que ele estava. Ele costumava trabalhar duro construindo estruturas, cozinhando e tornando todos os espaços mais convidativos para todos desfrutarem. Sempre trouxe sua inteligência encantadora para todas as conversas e se podia aprender muito com o que ele tinha a dizer.
Seu temperamento nunca foi agressivo, nem estava interessado no confronto físico e inicialmente foi uma surpresa saber que ele queria lutar com a YPG. Mas, na realidade, pensando em seus muitos outros atos corajosos, não deveria ter sido uma surpresa que lutasse pelo que ele acreditava dessa maneira. Sua coragem inabalável e autodisciplina sem cair em comportamentos machistas é uma das muitas coisas pelas quais eu o admirava.
Essa foi uma das coisas que fizeram dele um verdadeiro revolucionário: ele sabia que uma revolução não é apenas algo que você cria ou constrói, é algo que você faz e é parte de quem você é. Tudo o que ele fez foi muito consciente e sem desculpas políticas. Ele nunca evitou criticar seu próprio comportamento ou o de seus companheiros. Queria aproveitar ao máximo cada dia de sua vida e dedicar qualquer tempo livre para aprender um idioma, treinar, ler e compartilhar novas idéias. Aproximadamente uma semana antes de sua morte, foi nomeado co-comandante da YPG Internacional Tabur e estava muito motivado para treinar não só a condição física de todos os companheiros, mas também a construção da cultura revolucionária na unidade.
Uma lembrança preciosa que eu tenho dele antes de vir a Rojava foi quando estávamos viajando juntos na Europa. Lembro-me de que, independentemente de quem nos desse uma carona, ele imediatamente se envolveria com eles em uma conversa, como se fossem velhos amigos. Ele estava sempre disposto a falar sobre suas ideias e nunca sentiu a necessidade de ser desonesto sobre suas crenças. Sua gentileza e honestidade fizeram com que todos nós que estivéssemos naquela viagem o amassem, mesmo os que o conhecessem muito brevemente.
Eu gostaria de enviar esta mensagem em memória de um verdadeiro herói. Defensor da terra, sabotador de caças, anarquista, especialista em caronismo e reciclagem de lixo, revolucionário, amigo e um belo companheiro. Só me arrependo de não dizer tudo isso na cara dele, mas a luta pela liberdade continua e eu o farei em sua memória, inspirado por tudo que ele fez e tudo o que ele me ensinou.
Şehîd namirin. Os mártires não morrem.
Fonte: https://hambachforest.org/blog/2018/10/10/rip-waka/
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Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?